quinta-feira, 10 de março de 2011

Como e quando surgiu o Catolicismo


Por Dom Estêvão Tavares Bettencourt, OSB Fonte: Revista “Pergunte e Responderemos” – Março de 2006
Em síntese: O autor de um panfleto anticatólico afirma que o Catolicismo teve origem no século IV, quando o Imperador Constantino deu liberdade aos cristãos. Estes então terão adotado crenças e costumes pagãos, que, mesclados ao Evangelho, redundaram no Catolicismo atual. As páginas subseqüentes demonstram a inconsistência de tais alegações.
O pastor Joel Santana é o autor de uma coletânea de agressões ao Catolicismo passionais e fundamentadas em falsas premissas que tornam inconsistentes os argumentos aduzidos. Consideraremos, nas páginas subseqüentes, quanto Santana alega no tocante “à origem” do Catolicismo.
Vejamos precisamente qual é a tese do autor:
Joel Santana julga que a princípio havia diversas comunidades cristãs ou igrejas avulsas. No século IV ou em 313 o Imperador Constantino deu a liberdade aos cristãos, que então se uniram numa Federação de Igrejas, na qual o Bispo de Roma tomou a chefia. Nessa ocasião o contato mais assíduo com instituições pagãs levou os cristãos a adotar crenças e práticas pagãs; daí resultou o Catolicismo, que é, segundo Santana, “paganismo gospel”, “cristianismo paganizado” ou “paganismo cristianizado”. Esta afirmação confere ao panfleto um tom de arrogância e sarcasmo.
A propósito teceremos cinco observações.

QUE DÍZER?
  1. Retificando
Em 313 Constantino não fez do Cristianismo a Religião do Estado, como alega Santana, mas apenas deu-lhe a liberdade para se expandir. O Imperador Teodósio l foi quem no ano de 380 oficializou o Cristianismo como Religião do Estado, ao contrário do que alega o autor em foco.
Seria preciso documentar a afirmação de que o filho (anônimo?) de Constantino mandou matar os adoradores de ídolos. Aliás, para dar base à tese de que no século IV o Cristianismo se paganizou, J. Santana cita “a Escola Pastoral Catequética da Arquidiocese do Rio de Janeiro e sua apostila”, onde se leria que “muita coisa surgiu de errado quando o poder temporal passou a mandar em certos setores da Igreja”. – Na ver­dade, tal arquidiocese não tem Escola dita “Pastoral Catequética” nem se encontrou nos documentos oficiais da arquidiocese frase igual ou se­melhante à citada. Pode esta ser obra de um diocesano não credenciado pela arquidiocese.
Santana se apoia em autores (muitas vezes, protestantes) que ci­tam de terceira ou quarta mão.
2. O primado de Pedro
Não resta dúvida de que já nos escritos do Novo Testamento o Apóstolo Pedro ocupa lugar de preeminência. É o Apóstolo mais citado: 171 vezes, ao passo que o segundo citado é João, cujo nome ocorre 46 vezes. Mais ainda:
a) Pedro é o primeiro que Jesus chama e envia: Mc 1, 16-20; Mt4, 15s; Lc5, 1-11;
b) na lista dos Apóstolos é sempre o primeiro, ao passo que Judas é o último: Mt 10, 2-4; Mc 3, 16-19; Lc 6, 14-16; At 1, 13.
c) a vocação de Pedro está associada a uma mudança de nome; ver Jo 1, 41s; Mc 3, 16; Lc 6, 14; Mt 16, 18. Jesus lhe dá o nome de Kephas, Rocha. Na antiguidade o nome exprimia a realidade íntima do respectivo sujeito. No Antigo Testamento Deus mudou o nome de Abram para Abraham (Gn 17, 5) o de Sarai para Sara (Gn 17, 16), ode Jacó para Israel (Gn 32, 29). De cada vez a mudança implicou uma promessa…, promessa que dizia respeito aos fundamentos do povo de Deus. Ao trocar o nome de Simão pelo de Kephas (Rocha), Jesus quis significar que, no novo povo de Deus, Pedro teria o papel de fundamento sólido como a rocha.
Muito significativo são os textos de Mt 16, 13-19: (a promessa do primado); Lc 22, 31 s (a oração de Jesus por Pedro, designado para con­firmar seus irmãos na fé) e Jo 21, 15-17 (a entrega do primado: “Apas­centa…”).
Passando agora para a antiga literatura cristã, observamos:
Não se pode esperar encontrar nos primeiros séculos um exercício do Papado (ou das faculdades entregues por Jesus a Pedro e seus su­cessores) tão nítido quanto nos séculos posteriores. As  dificuldades de comunicação e transporte explicam que as expressões da função papal
tenham sido menos freqüentes do que em épocas mais tardias. Como  quer que seja, podemos tecer a história do exercício dessas funções nos seguintes termos:
A Sé de Roma sempre teve consciência de que lhe tocava, em rela­ção ao conjunto da Igreja, uma tarefa de solicitude, com o direito de intervir onde fosse necessário, para salvaguardar a fé e orientar a disciplina das comunidades. Tratava-se de ajuda, mas também, eventualmente, de inter­venção jurídica, necessárias para manter a unidade da Igreja. O funda­mento dessa função eram os textos do Evangelho que privilegiam Pedro1, como também o fato de que Pedro e Paulo haviam consagrado a Sé de Roma com o seu martírio, conferindo a esta uma autoridade singular.
Eis algumas expressões do primado do Bispo de Roma:
1) No século II houve, entre Ocidentais e Orientais, divergências quanto à data de celebração da Páscoa. Os cristãos da Ásia Menor que­riam seguir o calendário judaico, celebrando-a na noite de 14 para 15 de Nisã (daí serem chamados quatuordecimanos), independentemente do dia da semana, ao passo que os Ocidentais queriam manter o domingo como dia da Ressurreição de Jesus (portanto, o domingo seguinte a 14 de Nisã); o Bispo S. Policarpo de Esmirna foi a Roma defender a causa dos Orientais junto ao Papa Aniceto em 154; quase houve cisão da Igre­ja. S. Ireneu, Bispo de Lião (Gália) interveio, apaziguando os ânimos. Finalmente o Papa S.. Vítor (189-198) exigiu que os fiéis da Ásia Menor observassem o calendário pascal da Igreja de Roma, pois esta remonta­va aos Apóstolos Pedro e Paulo.
Aliás, S. Ireneu (f 202 aproximadamente) dizia a respeito de Roma: “Com tal Igreja, por causa da sua peculiar preeminência, deve estar de acordo toda Igreja, porque nela… foi conservado o que a partir dos Após­tolos é tradição” (Contra as Heresias 3, 2).

