sábado, 19 de março de 2011

URSS: a libertação

CESAR MAIA
Em 1971, a TV soviética realizou uma superprodução cobrindo os anos 1943-45: "Libertação". Esquecida nos anos 80, recuperada em 2003, foi remasterizada em 2009.
Sob a direção de Yuri Ozerov, e supervisão de militares, é uma série tipo HBO, onde as cenas e os atores buscam a fidelidade dos fatos, nomes e imagens. Os atores falam a língua dos personagens. A tradução ao russo vem em locução simultânea, facilitando a reprodução com sublegenda.
A série dá a versão oficial da URSS. Em julho de 1943, a batalha de Kursk dá início à ofensiva do Exército Vermelho, que só terminará em Berlim, em abril de 1945.
Stálin é suavizado e exaltado como estrategista militar, alterando decisões de seus marechais. Assim como Stálin, que após a guerra reduziu a importância do marechal Zhukov, a série vai igualando Zhukov aos outros marechais.
Com os soviéticos já na periferia de Berlim, Stálin ordena dois marechais a desviarem suas tropas e avançarem para a cidade, para que Zhukov não tenha a glória sozinho.
Equilibrando a versão ocidental das "resistências" francesa e italiana, o filme destaca os "partisans" de Belarus (antiga Bielorrússia), da Ucrânia, da Polônia e da ex-Iugoslávia, mostrando-os sincronizados com o Exército Vermelho e incorporando-se aos batalhões.
Na reunião de Teerã, Churchill defende a segunda frente nos Bálcãs, enquanto Stálin e Roosevelt, na Normandia.
Roosevelt comenta que Churchill já está preocupado com o pós-Guerra e a presença soviética. Há a cena do encontro de Allen Dulles [da CIA] com um enviado de Hitler, onde discutem uma trégua de cem dias, para que o Exército alemão concentre todas as forças no leste, contendo o bolchevismo. Em Ialta, Stálin mostra a foto que seu agente tirou e pede lealdade. Roosevelt não nega, mas afirma que não aceitou. Stálin rasga a foto.
Churchill e Stálin mostram satisfação com o fracasso da Operação Valquíria, que poderia ter impedido a vitória total e arrasadora. Seis meses após a invasão da Normandia, Stálin recebe uma correspondência de Churchill, pedindo que acelere a ofensiva, pois a situação é grave pela contra-ofensiva dos alemães.
Churchill aceita o pedido e antecipa a ofensiva, sabendo que produzirá baixas adicionais pelas condições do tempo e uso de aviões. Com os russos próximos a Berlim, o Estado-Maior anglo-americano dá ordem para avançar a toda velocidade, evitando o controle total pela URSS.
O filme dá nova versão das mortes de Hitler e Goebbels: não se suicidaram, sendo mortos por sua guarda. E fecha com estatísticas, contrastando os 350 mil mortos, cada, de ingleses e americanos, com 7 milhões de poloneses, 10 milhões de alemães e 20 milhões de soviéticos. Uma série para ver e avaliar.


CESAR MAIA

0 comentários:

Postar um comentário