A
prazo, a principal consequência dos atentados terroristas de Nova
Iorque e de Washington vai ser uma recessão. Não tanto uma recessão
económica, que já está à vista, mas uma recessão da confiança das
pessoas em relação à sua vida pessoal e social.
O medo de ataques terroristas a uma escala nova e global, como os que
vimos em 11 de Setembro, está a deixar as pessoas cheias de medo.
Naturalmente, nos Estados Unidos isso é mais sensível, mas esse
sentimento alastrar-se-á inevitavelmente a todos os países ocidentais e,
em seguida, aos restantes países.
Os apelos à serenidade e a constatação de que a origem do
mal – o terrorismo – está a ser atacada, não impedirão que a atitude e a
vida dos Estados, das organizações e das pessoas venham a ser
diferentes daqui para o futuro.
Tal como se passa com certos males incontroláveis que afectam o nosso
comportamento individual e social, como é o caso das doenças incuráveis,
da droga ou da criminalidade urbana, é preciso atacar a origem dos
males, descobrindo as suas causas verdadeiras e profundas, prevenindo e
acautelando as pessoas em geral e, sempre que seja caso disso, punindo
aqueles que contribuem para a proliferação do mal.
O mesmo se terá de passar com a actual luta contra o terrorismo. Nada
justifica o acto terrorista e a sociedade tem de puni-lo. No entanto, de
nada serve a punição se as suas causas não forem combatidas na origem.
E, para isso, é essencial não hostilizar os países islâmicos e, muito
menos a religião islâmica. É preciso compreender a cultura dos povos
islâmicos e ajudá-los a progredirem no sentido da adopção de regimes
tolerantes e democráticos, equitativos e justos. Sem justiça,
compreensiva e humana, não haverá paz nas consciências nem na sociedade.
Porém, ameaças à vida humana e social sempre hão de existir, sejam elas
de origem criminosa (droga, terrorismo, etc.), natural (catástrofes
naturais como inundações, terramotos e outras), ou patológica (tantas
doenças ainda incuráveis, como o cancro ou a SIDA).
O homem e a sociedade são limitados e há que aceitar essas limitações e
saber viver com elas, embora lutando persistentemente contra elas; mas a
humildade relativamente à nossa condição de seres limitados e frágeis é
condição necessária para atingir a serenidade e a confiança possível. É
que apesar dessa condição, temos uma grande força moral e uma sólida
convicção num destino que nos transcende.
Fonte Ecclesia
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