quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Valores, bioética e vida social, um ponto de encontro

ZP09121809 - 18-12-2009
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Entrevista com o padre Fernando Pascual, L.C.

ROMA, sexta-feira, 18 de dezembro de 2009 (ZENIT.org). O padre Fernando Pascual, L.C., professor de filosofia e de bioética no Ateneo Pontifício Regina Aspololorum (ROMA), acaba de publicar um livro sobre bioética, intitulado “Valores e vida social: Um ponto de encontro” (El Arca, México, 2009).
Nesta entrevista concedida a ZENIT–El-Observador, apresenta o texto; um verdadeiro manual para se discutir bioética.
–O que propõe com este novo livro?
–Pe. Fernando Pascual: Este livro deseja ser um “ponto de encontro” e de diálogo nos debates sobre temas que envolvem a bioética, que frequentemente estão presentes nos parlamentos, nos meios de comunicação social, nas universidades e nas famílias.
–Os debates sobre aborto, eutanásia, legalização da droga, sentido da sexualidade humana não seriam discussões invencíveis?
–Pe. Fernando Pascual: Os temas que mais afetam nossa vida podem ser tratados sem entusiasmo. É necessário deixar claro em cada debate os princípios que estão em jogo. Quando discutimos sobre estes temas, como aborto ou eutanásia, mexemos com os princípios da sociedade. Um Estado que permite incriminar inocentes como algo legal se auto-destrói.
–Uma afirmação dessas não implicaria em uma atitude intolerante? Como consta em seu livro, existem muitos pontos de vista relacionados à bioética...
–Pe. Fernando Pascual: Há certos temas que ninguém deveria contestar. Por exemplo, existe um consenso social muito amplo contra as posições racistas. Porém quase ninguém consideraria a luta contra o racismo um sinônimo de intolerância. Algo semelhante deveria acontecer a respeito do aborto ou da fecundação artificial. Condenar tais práticas como injustas não significa ser intolerante e sim estar em defesa dos princípios fundamentais da vida social.
–Muitos dirão que este é o ponto de vista da Igreja Católica ou de outros grupos religiosos. Contudo, hoje vivemos em um mundo pluralista e as religiões deveriam se limitar à esfera privada, segundo nos dizem. Não seria assim?
–Pe. Fernando Pascual: O pluralismo é legítimo naqueles temas em que as diferentes alternativas não implicam em nenhum dano aos inocentes. Mas ele não deveria ser permitido em respeito aos direitos humanos fundamentais. A verdadeira bioética não pode pôr em discussão os princípios básicos da vida social, como, por exemplo, o que nos leva a defender a vida dos mais fracos e indefesos entre os seres humanos. As religiões não podem emudecer quando há grupos que defendem leis contra a vida ou a saúde dos demais.
–Nesta linha de pensamento, o que pretende ao publicar o livro?
–Pe. Fernando Pascual: O subtítulo diz. Busco oferecer um “ponto de encontro” através de algumas reflexões sobre importantes temas da bioética, de uma forma que estes possam ser enfrentados da forma correta, na vida pública. Uma das tarefas mais difíceis da bioética consiste em promover uma cultura da vida (como explicou João Paulo II e como segue propondo Bento XVI),  onde será possível contrapor uma anti-cultura da morte.
–A partir de quais valores se pode propor a bioética na vida social?
–Pe. Fernando Pascual: A partir daqueles valores que garantam o respeito a toda vida humana, desde sua concepção até a sua morte. É uma ideia constante na doutrina católica, mas é também um dos princípios básicos que vêm depois dos direitos humanos. Dizer que todos somos iguais perante a lei faz sentido se o direito básico da vida estiver garantido de modo efetivo a todos, sem discriminação.
–Portanto, deve-se proibir o aborto, a inseminação artificial e a eutanásia no mundo inteiro?
–Pe. Fernando Pascual: Efetivamente. Tudo o que é possível deve ser feito para que seja vencida a mentalidade que é a favor do aborto e da eutanásia. É necessário propor uma cultura de solidariedade. Esta última ideia brilha, com uma força especial, na encíclica que Bento XVI publicou neste ano, “Caritas in Veritate”, na qual toca com profundidade vários temas da bioética. Se trabalharmos sério a fim de defender a dignidade de qualquer ser humano, será possível construir um mundo mais inclusivo e aberto à vida de todos, especialmente para aqueles mais sensíveis e indefesos: os filhos antes do nascimento, os pobres, os doentes, os mais velhos.
(Jaime Septién)

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