O PROGRAMA Nacional do Livro Didático (PNLD) conta em
2007 com orçamento de R$ 620 milhões. Uma cifra vultosa, mas por tudo
justificável como investimento que faz chegar a 30 milhões de alunos de
escolas públicas, de graça, 120 milhões de volumes.
O esforço republicano para disseminar conhecimento entre
estudantes de todas as classes e regiões, exatamente por seu
gigantismo, exige muito controle público para afastar o risco certo de
falcatruas -materiais ou intelectuais. De quanto em quando, porém, o
país se vê surpreendido com patranhas como a revelada por Ali Kamel,
anteontem, no jornal "O Globo", acerca da obra "Nova História Crítica",
para alunos da oitava série. Em lugar de ensinar história, o livro se
consagra à canhestra tentativa de doutrinar crianças com uma enxurrada
de marxismo vulgar.
A coleção de disparates vai de uma condenação ao
capitalismo por objetivar lucro a um elogio da Revolução Cultural
chinesa. À vulgaridade pensativa, o livro agrega falsidade histórica,
omitindo os assassinatos -eles sim incontáveis- cometidos em nome da
dita revolução. Apesar disso, o governo federal adquiriu de 2005 a 2007
quase 1 milhão de exemplares da obra, campeã de distribuição gratuita.
Só em 2007 gastou com ela R$ 944 mil.
Não que inexistam filtros para desestimular a escolha de
livros desse nível. Em 1996 introduziu-se uma avaliação pedagógica
trienal dos inscritos no PNLD, para excluir das opções oferecidas aos
professores aqueles volumes que contenham "erros conceituais, indução a
erros, desatualização, preconceito ou discriminação de qualquer tipo".
Obras incluídas são objeto de resenhas críticas no "Guia do Livro
Didático".
Em 2002 e 2005, o nada didático "Nova História Crítica"
havia sido aprovado "com ressalvas", por "resvalar no maniqueísmo".
Deveria ter sido sumariamente eliminado, por seus erros, desatualização e
preconceitos. É o que anuncia agora o MEC, para 2008, pondo a tranca na
porta arrombada à vista de todos.
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