Muito significativa é a profissão de fé dos Bispos Máximo, Urbano e outros do Norte da África que aderiram ao cisma de Novaciano, rigorista, mas posteriormente resolveram voltar à comunhão da Igreja sob o Papa S. Cornélio em 251: “Sabemos que Cornélio é Bispo da Santíssima Igre­ja Católica, escolhido por Deus todo-poderoso e por Cristo Nosso Se­nhor.. Confessamos o nosso erro… Todavia nosso coração sempre este­ve na Igreja; não ignoramos que há um só Deus e Senhor todo-poderoso, também sabemos que Cristo é o Senhor…; há um só Espírito Santo; por isto deve haver um só Bispo à frente da Igreja Católica” (Denzinger-Schõnmetzer, Enchiridion 108 [44]).
O Papa Estevão l (254-257) foi o primeiro a recorrera Mt 16, 16-19, ao afirmar, contra os teólogos do Norte da África, que não se deve repetir o Batismo ministrado por hereges, pois não são os homens que balizam, mas é Cristo que batiza.
A partir do século IV, o recurso a Mt 16, 16-19 se torna freqüente. No século V, o Papa Inocêncio l (401-417) interveio na controvérsia mo­vida por Pelágio a respeito da graça; num de seus sermões S. Agostinho respondeu ao fato, dizendo: “Agora que vieram disposições da Sé Apos­tólica, o litígio está terminado (causa finita est)” (serm. 130, 107).
No Concílio de Calcedônia (451), lida a carta do Papa Leão l, a assembléia exclamou: “Esta é a fé dos Pais, esta é a fé dos Apóstolos. Pedro falou através de Leão”.
O Papa Gelásio l declarou entre 493 e 495 que a Sé de Pedro (romana) tinha o direito de julgamento sobre todas as outras sedes epis­copais, ao passo que ela mesma não está sujeita a algum julgamento humano. Em 501, o Synodus Palmaris de Roma reafirmou este princí­pio, que entrou no Código de Direito Canônico: “Prima sedes a nemine iudicatur - A sé primacial não pode ser julgada por instância alguma” (cânon 1629).
É de notar, porém, que a preeminência do Bispo de Roma encon­trou certas dificuldades, pois em Bizâncio (Constantinopla) reinava o Im­perador com tendências cesaropapistas. Já Constantino o Grande (306-337) era tido como “o 13° Apóstolo”; seus sucessores intervinham em questões de teologia e disciplina da Igreja, como se fossem encarrega­dos de vigiar em prol do bem das comunidades cristãs. Não obstante, por duas vezes o Imperador Bizantino mandou buscar violentamente o Bispo de Roma (o Papa) para que em Bizâncio assinasse uma fórmula de fé redigida pelo monarca; este parecia consciente de que, sem a aprovação do Papa, não teriam valor as suas intervenções teológicas: a primeira vez ocorreu em janeiro de 547, quando Justiniano mandou raptar o Papa Vigílio para que em Constantinopla assinasse a condenação dos Três Capítulos (escritos de Teodoro de Mopsuéstia, lbas de Edessa e Teodo-reto, tidos como nestorianos); o Papa resistiu, e passou mais de sete anos em Constantinopla, sofrendo pressões por parte do Imperador. A segunda vez ocorreu sob o Imperador Constante II: em 653, mandou prender o Papa Martinho l em Roma e levá-lo para Constantinopla, por­que se opunha à heresia monotelita (em Jesus haveria uma só vontade: a divina); o Papa foi julgado diante do Senado por alta traição; depois de sofrer humilhações e maus tratos, o Papa Martinho l foi exilado para o Quersoneso (Criméia), onde morreu.
O Ocidente ficou isento de cesaropapismo, pois a sede de Roma fora abandonada pêlos Imperadores. Em compensação, o papel do Bis­po de Roma, como pai espiritual e tutor da ordem pública, foi sendo mais e mais reconhecido; o Bispo de Roma tornou-se o baluarte da paz no Sul da península Itálica. Desta maneira evidenciou-se com certa facilidade a função primacial do sucessor de S. Pedro ao qual em 756 foi reconheci­da a soberania do Estado Pontifício. Foi-se dando uma centralização cres­cente do governo da Igreja, sendo expoentes da mesma os Papas Gregório VII (1073-1085), que se empenhou por libertar a Igreja da inge­rência do Imperador da Alemanha; Inocêncio III (1198-1216), que tam­bém lutou pela liberdade da Igreja frente ao poder civil; e Bonifácio VIM (1294-1303), jurista, que defendia a teocracia pontifícia num momento da história em que os monarcas tendiam a afirmar teses nacionalistas.
3. Jesus Cristo Único Mediador
Escreve Joel Santana:
“O homem é pecador e Deus é justo… Jesus desceu do céu para cumprir a pena em nosso lugar. Ele é o nosso substituto. Por isto fica quitado com Deus quem apela para o seu sacrifício substitutivo. O sacri­fício do Senhor não expia os nossos pecados apenas parcialmente, pois está escrito que o sangue de Jesus nos purifica de todo pecado (Uo 1, 7). Precisamos informar aos católicos que aceitar Cristo como Salvador é mais do que crema sua existência… é mais do que cumprir normas… é, sim, fazer do seu sacrifício nossa tábua de salvação, nosso único recurso salvífico, nosso argumento forte diante de Deus…

