terça-feira, 15 de março de 2011

Kadafi avança sobre nova cidade controlada por rebeldes. E as impotências ocidentais?


As tropas de Muamar Kadafi avançam para o Leste. Conforme o previsto, a cidade de Ajdabiya, a 160 km de Benghazi, centro da resistência armada, está sendo alvo de ataques aéreos. O general rebelde Mohamed Abdel-Rahim voltou a pedir à comunidade internacional que forneça armas aos rebeldes, o que foi descartado hoje pelo chanceler britânico, William Hague, em entrevista à BBC. Quem não fornece armamento estaria disposto a intervir militarmente no país?
Hillary Clinton, secretária de Estado dos EUA, está em Paris e se encontra hoje com líderes europeus para tratar da crise. Representantes da oposição armada líbia estarão presentes. O governo de Nicolas Sarkozy reconhece o Conselho de Governo Interino como o legítimo governo do país. Muito bem! Kadafi dispõe de armas, dinheiro e tropas leais — apostava-se que não — que lhe permitem esmagar a insurreição. Se chegar a Benghazi, a expectativa é que haja um banho de sangue. Está ganhando terreno dia a dia.
Volto a indagar: que diabo de papel é este que está sendo desempenhado pelos patetas do Ocidente? Kadafi é um facínora? Nem me digam! Há mais de 40 anos! Mas tinha sido reabilitado por esses mesmos que se apressaram em dar apoio a um desconhecido movimento armado contra o regime. Estamos diante de uma questão que também é de método: cabe aos governos ocidentais, em nome da democracia — ou de algum outro valor qualquer —, escolher com qual força armada dialogam?
O conflito líbio, especialmente em razão do apoio nada velado dos líderes ocidentais aos insurrectos, evoluiu vertiginosamente para uma guerra civil. A depender dos desdobramentos, o que dirá Sarkozy? “Não falo com vitoriosos”???
Há um quê de surrealismo nessa coisa toda. Barack Obama, Nicolas Sarkozy e David Cameron resolveram se colocar ao lado da arena, torcendo para um dos contendores, insuflando-o para a batalha. Qual foi a aposta? Que a elite militar líbia resolvesse fazer com Kadafi o que a elite militar egípcia fez com Mubarak. Não aconteceu.
E agora? Um vagabundo como Kadafi conseguiu dar um nó nos brilhantes estrategistas das impotências ocidentais…
Por Reinaldo Azevedo

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