quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Alceu Amoroso Lima e Leonel França


ALCEU AMOROSO LIMA

Alceu Amoroso Lima, nasceu na cidade fluminense de Petrópolis, a 11 de dezembro de 1893 . Filho de Manuel José Amoroso Lima e de Camila da Silva Amoroso Lima, faleceu no Rio de Janeiro, 1983 Na infância, foi vizinho de Machado de Assis. Quando Alceu e suas irmãs estavam no jardim da casa brincando de "cobrador de bonde", o escritor costumava parar para se divertir com eles.

Cursou o Colégio Pedro II e formou-se em Direito pela Faculdade do Rio de Janeiro em 1913 e em seguida viajou para a Europa, onde fez cursos na Sorbonne e no Collège de France. Estagiou e advogou no escritório do advogado João Carneiro de Sousa Bandeira, que foi seu professor na Faculdade de Direito, e trabalhou como adido ao Itamarati antes de assumir a direção jurídica de uma fábrica de sua família. Adotou o pseudônimo Tristão de Ataíde', ao se tornar crítico (1919) em "O Jornal". Casou-se com Maria Teresa de Faria, filha do escritor Alberto de Faria,que também foi membro da Academia Brasileira de Letras. O escritor e acadêmico Octávio de Faria era irmão de Maria Teresa e cunhado de Alceu Amoroso Lima e o escritor e Acadêmico Afrânio Peixoto era casado com uma irmã de Maria Teresa de Faria, sendo assim concunhado de Alceu Amoroso Lima

Crítico literário, polígrafo, professor, pensador, escritor e líder católico brasileiro. Engajou-se, em 1922, no movimento modernista. Nesse mesmo ano publicou o livro "Afonso Arinos"- estudo crítico sobre a obra do escritor mineiro falecido em 1916. Em "Estudos" reuniu, em cinco séries, trabalhos datados do período 1927-1933.


Após publicar seu primeiro livro, o ensaio "Afonso Arinos" em 1922, travou com Jackson de Figueiredo um famoso e fértil debate, do qual decorreu sua conversão ao catolicismo em 1928, fato que teve grande repercussão nos meios intelectuais.

Defendeu o integralismo (movimento de extrema direita) até conhecer Jackson de Figueiredo. Em 1924, insatisfeito com sua postura existencial, começou a demonstrar interesse por assuntos religiosos, por influência direta de Jackson de Figueiredo, pela leitura de Jacques Maritain e Gilbert Chesterton, tornou-se católico militante, apesar de ter nascido numa família católica, custou a se converter, também teve grande influência do padre Leonel Franca, de quem recebeu a eucaristia, converteu-se definitivamente. Alceu tornou-se um dos mais respeitados paladinos da Igreja Católica no Brasil. Após a morte de Jackson de Figueiredo, o substituiu na direção do Centro Dom Vital, que congregava os líderes do catolicismo no Rio de Janeiro, e na direção da revista "A Ordem". Passou de descrente a católico militante, lutando pelos direitos humanos e sociais, característica que se intensificou a partir de 1964.

Na década de 1930 é incansável a produção editorial de Alceu Amoroso Lima: "Introdução à Economia Moderna"(1930): "Preparação à Sociologia (1931); "No limiar da Idade Nova"(1935); "O Espírito e o Mundo"(1936); "Idade, Sexo e Tempo" (1938). Além dos livros já citados, desenvolveu Alceu grande atividade jornalística e ministrou cursos sobre civilização brasileira em universidades estrangeiras, inclusive na Sorbonne e nos Estados Unidos.

Com a morte do professor Miguel Couto em 1934, Alceu Amoroso Lima candidata-se à vaga deixada na Academia Brasileira de Letras pelo ilustre clínico. Eleito membro da Academia Brasileira de Letras em 29 de agosto de 1935, foi empossado em 14 de dezembro de 1935.

Catedrático de Literatura Brasileira na Faculdade Nacional de Filosofia, foi um dos fundadores, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, da qual chegou a ser presidente e onde lecionou, também, como catedrático, a referida disciplina.

Em 1930, manifestou-se publicamente contra o movimento revolucionário deflagrado pela Aliança Liberal, sob a liderança de Getúlio Vargas. Criticou o Partido Republicano Mineiro (PRM) e o Partido Republicano Rio-Grandense (PRR), que haviam apoiado o autoritarismo de Artur Bernardes e agora se apresentavam como revolucionários.