A grande maioria dos católicos não sabe que a Igreja Católica nega a totalidade e instantaneidade do perdão de Deus em Cristo… Os cléri­gos rezam Missas pêlos mortos do imaginário purgatório, distribuem in­dulgências, determinam penitências, etc… A Igreja nega o perdão, nega o Evangelho”.

O autor de tais linhas está profundamente enganado. Atribui a Igre­ja Católica atitudes que lhe são estranhas, pois a Igreja nunca negou a totalidade e a instantaneidade do perdão obtido por Cristo. Os dizeres do pastor são o eco da falsa solução que Lutero deu a um problema pessoal seu.
Com efeito; Lutero entrou na Ordem de S. Agostinho para cumprir um voto feito a santa Ana. No convento aplicou-se à observância da Regra e à mortificação dos impulsos desregrados; contudo não conseguia livrar-se da cobiça desordenada – o que o afligia profundamente, pois tivera uma educação severa, que lhe impingia a idéia de um Deus punitivo ao extremo. Acabou resolvendo seu problema professando a famosa senten­ça: “Peca fortemente, mas acredita mais fortemente”. Bastaria a fé em Jesus Salvador; Ele assumiu nossa condição de pecadores e se ofereceu ao Pai para nos reconciliar com Deus. Quanto a nós, permanecemos pe­cadores (a cobiça desregrada já seria pecado; estamos vendidos ao peca­do, conforme Lutero); todavia Jesus nos cobre com seu manto de justiça,  que nos faz passar diante do Pai como justos, embora em nosso íntimo sejamos pobres pecadores: recebemos assim uma justiça (santidade) fo­rense ou o direito de entrar no céu sem estar puros de todo resquício do pecado. Basta crer na mediação jurídica de Jesus em nosso favor.
Esta solução que Lutero encontrou para o seu problema pessoal, ele a transmitiu aos seus seguidores, que a professam até hoje. Não corresponde ao que o Cristianismo sempre professou e é professado até nossos dias pela Igreja Católica.
Na verdade, a Redenção realizada por Cristo foi total e instantâ­nea, mas ela é mais do que um bilhete de entrada na ceia da vida eterna dado a um homem sem a veste nupcial ou a um pecador portador das manchas do pecado; é mais do que uma habilitação jurídica. Ela produz em nós, mediante os sacramentos, uma nova criatura, que tende a se formar na medida em que a velha criatura é mortificada (cf. Ef). Essa formação da nova criatura não se faz apenas mediante a fé do crente, mas requer boas obras ou o exercício do amor, como incute o Apóstolo São Tiago; uma fé inerte é morta, assemelha-se à do demônio, que crê, mas estremece (cf. Tg 2, 19). O Apóstolo São Paulo compara sua vida à do atleta, que de tudo se abstêm para ganhar uma coroa perecível, ao passo que ele aspira a uma coroa imperecível; (cf. 1Cor 9, 24-27). É indispensável esse esforço do cristão que crê. Todavia está claro: tal luta é sustentada pela graça de Deus, pois sem Jesus nada podemos fazer (cf. Jo 15, 5). É o próprio Cristo quem nos dá a graça de colaborar. Com isto Ele nada perde da sua missão de único Salvador, como o mestre nada perde de sua sabedoria quando a comunica com os discípulos, ao contrário, o mestre assim se enaltece, pois eleva seus discípulos a uma nova dignidade. A obra redentora de Cristo não é repartida, mas fica sen­do única, que quer agir ora diretamente, ora indiretamente (suscitando a cooperação da criatura).
