domingo, 24 de outubro de 2010

O Santo Padre na Cúpula da FAO

O Santo Padre na Cúpula da FAO: “A fome é o sinal mais cruel e concreto da pobreza. Não é possível continuar aceitando a opulência e o desperdício, quando o drama da fome adquire cada vez dimensões maiores”.


11 de dezembro de 2009
Fides.org

Opus Dei -
“A fome é o sinal mais cruel e concreto da pobreza. Não é possível continuar aceitando a opulência e o desperdício, quando o drama da fome adquire cada vez dimensões maiores”: disse o Santo Padre Bento XVI em seu discurso proferido em 16 de novembro na sede da FAO em Roma, por ocasião da abertura da Cúpula Mundial sobre Segurança Alimentar.

Em sua intervenção o papa recordou que “enquanto as estatísticas testemunham o dramático crescimento do número de quem sofre a fome”, é confirmada o dado que a terra “pode nutrir suficientemente todos os seus habitantes”, o que indica a ausência de uma relação de causa-efeito entre o crescimento da população e a fome”. Referindo-se à encíclica Caritas in veritate, Bento XVI também recordou a “o problema da insegurança alimentar deve ser enfrentado numa perspectiva de longo período, eliminando as causas estruturais que a provocam e promovendo o desenvolvimento agrícola dos países pobres” contrastando também “o recurso a certas formas de medidas que perturbam gravemente o setor agrícola, a persistência de modelos alimentares orientados ao consumo e sem uma ampla perspectiva e sobretudo o egoísmo, que permite a especulação entrar até mesmo nos mercados de cereais, por isso o alimento, como os cereais, é considerado igual às demais mercadorias”.

O papa falou ainda sobre a “fraqueza dos atuais mecanismos de segurança alimentar e a necessidade de um repensá-los”, sublinhando que o conceito de cooperação deve ser coerente com o princípio de subsidiariedade. “Diante dos países que manifestam necessidade de ajuda externa – disse o pontífice – a comunidade internacional tem o dever de participar com instrumentos de cooperação, sentindo-se co-responsável pelo seu desenvolvimento... Numa tal perspectiva, a cooperação deve se tornar um instrumento eficaz, livre de vínculos e de interesse que podem absorver uma parte que não considerada dos recursos destinados ao desenvolvimento”.

Opus Dei -
Bento XVI chamou a atenção para o risco de considerar a fome “como “estrutural, parte integrante da realidade sociopolítica dos países mais fracos, objeto de um senso de resignada amargura, quando não de indiferença”. “Não é assim nem deve ser assim! – exclamou o pontífice convidando a “redescobrir os conceitos e os princípios até hoje aplicados nas relações internacionais”, enquanto “somente em nome da comum pertença da família humana universal se pode pedir a cada povo e a cada país de ser solidário, ou seja, disposto a se responsabilizar concretamente ajudando nas necessidades dos outros, para favorecer uma verdadeira partilha fundada no amor”. Para eliminar a fome, a ação internacional não pode se limitar “em favorecer o crescimento econômico equilibrado e sustentável e a estabilidade política, mas também a buscar novos parâmetros – necessariamente éticos e depois jurídicos e econômicos – que sejam capazes de inspirar a atividade de cooperação para construir uma relação paritária entre países que se encontram em diferentes graus de desenvolvimento”.

Na segunda parte de seu discurso, o Santo Padre indicou alguns passos necessários para combater a fome promovendo um desenvolvimento humano integral: não considerar o mundo rural como uma realidade secundária; favorecer o acesso ao mercado internacional dos produtos provenientes de áreas mais pobres; resgatar as regras do comércio internacional da lógica do proveito como um fim em si mesmo. Não devem ser esquecidos “os direitos fundamentais das pessoas, entre os quais se destaca o direito a uma alimentação suficiente, saudável e nutritiva, e o direito à água; elas têm uma função importante para conseguir outros direitos, iniciando pelo primário, a vida”.

Opus Dei -
Os métodos de produção alimentar impõem uma atenta análise da relação entre desenvolvimento e a tutela ambiental, enquanto “o desejo de possuir e usar de maneira excessiva e desorientada os recursos do planeta é a causa primeira de toda degradação do ambiente”. Nesta ótica devem ser aprofundadas as interações entre segurança ambiental e mudanças climáticas, colocando no centro a pessoa humana e em particular as populações mais vulneráveis e ambos os fenômenos.

“Não bastam “normativas, legislações, planos de desenvolvimento e investimentos”, mas “uma transformação nos estilos de vida pessoais e comunitários, no consumo e nas necessidades concretas”; e, sobretudo, “ter presente esse dever moral de distinguir nas ações humanas o bem do mal, para redescobrir assim o vínculo de comunhão que une a pessoa e o criado”.

Concluindo seu discurso, Bento XVI reiterou o compromisso da Igreja, sem interferir nas escolhas políticas: “ela, respeitando o saber e os resultados das ciências, como também as escolhas determinadas pela razão quando são responsavelmente iluminadas por valores autenticamente humanos, se une ao esforço para eliminar a fome. É este o sinal mais imediato e concreto da solidariedade animada pela caridade, sinal que não deixa espaço a atrasos”.

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