Empossado o novo governo, porém, evitou colocar-se na oposição. Consolidou sua posição de liderança junto ao laicato católico e, ao lado de dom Sebastião Leme, arcebispo do Rio de Janeiro, empreendeu intensa campanha pela afirmação de uma postura ativa dos católicos diante das grandes questões nacionais. Assim, em 1932, diante da convocação de eleições para a Assembléia Nacional Constituinte em 1933, participou da fundação da Liga Eleitoral Católica (LEC) e tornou-se secretário-geral da organização. O objetivo da LEC era oferecer apoio aos candidatos que, independentemente de partidos, se dispusessem a defender na Constituinte os pontos de vista da Igreja, como a indissolubilidade do casamento, a assistência religiosa às escolas públicas, a pluralidade sindical. Apesar de simpático à Ação Integralista Brasileira (AIB), evitou uma associação maior com essa organização, preocupado em manter a LEC como entidade suprapartidária.

Também em 1932 iniciou-se no magistério. Como professor, opôs-se à corrente renovadora do ensino aglutinada no movimento da Escola Nova, liderado por Fernando de Azevedo, Lourenço Filho e Anísio Teixeira. Combateu especialmente a gestão de Anísio Teixeira na Secretaria de Educação do Distrito Federal durante a prefeitura Pedro Ernesto, bem como seu projeto da Universidade do Distrito Federal (UDF), incomodado com o surgimento de um centro de ensino superior de orientação laica, gerido a partir de um pólo de poder identificado com uma perspectiva política de esquerda.

Também combateu de forma intransigente a Aliança Nacional Libertadora (ANL), frente de esquerda constituída em 1935 a partir de um programa antifascista e antiimperialista. Ainda em 1935, tornou-se diretor nacional da recém-criada Ação Católica Brasileira e foi nomeado membro do Conselho Nacional de Educação. Após a implantação da ditadura do Estado Novo, em novembro de 1937, foi nomeado reitor da UDF e patrocinou o desmonte da estrutura criada por Anísio Teixeira.

No princípio da década de 1940, iniciou um lento retorno às suas antigas posições liberais, ainda que sem abandonar a fé católica. Professor de literatura brasileira da Universidade do Brasil e da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, participou em 1944 da fundação da Livraria Agir, com o objetivo de ampliar as publicações católicas. Em 1945, tomou parte no I Congresso Brasileiro de Escritores, marco decisivo na redemocratização do país. Colaborou ainda na fundação do Partido Democrata Cristão (PDC), redigindo o seu manifesto de lançamento, sem, porém, filiar-se à nova agremiação.

Entre 1949 e 1953, viveu na França e nos Estados Unidos. Em 1958, começou a colaborar no Jornal do Brasil e na Folha de São Paulo. Em 1962 participou, como representante brasileiro, do Concílio Vaticano II e foi profundamente influenciado por suas decisões e pela nova orientação dada à Igreja Católica pelo papa João XXIII. Aprofundando suas concepções liberais, passou a admitir a evolução da sociedade em direção ao socialismo. No plano nacional, coerente com essa inflexão à esquerda, apoiou as reformas de base defendidas pelo presidente João Goulart.

Tornou-se símbolo de intelectual progressista na luta contra às transgressões, à lei e à censura que o regime militar após 1964 iria impor ao povo brasileiro, notabilizando-se por seu posicionamento contrário fez duras críticas ao novo regime em sua coluna semanal no Jornal do Brasil. Denunciou pela imprensa a repressão que se abatia sobre a liberdade de pensamento. Patrocinou em múltiplas ocasiões as cerimônias de formatura de estudantes de diversas especializações que rendiam tributo à sua luta constante contra os regimes de caráter autoritário. Seu enorme prestígio intelectual possibilitou-lhe, inclusive, romper o cerco da censura imposto ao país. Em 1967 foi nomeado pelo papa Paulo VI membro da Comissão de Justiça e Paz, com sede em Roma. Foi tachado de comunista, embora nunca se tenha envolvido com partido nenhum. Quando, menos de uma semana depois do golpe, publicou o artigo Terrorismo cultural, o primeiro de uma série contra a ditadura, o então presidente Castelo Branco ligou pessoalmente para Alceu, decidido a tomar satisfações. A conversa transcorreu normalmente, mas Tristão ouviu os "conselhos" do presidente com ouvidos de morto. Castello Branco, do outro lado da linha, não podia fazer muita coisa, já que Alceu era respeitado até pela ala direita do governo.


Quando perguntado se preferia que o chamassem de pensador católico, humanista, crítico literário ou escritor, Alceu Amoroso Lima narrava uma história que seu neto Chiquito lhe contou. Certa vez, os amiguinhos de escola perguntaram a Chiquito se o nome do seu avô era Tristão de Athayde, pseudônimo com o qual assinava seus artigos no Jornal do Brasil, ou Alceu. O garoto disse: "Não sei, mas lá em casa a gente chama de vovô." Pessoa simples e acessível - respondia com frequência às cartas mandadas por seminaristas -, um dos maiores humanistas e pensadores religiosos do País considerava-se um "navegador solitário". Nascido na rua do Cosme Velho, no Rio de Janeiro, a 11 de dezembro de 1893, aos 14 anos já lia Shakespeare e tocava piano. Formou-se em Letras e Direito, mas nunca foi um intelectual de gabinete. Pelo contrário, jogava tênis e fazia natação - chegou a nadar da Urca a Botafogo.


