quarta-feira, 23 de março de 2011

O terrorismo e o medo - uma reflexão

A prazo, a principal consequência dos atentados terroristas de Nova Iorque e de Washington vai ser uma recessão. Não tanto uma recessão económica, que já está à vista, mas uma recessão da confiança das pessoas em relação à sua vida pessoal e social.

O medo de ataques terroristas a uma escala nova e global, como os que vimos em 11 de Setembro, está a deixar as pessoas cheias de medo. Naturalmente, nos Estados Unidos isso é mais sensível, mas esse sentimento alastrar-se-á inevitavelmente a todos os países ocidentais e, em seguida, aos restantes países.


Os apelos à serenidade e a constatação de que a origem do mal – o terrorismo – está a ser atacada, não impedirão que a atitude e a vida dos Estados, das organizações e das pessoas venham a ser diferentes daqui para o futuro.

Tal como se passa com certos males incontroláveis que afectam o nosso comportamento individual e social, como é o caso das doenças incuráveis, da droga ou da criminalidade urbana, é preciso atacar a origem dos males, descobrindo as suas causas verdadeiras e profundas, prevenindo e acautelando as pessoas em geral e, sempre que seja caso disso, punindo aqueles que contribuem para a proliferação do mal.

O mesmo se terá de passar com a actual luta contra o terrorismo. Nada justifica o acto terrorista e a sociedade tem de puni-lo. No entanto, de nada serve a punição se as suas causas não forem combatidas na origem. E, para isso, é essencial não hostilizar os países islâmicos e, muito menos a religião islâmica. É preciso compreender a cultura dos povos islâmicos e ajudá-los a progredirem no sentido da adopção de regimes tolerantes e democráticos, equitativos e justos. Sem justiça, compreensiva e humana, não haverá paz nas consciências nem na sociedade.

Porém, ameaças à vida humana e social sempre hão de existir, sejam elas de origem criminosa (droga, terrorismo, etc.), natural (catástrofes naturais como inundações, terramotos e outras), ou patológica (tantas doenças ainda incuráveis, como o cancro ou a SIDA).

O homem e a sociedade são limitados e há que aceitar essas limitações e saber viver com elas, embora lutando persistentemente contra elas; mas a humildade relativamente à nossa condição de seres limitados e frágeis é condição necessária para atingir a serenidade e a confiança possível. É que apesar dessa condição, temos uma grande força moral e uma sólida convicção num destino que nos transcende.


Fonte Ecclesia

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