quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Economia e Vida

Artigo publicado na folha da manhã no dia 24 de fevereiro de 2010


A Campanha da Fraternidade desse ano de 2010, cujo tema é “Economia e Vida” e o lema “Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro” (Mt 6,24), convida-nos à reflexão sobre o papel que os bens matérias devem desempenhar em nossa vida.


Assunto altamente importante, mas delicado e sujeito a más interpretações de cunho ideológico. Devemos nos fixar na mensagem do Evangelho, escolhida como lema da campanha, e aplicá-la à nossa vida cotidiana de cristãos, que devem viver mais para as coisas transcendentes do que para os bens materiais, embora use deles continuamente. “Diante da idolatria dos bens terrenos, Jesus apresenta a vida em Deus com valor supremo: ‘ De que adianta alguém ganhar o mundo inteiro e perder a própria alma?’ (Mc8,36) (D.A. 109).


Vem a propósito a Mensagem do Papa Bento XVI para essa Campanha da Fraternidade:
“Com a quarta-feira de cinzas, volta aquele tempo favorável de salvação, que é a Quaresma, com seu apelo insistente: ‘Reconciliai-vos com Deus’ (2Cor 6,2); brado este, que deve ressoar nos lábios daqueles que anunciam a Palavra de Deus: ‘Encarregarei os meus ministros de anunciar aos pecadores que estou sempre pronto a recebê-los, que a minha misericórdia é infinita’ (Carta para a proclamação de um Ano Sacerdotal, 16/VI/2009). Estes sentimentos divinos foram confiados ao Santo Cura d'Ars, que, no seu tempo, soube transformar o coração e a vida de muitas pessoas, porque conseguiu fazer-lhes sentir o amor misericordioso do Senhor”.
“Eu desejo o mesmo sucesso às Igrejas e Comunidades Eclesiais no Brasil que, este ano, decidiram unir seus esforços para reconciliar as pessoas com Deus, ajudando-lhes a libertarem-se da escravidão do dinheiro... Alegrando-me com tal propósito de conversão, recordo que a escravidão ao dinheiro e a injustiça ‘tem origem no coração do homem, onde se encontram os germes de uma misteriosa convivência com o mal’ (Mensagem para a Quaresma 2010, 30/X/2009). Por isso, encorajo-vos a perseverar no testemunho do amor de Deus, do Filho de Deus que se fez homem, do amor agraciado com a vida de Deus, do único bem que pode saciar o coração da gente, pois, ‘mais do que de pão, [o homem] de fato precisa de Deus’ (Ibid). Conseguireis assim, fazer frente ao ‘deserto interior’ de que falei no início do meu ministério petrino, convidando a Igreja, no seu conjunto, a ‘pôr-se a caminho, para conduzir as pessoas fora do deserto, para lugares da vida, da amizade com o Filho de Deus, para Aquele que dá a vida, a vida em plenitude. (...) Nós existimos para mostrar Deus aos homens. E só onde se vê Deus, começa verdadeiramente a vida’ (Homilia, 24/IV/2005). Se ‘a boca fala daquilo que o coração está cheio’ (Mt 12, 34), podeis conhecer vosso coração a partir das vossas palavras. ‘Reconciliai-vos com Deus’, de modo que as vossas palavras sirvam sobretudo para falar de Deus e a Deus”.


O Papa vem, portanto, nos lembrar que o mais importante é a nossa conversão para Deus, finalidade da nossa vida. Esse deve ser o objetivo principal da Campanha da Fraternidade.




Dom Fernando Arêas Rifan
Bisbo Titular de Cedamusa
Administrador Apostólico da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

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