A escolha do pseudônimo ele dizia ser aleatória. Só anos depois descobriu que Tristão de Athayde fora, no século XVI, um capitão português mau-caráter, da pior espécie. Do casamento de 63 anos com Maria Teresa de Faria teve sete filhos, que educou da mesma forma como pregava suas idéias: com respeito e liberdade. A morte da mulher foi um duro golpe e ele morreu exatamente dois anos depois, em 1983, aos 90 anos, de "tristeza", segundo os amigos.


Algumas Obras

Impõem-se ao olhar de quem lê os seus textos os termos interligados de pessoa, ser, liberdade, eterno e moderno.

Estas palavras são recorrentes em muitos de seus livros, tais como:

Estudos ? Segunda série (1927)

Política (1932)

Idade, sexo e tempo (1938)

Elementos de ação católica (1938)

Mitos de nosso tempo (1943)

O problema do trabalho (1946)

Meditações sobre o mundo interior (1953)

O existencialismo e outros mitos de nosso tempo (1951)

O gigantismo econômico (1962)

O humanismo ameaçado (1965)

Memórias improvisadas (1973), um livro muito importante, produto de um diálogo com o jornalista Cláudio Medeiros Lima

Os direitos do homem e o homem sem direitos (1975)

Revolução Suicida (1977) e
Tudo é mistério (1983).



LEONEL FRANÇA

(Padre Leonel Edgard da Silveira Franca S.J.)


Nascido em 06 de janeiro de 1893, em São Gabriel, Rio Grande do Sul, de família baiana, foi educado como aluno interno do Colégio Anchieta, em Nova Friburgo, onde já manifestava então a insuficiência cardíaca que o acompanharia por toda a vida.

Além da excelente formação humanista que o modelou, gostava de ler também bons autores modernos. Entrou na Companhia de Jesus em 1908, onde completou sua magnífica formação intelectual. Em 1910 iniciou o curso de letras, próprio da formação dos jesuítas. Ordenado sacerdote em Roma em 1923, ano em que publicou uma obra de grande fôlego, também um "best seller", "A Igreja, a Reforma e a Civilização". Em 1925 doutorou-se em teologia e filosofia na Universidade Gregoriana, e em novembro desse mesmo ano completou, em Oya na Espanha, o último ano da formação jesuítica, a chamada "Terceira Provação".

De volta ao Brasil, transferiu-se definitivamente para o Rio de Janeiro em 1927, onde publicou suas obras mais importantes como "O Divórcio" e "A Psicologia da Fé" e foi nomeado para o Conselho Nacional de Educação, do qual foi um dos fundadores em 1931. Seus livros se sucederam uns após outros, conforme as necessidades espirituais de nossa terra. Também foi professor do Colégio Santo Inácio, no Rio de Janeiro. Lecionou história da filosofia, psicologia experimental e química no Colégio Anchieta, em Nova Friburgo. Foi vice-reitor do Colégio Santo Inácio. Em 1947 recebeu o Prêmio Machado de Assis.

Foi exímio diretor espiritual, homem de quem se serviu o Cardeal Dom Leme para fundar a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, da qual foi o primeiro Reitor. Em outubro de 1940 decreto Presidencial criava as "Faculdades Católicas". Em 1945 as "Faculdades Católicas" passariam a ser Universidade e dois anos depois, Pontifícia, a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, PUC-Rio. Apesar da sua saúde extremamente debilitada, Pe. Franca continuou dirigindo a Universidade, dada sua liderança inconteste, provavelmente o mais ilustre Padre no país, tanto pela sua cultura, como pela santidade de vida, até sua morte.

Homem de profunda influência cultural e religiosa no Brasil, Padre Leonel Franca dedicou cerca de seus últimos dez anos à fundação e consolidação da primeira universidade particular do país.

Conferencista de cultura profunda e vasta, suas palestras representavam acontecimento intelectual de primeiro plano. Nessas ocasiões levava a auditórios lotados figuras ilustres como Epitácio Pessoa, Pandiá Calógeras, Jackson de Figueiredo, Alceu Amoroso Lima, Sobral Pinto e Murilo Mendes.Seu primeiro livro, "Noções de História da Filosofia" surgiu como prolongamento das aulas que ministrava, texto que se tornaria um "best seller", sendo lido, citado e usado em cursos de Filosofia até os dias de hoje.

Morreu em 03 de setembro de 1948


Algumas de suas obras são:


Noções de história da filosofia, de 1918;

Apontamentos de química geral, de 1919;

A Igreja, a Reforma e a Civilização, de 1922;

Pensamentos espirituais, publicada postumamente em 1949.

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