domingo, 5 de setembro de 2010

Política e eleições

A política, como administração correta e honesta da coisa pública, é uma profissão necessária e de grande valor. Mas, transformada em politicagem, constitui-se no oposto das virtudes cristãs, que são a base da verdadeira civilização. E é isso o que leva muita gente a não ter esperança na política como solução para os problemas sociais nem nos políticos como leais condutores do povo. Daí a indecisão na hora de escolher um bom candidato.



Basta analisar algumas das virtudes cristãs. A virtude da humildade, por exemplo, essencial ao cristianismo e à pacífica convivência humana, é a que menos se vê na política. A humildade consiste no esquecimento de si mesmo, na ausência de egoísmo, no desprendimento, na modéstia com relação a si próprio. E o que se vê comumente no exercício da política é o contrário, é o império do “EU”: “porque os outros são isso ou aquilo, mas EU não...”; “porque os outros não fizeram, mas EU fiz, Eu faço, EU farei, etc...”. Exatamente o linguajar do fariseu do Evangelho, que foi reprovado por Deus: “Graças vos dou, ó Senhor, porque não sou como os outros homens... EU...”.



A virtude da pobreza, isto é, do desprendimento, do desapego dos bens materiais e do dinheiro: sua ausência dispensa demonstração. Qual é hoje o político realmente despreocupado com o próprio bolso, que deseja trabalhar exclusivamente em benefício do seu próximo? Quem entrasse na política, que de si é um exercício de altruísmo e caridade, deveria sair do cargo que lhe foi confiado com a mesma condição financeira com que entrou. Conhece o leitor algum raro político dessa espécie?



E as virtudes da honestidade, da não acepção de pessoas, da caridade desiteressada, do comedimento nas palavras, do respeito para com o próximo, do amor pela verdade, da convicção religiosa, da constância, da fidelidade nas promessas, do cumprimento da palavra dada?



Bem, como nos aproximamos das eleições, gostaria de contribuir um pouco na escolha dos melhores candidatos, publicando algumas reflexões sobre o perfil moral do político, feitas pelo Cardeal Van Thuân, então presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz. São as “bem-aventuranças do político”:


1º - Bem-aventurado o político que tem consciência do próprio papel.
2º - Bem-aventurado o político de quem se respeita a honorabilidade.
3º - Bem-aventurado o político que trabalha para o bem comum e não para o próprio bem.
4º - Bem-aventurado o político que se considera fielmente coerente e respeita as promessas eleitorais.
5º - Bem-aventurado o político que constrói a unidade e, fazendo de Jesus o seu centro, a defende.
6º - Bem-aventurado o político que sabe escutar o povo antes, durante e depois das eleições.
7º - Bem-aventurado o político que não tem medo, sobretudo da verdade.
8º - Bem-aventurado o político que não tem medo da mídia, porque no momento do julgamento deverá responder somente a Deus.

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