sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Jérôme Baschet



Professor na renomada Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales, em Paris, e aluno de Jacques Le Goff, reconhecidamente o maior medievalista vivo, Baschet possui invejável currículo, em que constam alguns dos livros que mais profundamente sacudiram os medievalistas nos últimos tempos. Especialista em iconografia, Baschet mostrou em Lieu sacré, lieu d’images, les fresques de Bominacco [Lugar sagrado, lugar de imagens, os afrescos de Bominacco], de 1991, que as imagens medievais não podem ser compreendidas fora do espaço que elas ocupam e que elas ajudam a significar. Mais precisamente, para retomar uma fórmula sua, toda imagem medieval é uma « imagem-objeto », ancorada no espaço que ela materialmente ocupa. Se o primeiro livro era um estudo de caso, o segundo, de 1993 (Les justices de l’Au-delà, les représentations de l’enfer en France et en Italie, XIIe-XVe siècles [As justiças do Além, as representações do Inferno na França e na Itália, séculos XII a XV) – baseado em sua tese de doutorado – desenvolveu um tema caro aos medievalistas – a representação do inferno – e levou em conta um grande conjunto de imagens. Foi pela via das imagens também que Baschet chegou ao tema do terceiro livro, de 2000, Le sein du père. Abraham et la paternité dans l’Occident médiéval [O seio do pai, Abraão e a paternidade no Ocidente medieval], densa análise do problema do parentesco na Idade Média encarada a partir de um tema, o do seio de Abraão como imagem da bem-aventurança no Paraíso. Desde então seu seminário na França aborda o problema da articulação entre corpo e alma nas representações medievais, tema que articula o conjunto das representações da sociedade medieval.
Desde 1997 Jérôme Baschet combina suas atividades na França com um semestre na Universidade Autônoma de Chiapas, em San Cristóbal de las Casas, no México, em que ensina história medieval. A partir dessa experiência, escreveu, em 2002, com reedição em 2005, um livro sobre a rebelião zapatista no México, o que o desliga evidentemente da idéia tradicional de um medievalista pouco preocupado com o mundo contemporâneo.

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