sábado, 25 de setembro de 2010

Maçonaria: um pouco de história

Em síntese: Nos países latinos da Europa e da América a Maçonaria assumiu o qualificativo de Irregular, porque abandonou suas tradições religiosas e se tornou anti-religiosa, especialmente contrária à Igreja Católica. O artigo que se segue, apresenta um pouco de história da perseguição movida pelos Governos maçons contra a Igreja no México, onde morreram vários mártires, inclusive o Pe. Agustin Pro s. J. Também no Brasil do tempo do Império a Maçonaria, instalada no Governo, perseguiu os Bispos de Olinda-Recife e Belém do Pará, tornando-se então benemérito D. Frei Vital, trazido de Olinda para o Rio, onde esteve encarcerado por resistir às injunções do Governo maçônico em assuntos e ordem interna da Igreja.

Reproduzimos, a seguir, artigo sobre a Maçonaria publicado no jornal belohorizontino O LUTADOR, edição de 15 a 21 de junho de 1997, p. 8. São páginas que revelam aspectos pouco divulgados da Maçonaria, aptos a explicar o difícil diálogo entre tal sociedade secreta e a Igreja. Agradecemos à Redação daquele periódico o direito de reprodução.
“RELAÇÕES NADA CORDIAIS”

Tudo o que é secreto, desperta interesse.

Tudo o que é proibido, seduz. O que parece beneficente, se faz simpático.

Será por isso que tantos católicos ainda têm dúvidas sobre a “condenação” da maçonaria e recebem com desconfiança as advertências da Mãe-Igreja? Seja como for, o exame das relações entre cristãos e maçons na História do Brasil, bem como no México, traz à luz os sinais do ódio contra a Igreja de Jesus Cristo. Bispos presos, padres fuzilados, centenas de leigos assassinados a sangue frio … Ao menos naquele tempo e naquelas circunstâncias.
MATANDO O ESCORPIÃO

Que é a Maçonaria ? Uma sociedade secreta. Qual o seu objetivo ? Tomar o poder. Como provar essa afirmação ? Pelo exemplo mexicano. A 5 de fevereiro de 1917, foi aprovada a Constituição do México, maçônica, ainda em vigor no México, após 80 anos. O presidente era Venustiano Corranza, também ele maçon, como todos os demais que se elegeram até hoje.

A Constituição restringia a liberdade religiosa, considerava crime o ensino religioso e a profissão dos votos. Ao mesmo tempo, desapropriava sumariamente os bens eclesiásticos, negando personalidade jurídica à Igreja e encerrando-a no âmbito das sacristias. Os sacerdotes foram privados de seus direitos políticos (votar e ser votado, herdar, possuir bens etc.), mas deviam prestar serviço militar.

Além disso, o Governo determinava o número de sacerdotes permitidos em cada localidade e decretava quem estava habilitado ao ministério. Só mexicanos de nascimento podiam ser sacerdotes. A partir de 1926, com a “Lei Calles”, Vera Cruz tinha um sacerdote “autorizado” para cada 100 mil habitantes. Em Sonora, foram fechadas todas as Igrejas. Os sacerdotes sumariamente eliminados. Segundo Fidel Gonzáles, em artigo na revista “30 DIAS” (ago/93), “a violência contra a Igreja era dirigida sobretudo pelas lojas maçônicas e por um de seus grupos, o de Sonora, que alcançou com Calles (presdiente de 1924 a 1928) o controle total do poder”.

Álvaro Obregón, um dos responsáveis diretos pelo assassinato do Pe. Agustin Pro (herói do conhecido livro Despistou Mil Secretas), declarou em discurso público: “Quando uma formiga nos pica, não procuramos a formiga para matá-la; pegamos um balde de água fervente e a derramamos no formigueiro. Quando um escorpião nos pica, nós o matamos; pegamos uma lanterna para procurá-lo e, se encontrarmos outro escorpião, não o deixamos viver, porque não foi ele que nos picou; nós o matamos, porque pode nos envenenar”.
UMA LEGIÃO DE MÁRTIRES

Em 1992, o Papa João Paulo II beatificou Miguel Agustin Pro e os 22 sacerdotes mártires mexicanos. Seu crime ? Exercer secretamente o seu ministério, confessando os penitentes, ungindo os enfermos e celebrando a Eucaristia. São mártires in odium fidei (por ódio à fé). Mas também o foram in odium Ecclesiae, (por ódio à Igreja), pois o objetivo do Governo maçom que mantinha o poder no México era não só erradicar a Igreja Católica, mas eliminar da vida nacional o próprio acontecimento cristão.

O episcopado tentou reagir desde o início. Uma Carta Pastoral dos Bispos mexicanos apontava sem medo o projeto governamental de “aniquilar o catolicismo”, entranhado na alma do povo. O Governo reagiu com decretos que visavam a “mexicanizar” a Igreja, tal como fizeram os países comunistas (China, Vietname etc), que favoreceram o surgimento de uma “igreja nacional”, “patriótica”, sem ligação hierárquica com Roma.

A 31 de julho de 1926, os Bispos suspenderam todas as celebrações no país. Explodia a perseguição contra o clero e as lideranças leigas. Lares invadidos, interrogatórios, tortura e julgamento de fachada. Dezenas de milhares de católicos (50 mil homens, segundo alguns historiadores) sublevaram-se e empunharam armas. Começava a guerra dos “cristeros”, que terminaria com o acordo de paz em junho de 1929. Embora sofrendo com a falta de armas, os “cristeros” estavam em seu apogeu e dominavam um vasto território. Os Bispos aceitaram um acordo com o Governo (as circunstâncias não são claras até hoje) e pediram aos fiéis para interromper a luta e cessar fogo. Tão logo as armas foram entregues, começou a matança. A Igreja tinha sido traída.