Também se deve dizer que nem os Santos – invocados pêlos fiéis católicos – fazem concorrência a Jesus Cristo, pois a intercessão em favor dos irmãos é também graça que o Senhor Jesus concede, de modo a ser sempre Ele a única fonte de todo bem e de toda a salvação.
Em conseqüência verifica-se que é falsa a alegação proferida por J. Santana segundo a qual a Igreja Católica derroga à suficiência e uni­versalidade da obra redentora de Cristo.
4. Somente a Bíblia?
Santana afirma seguir somente a Bíblia… A isto respondemos em duas etapas:
a) Os católicos dizem que são 73 os livros canônicos (compreen­dendo os sete deuterocanônicos), os protestantes replicam que são 66 apenas. Pois bem, queira o irmão dirimir a dúvida citando o versículo bíblico que a dissipe…
b) A prova mais evidente de que não seguem somente a Bíblia está no fato de que os protestantes, embora utilizem todos a mesma Bíblia, não constituem uma só Igreja, mas se repartem em centenas de comuni­dades eclesiais. Como? E por quê? – Isto não ocorre porque a Bíblia varie de comunidade a comunidade, mas porque cada qual destas, além da Bíblia, segue a tradição iniciada pelo respectivo fundador (Lutero, Calvino, Knox, Wesley, Ellen Gould White…); por isto há quem batize crianças e quem não as batize; há quem observe o sábado e quem ob­serve o domingo; há quem reconheça uma hierarquia com “bispos” e há quem não a reconheça…
Se seguissem somente a Bíblia, os protestantes não estariam divi­didos como hoje estão.
O princípio do “livre exame da Bíblia” é a chave desse esfacela­mento, pois fomenta o subjetivismo (“eu tenho para mim que…”), que vai longe, levado pêlos sentimentos e a imaginação.
Ademais é de notar que a Bíblia como tal é uma Palavra que não se interpreta a si mesma, mas permite ser estraçalhada por quem a lê. A palavra oral é o meio originário e eficaz para transmitir o sentido autêntico da palavra escrita. Isto é tão verídico que os protestantes, por mais que queiram seguir somente a Bíblia, não conseguem evitar a existência de uma tradição extra-bíblica oriunda do respectivo fundador de comunidade.
5. Afinal quando começou o Catolicismo?

O Catolicismo, ou seja, a corporação dos que são chamados a vivenciar a fé apregoada por Jesus Cristo; começou no século l, com a fundação da Igreja pelo próprio Cristo, cf. Mt 16, 18: “a minha Igreja”) e Mt 28, 18-20 (“a todos os povos”).
Conseqüentemente a expressão “Igreja Católica” já se encontra nos escritos de Santo Inácio de Antioquia (t 107 aproximadamente), onde se lê:
“Onde quer que se apresente o Bispo, aí esteja também a comuni­dade, assim como a presença de Cristo Jesus nos assegura a presença da Igreja Católica” (Aos Esmirnenses 8, 2).

Vê-se, pois, que o que ocorreu no século IV, foi a manifestação do Catolicismo sob novas formas que a liberdade lhe proporcionou a fim de cristianizar o paganismo e não para paganizaro Cristianismo, como será dito no próximo artigo deste fascículo.

1 Cf. Mt 16, 16-19; Lc 22, 31s; Jo 21, 15-17     Transmissão: Jaime Francisco de Moura
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BETTENCOURT, Dom Estêvão Tavares. Apostolado Veritatis Splendor: COMO E QUANDO SURGIU O CATOLICISMO. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/3567. Desde 03/04/2006.

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