quinta-feira, 3 de março de 2011

“Caritas in veritate”, manual de sobrevivência para século 21

ZP11030301 - 03-03-2011
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Presidente do IOR apresenta nova edição do livro “Dinheiro e Paraíso”

ROMA, quinta-feira, 3 de março de 2011 (ZENIT.org) - "A encíclica Caritas in veritate, de Bento XVI, deve servir para o homem do século 21 como um manual de sobrevivência", para superar mais do que uma simples crise econômica mundial, pois "as raízes desta se encontram em uma crise moral".
Este foi um dos pensamentos centrais apresentadas pelo banqueiro Ettore Gotti Tedeschi, presidente do Instituto para Obras Religiosas (IOR), durante a apresentação do livro "Dinheiro e Paraíso: os católicos e a economia global", realizada na terça-feira, 1º de março, no Centro Internacional de Comunhão e Libertação.
O livro do qual Gotti Tedeschi é autor, junto ao escritor Rino Camilleri, foi publicado pela primeira vez em 2004. Agora, a nova edição foi enriquecida com os ensinamentos da encíclica Caritas in Veritate e com a experiência da crise econômica mundial que começou em 2006, o que torna o livro ainda mais interessante.
"O mundo católico - lamentou Gotti Tedeschi - não sabe fazer apologética, não consegue defender seus próprios valores nem a história da Igreja." Mas não só isso: "Quando se trata de economia, acontece algo semelhante, não sabem que o capitalismo tem origem católica e que foi corrompido pelo mundo protestante", nem que "Marx não sabia sequer o que era o capitalismo católico".
"Nem todo mundo sabe - continuou ele - que as grandes leis econômicas foram elaboradas pela Escola de Salamanca, depois da descoberta da América. Ninguém sabe que a lei da oferta e da procura e a licitude do dinheiro e dos empréstimos com juros nasceram no âmbito católico. Foram elaboradas pelos monges franciscanos, dominicanos e jesuítas dessa Escola."
"No livro - indica o autor -, explico por que o mercado não é ilícito, por que o capitalismo e a globalização são bons e por que todas estas coisas, que são ferramentas, se tornam más quando são mal utilizadas pelos homens. E isso também está na Caritas in Veritate."
Sobre a riqueza, disse que "o que importa não é ser rico ou não rico e, como dizia São Clemente de Alexandria no século III, a riqueza em si não é boa nem má, depende de como é feita e do uso que se faz dela. Se alguém tem vocação à criação de riqueza, por que não criá-la, se pode ser bem criada e usada? E se não for criada, distribui-se a pobreza".
"Vocês acham que há mérito em ser pobre? Também não. Há mérito em ser rico e desapegado dos bens" e, "como a pobreza não é boa nem má, que mérito tem ser pobre? Pode-se ser pobre e invejoso ou pouco esforçado".
Ele lembrou que, "nos últimos tempos, uma mensagem forte, que cresce no mundo católico, é que não deixaram os padres ensinarem a doutrina e, assim, o homem perdeu o contato com a verdade, o sentido da vida, o sentido das ações e, como consequência, surgiu a crise econômica".
Na conclusão, o presidente da Associação Bancária Italiana (ABI), Mussari, tomou a palavra e disse que "não estamos diante de uma crise, mas de um novo ciclo econômico. Não existe um amanhã no qual se possa voltar a fazer o que se fazia antes. Será necessário fazer coisas muito diferentes. Existe o problema demográfico, do trabalho, da competitividade e da subsidiariedade em um Estado muito invasivo".
O diretor do L'Osservatore Romano, Gian Maria Vian, também presente no ato, lembrou que, no final da parábola de Mateus sobre a providência e os lírios do campo, Jesus diz: "Vosso Pai que está nos céus sabe que precisais de tudo isso". Portanto, "a economia é importante. Porque a riqueza é indiferente; o que conta é o que está no coração e como ela é usada. Se a pessoa é rica, pode demonstrar muito amor aos outros".

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