Dolores Ortega, 85 anos, remanescente de uma família de “cristeros” , declara: “Todos sabiam que era um truque, que o Governo nunca respeitaria o seu compromisso. Todos o sabiam, nós da Liga (para a Defesa da Liberdade Religiosa) e também os “Cristeros”. Quando nos pediram para interromper a luta, sentimos uma dor surda, uma angústia mais forte do que a provação que a guerra exigia”. Mesmo assim, obedeciam por fidelidad …
“PRENDAM O BISPO !”

1872. Agonizava a monarquia no Brasil. As forças republicanas engrossavam suas fileiras. No Rio de Janeiro, o Visconde do Rio Branco – Grão-Mestre do Grande Oriente do Vale do Lavradio! – preside ao Gabinete. Em clima de rivalidade, Saldanha Marinho era o Grão-Mestre do Grande Oriente do Vale dos Beneditinos, ligado à maçonaria francesa.

Aos 27 anos de Idade, Dom Vital é nomeado Bispo de Olinda e toma posse a 24 de maio de 1872. Ele escreve: “Até 1872, a Maçonaria no Brasil respeitou a religião católica. Introduziu-se no clero, nos conventos, nos cabidos, nas confrarias. Mas quando teve um Grão-Mestre à frente do Governo nacional, julgou oportuno atacar a Igreja” (citado por Antônio Carlos Villaça, in História da Questão Religiosa no Brasil, pág. 7).

De fato, antes de chegar a Olinda, o novo Bispo já sofria os ataques da imprensa maçônica. Entre outras provocações, o anúncio de Missas para comemorar o aniversário de uma loja maçônica. Dom vital impôs sua autoridade sobre o clero, proibindo celebrações e atos interditados pelo Direito Canônico. Alguns padres filiados à maçonaria obedeceram ao superior. Outros se calaram. Mas houve rebeldes, que foram suspensos das ordens sacras.

Quando a suspensão atingiu o Deão Joaquim Francisco de Faria (diretor do Ginásio Pernambucano, ex-vigário capitular e chefe do Partido Maçônico Liberal!), este organizou uma reunião popular e insuflou a multidão a atacar o Colégio S. Francisco Xavier, dos jesuítas. Móveis quebrados, capela destruída, oito jesuítas agredidos. A seguir, o jornal católico “União” é invadido e queimado. Numa demonstração de força, a Maçonaria publicou a lista dos maçons que eram sacerdotes ou membros de confrarias religiosas.

Quando D. Vital lançou o interdito canônico sobre as confrarias envolvidas e se negou a obedecer à intimação do Visconde do Rio Branco para o levantar, foi acusado perante o Supremo Tribunal, preso e recolhido ao Arsenal da Marinha do Recife. Era o dia 2 de janeiro de 1874. O Governo afastara previamente do tribunal todos os juizes considerados católicos. Sem perder a firmeza e a dignidade, Dom Vital foi condenado a quatro anos de prisão com trabalhos forçados. A 12 de março, sua pena foi comutada em prisão simples, na Fortaleza de S. João, no Rio de Janeiro.
PRINCÍPIOS INCOMPATÍVEIS

O tempo passa. Fica a memória. O último documento da Igreja sobre o assunto foi produzido pela Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, em 26/11/1983, e assinado pelo Cardeal Joseph Ratizinger, que os maçons consideram como seu inimigo figadal. A Declaração afirma: “Permanece imutável o parecer negativo da Igreja a respeito das associações maçônicas, pois os seus princípios foram sempre considerados inconciliáveis com a doutrina da Igreja, e por isso permanece proibida a inscrição nelas. Os fiéis que pertencem às associações maçônicas, pois os seus princípios foram sempre considerados inconciliáveis com a doutrina da Igreja, e por isso permanece proibida a inscrição nelas. Os fiéis que pertencem às associações maçônicas estão em estado de pecado grave, e não podem aproximar-se da Sagrada Comunhão”.

Em 1993, a revista de teologia Atualização (nºs 241 e 242) publicou excelente artigo de D. João Evangelista Martins Terra, S. J., sobre a ação da Maçonaria no Brasil, que tem ricos subsídios para os interessados no tema. Ali, são lembrados os motivos da incompatibilidade entre catolicismo e maçonaria:

- O relativismo e o subjetivismo maçônico negam todo dogma.

- Exclui-se o conhecimento objetivo da verdade.

- A verdade divina é inatingível, segundo os maçons.

- A maçonaria é “deísta”, seu “deus” é neutro, impessoal, nada parecido com o Pai e Senhor dos cristãos.

- Não se admite nenhuma “revelação” de Deus.

- O conceito maçônico de “tolerância” rejeita o magistério da Igreja.

- Não há lugar para a ação da graça divina no crescimento moral do homem.

- O maçom assume compromissos secretos, para a vida e para a morte, incompatíveis com a liberdade cristã.

Isto não significa que todos os maçons brasileiros tenham esses sentimentos anticlericais, anti-Igreja, anticristianismo. Muitos são elementos de boa vontade, atraídos para a maçonaria pela camaradagem, o que parece solidariedade, filantropia. Muitos fazem número, dão prestígio à Loja. Mas não sabem todos os segredos. Não entendem a filosofia maçônica. É a esses que a Igreja quer esclarecer”.

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