CESAR MAIA
Em 1971, a TV soviética realizou uma superprodução cobrindo os anos 1943-45: "Libertação". Esquecida nos
anos 80, recuperada em 2003, foi remasterizada em 2009.
Sob a direção de Yuri Ozerov, e supervisão de militares, é uma série tipo HBO, onde as
cenas e os atores buscam a fidelidade dos fatos, nomes e
imagens. Os atores falam a língua dos personagens. A tradução ao russo vem em locução
simultânea, facilitando a reprodução com sublegenda.
A série dá a versão oficial da URSS. Em julho de 1943, a batalha de
Kursk dá início à ofensiva do Exército Vermelho, que só terminará em
Berlim, em abril de 1945.
Stálin é suavizado e exaltado como estrategista militar, alterando decisões de seus
marechais. Assim como Stálin, que após a guerra reduziu
a importância do marechal
Zhukov, a série vai igualando
Zhukov aos outros marechais.
Com os soviéticos já na periferia de Berlim, Stálin ordena dois marechais a desviarem
suas tropas e avançarem para a cidade, para que Zhukov não tenha a glória sozinho.
Equilibrando a versão ocidental das "resistências" francesa e italiana, o filme destaca
os "partisans" de Belarus (antiga Bielorrússia), da Ucrânia,
da Polônia e da ex-Iugoslávia,
mostrando-os sincronizados
com o Exército Vermelho e incorporando-se aos batalhões.
Na reunião de Teerã, Churchill defende a segunda frente nos Bálcãs, enquanto Stálin e
Roosevelt, na Normandia.
Roosevelt comenta que Churchill já está preocupado com o pós-Guerra e a
presença soviética. Há a cena do encontro de Allen Dulles [da CIA] com
um enviado de Hitler, onde discutem uma trégua de cem dias,
para que o Exército alemão
concentre todas as forças no
leste, contendo o bolchevismo. Em Ialta, Stálin mostra a
foto que seu agente tirou e pede lealdade. Roosevelt não nega, mas
afirma que não aceitou. Stálin rasga a foto.
Churchill e Stálin mostram satisfação com o fracasso da
Operação Valquíria, que poderia ter impedido a vitória total e arrasadora. Seis meses
após a invasão da Normandia,
Stálin recebe uma correspondência de Churchill, pedindo
que acelere a ofensiva, pois a
situação é grave pela contra-ofensiva dos alemães.
Churchill aceita o pedido e
antecipa a ofensiva, sabendo
que produzirá baixas adicionais pelas condições do tempo
e uso de aviões. Com os russos
próximos a Berlim, o Estado-Maior anglo-americano dá
ordem para avançar a toda velocidade, evitando o controle total pela URSS.
O filme dá nova versão das
mortes de Hitler e Goebbels:
não se suicidaram, sendo mortos por sua guarda. E fecha
com estatísticas, contrastando
os 350 mil mortos, cada, de ingleses e americanos, com 7 milhões de
poloneses, 10 milhões de alemães e 20 milhões de soviéticos. Uma série
para ver e avaliar.
CESAR MAIA
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