ZP11042405 - 24-04-2011
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“Na vossa Ressurreição, ó Cristo, alegrem-se os céus e a terra”
CIDADE DO VATICANO, domingo, 24 de abril de 2011 (ZENIT.org)
- Apresentamos a mensagem de Páscoa que Bento XVI dirigiu do balcão
central da Basílica de São Pedro ao meio-dia deste Domingo da
Ressurreição.
* * *
«In resurrectione tua, Christe, coeli et terra laetentur – Na vossa Ressurreição, ó Cristo, alegrem-se os céus e a terra» (Liturgia das Horas).
Amados irmãos e irmãs de Roma e do mundo inteiro!
A
manhã de Páscoa trouxe-nos este anúncio antigo e sempre novo: Cristo
ressuscitou! O eco deste acontecimento, que partiu de Jerusalém há vinte
séculos, continua a ressoar na Igreja, que traz viva no coração a fé
vibrante de Maria, a Mãe de Jesus, a fé de Madalena e das primeiras
mulheres que viram o sepulcro vazio, a fé de Pedro e dos outros
Apóstolos.
Até hoje – mesmo na nossa era de comunicações
supertecnológicas – a fé dos cristãos assenta naquele anúncio, no
testemunho daquelas irmãs e daqueles irmãos que viram, primeiro, a pedra
removida e o túmulo vazio e, depois, os misteriosos mensageiros que
atestavam que Jesus, o Crucificado, ressuscitara; em seguida, o Mestre e
Senhor em pessoa, vivo e palpável, apareceu a Maria de Magdala, aos
dois discípulos de Emaús e, finalmente, aos onze, reunidos no Cenáculo
(cf. Mc 16, 9-14).
A ressurreição de Cristo não é fruto de
uma especulação, de uma experiência mística: é um acontecimento, que
ultrapassa certamente a história, mas verifica-se num momento concreto
da história e deixa nela uma marca indelével. A luz, que encandeou os
guardas de sentinela ao sepulcro de Jesus, atravessou o tempo e o
espaço. É uma luz diferente, divina, que fendeu as trevas da morte e
trouxe ao mundo o esplendor de Deus, o esplendor da Verdade e do Bem.
Tal
como os raios do sol, na primavera, fazem brotar e desabrochar os
rebentos nos ramos das árvores, assim também a irradiação que dimana da
Ressurreição de Cristo dá força e significado a cada esperança humana, a
cada expectativa, desejo, projecto. Por isso, hoje, o universo inteiro
se alegra, implicado na primavera da humanidade, que se faz intérprete
do tácito hino de louvor da criação. O aleluia pascal, que ressoa
na Igreja peregrina no mundo, exprime a exultação silenciosa do
universo e sobretudo o anseio de cada alma humana aberta sinceramente a
Deus, mais ainda, agradecida pela sua infinita bondade, beleza e
verdade.
«Na vossa ressurreição, ó Cristo, alegrem-se os céus e a
terra». A este convite ao louvor, que hoje se eleva do coração da
Igreja, os «céus» respondem plenamente: as multidões dos anjos, dos
santos e dos beatos unem-se unânimes à nossa exultação. No Céu, tudo é
paz e alegria. Mas, infelizmente, não é assim sobre a terra! Aqui, neste
nosso mundo, o aleluia pascal contrasta ainda com os lamentos e
gritos que provêm de tantas situações dolorosas: miséria, fome, doenças,
guerras, violências. E todavia foi por isto mesmo que Cristo morreu e
ressuscitou! Ele morreu também por causa dos nossos pecados de hoje, e
também para a redenção da nossa história de hoje Ele ressuscitou. Por
isso, esta minha mensagem quer chegar a todos e, como anúncio profético,
sobretudo aos povos e às comunidades que estão a sofrer uma hora de
paixão, para que Cristo Ressuscitado lhes abra o caminho da liberdade,
da justiça e da paz.
Possa alegrar-se aquela Terra que, primeiro,
foi inundada pela luz do Ressuscitado. O fulgor de Cristo chegue também
aos povos do Médio Oriente para que a luz da paz e da dignidade humana
vença as trevas da divisão, do ódio e das violências. Na Líbia, que as
armas cedam o lugar à diplomacia e ao diálogo e se favoreça, na situação
actual de conflito, o acesso das ajudas humanitárias a quantos sofrem
as consequências da luta. Nos países da África do Norte e do Médio
Oriente, que todos os cidadãos – e de modo particular os jovens – se
esforcem por promover o bem comum e construir um sociedade, onde a
pobreza seja vencida e cada decisão política seja inspirada pelo
respeito da pessoa humana. A tantos prófugos e aos refugiados, que
provêm de diversos países africanos e se vêem forçados a deixar os
afectos dos seus entes mais queridos, chegue a solidariedade de todos;
os homens de boa vontade sintam-se inspirados a abrir o coração ao
acolhimento, para se torne possível, de maneira solidária e concorde,
acudir às necessidades prementes de tantos irmãos; a quantos se
prodigalizam com generosos esforços e dão exemplares testemunhos nesta
linha chegue o nosso conforto e apreço.
Possa recompor-se a
convivência civil entre as populações da Costa do Marfim, onde é urgente
empreender um caminho de reconciliação e perdão, para curar as feridas
profundas causadas pelas recentes violências. Possa encontrar consolação
e esperança a terra do Japão, enquanto enfrenta as dramáticas
consequências do recente terremoto, e demais países que, nos meses
passados, foram provados por calamidades naturais que semearam
sofrimento e angústia.
Alegrem-se os céus e a terra pelo
testemunho de quantos sofrem contrariedades ou mesmo perseguições pela
sua fé no Senhor Jesus. O anúncio da sua ressurreição vitoriosa neles
infunda coragem e confiança.
Queridos irmãos e irmãs! Cristo ressuscitado caminha à nossa frente para os novos céus e a nova terra (cf. Ap
21, 1), onde finalmente viveremos todos como uma única família, filhos
do mesmo Pai. Ele está connosco até ao fim dos tempos. Sigamos as suas
pegadas, neste mundo ferido, cantando o aleluia. No nosso
coração, há alegria e sofrimento; na nossa face, sorrisos e lágrimas. A
nossa realidade terrena é assim. Mas Cristo ressuscitou, está vivo e
caminha connosco. Por isso, cantamos e caminhamos, fiéis ao nosso
compromisso neste mundo, com o olhar voltado para o Céu.
Boa Páscoa a todos!
[Tradução distribuída pela Santa Sé
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