ZP11051601 - 16-05-2011
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Revelados documentos britânicos e norte-americanos
Por Jesús Colina
ROMA, segunda-feira, 16 de maio de 2011 (ZENIT.org)
- Os Estados Unidos e a Grã-Bretanha pressionaram Pio XII a guardar
silêncio perante a brutalidade nazista, com o objetivo de evitar que o
protesto papal gerasse consequências piores. É o que revelam documentos
até agora inéditos.
Os textos foram descobertos pela fundação Pave the Way,
criada pelo judeu norte-americano Gary Krupp. Krupp considera que as
revelações podem esclarecer melhor as circunstâncias em que o papa
Eugenio Pacelli atuou.
Entre os documentos, achados em arquivos
dos Estados Unidos, está a correspondência entre o representante
britânico junto à Santa Sé, sir D'Arcy Osborne, e Myron Taylor,
representante do presidente dos Estados Unidos, Franklin D. Roosevelt,
perante o Vaticano.
Na missiva, assinada por Franklin C. Gowen,
assistente de Taylor, às 12h45 do dia 7 de novembro de 1944, explica-se
que D'Arcy Osborne "ligou e disse temer que o Santo Padre lance um apelo
via rádio em favor dos judeus da Hungria e que critique o que os russos
estão fazendo nos territórios ocupados".
"Sir D'Arcy disse que é
preciso fazer alguma coisa para conseguir que o papa não se pronuncie
dessa forma, porque isso teria repercussões políticas muito graves",
acrescenta o diplomata dos EUA.
Documentos destruídos
"Outro
documento sobre a ajuda aos refugiados judeus afirma com clareza que a
carta devia ser destruída para não cair na mão dos inimigos", explicou
Krupp num comunicado enviado a ZENIT.
Numa carta enviada por
D'Arcy Osborne em 20 de abril de 1944 a Harold Tittman, assistente de
Myron Taylor, o representante britânico junto ao Vaticano pede a
destruição dos documentos enviados para ajudar organizações
norte-americanas judaicas, pois eles poderiam pôr em risco a vida de
quem os tivesse entregado, mencionando particularmente o perigo que
estava correndo um padre chamado Benedetto.
Gary Krupp explicou
que "esse procedimento foi aplicado normalmente durante a guerra e ainda
existem críticos que parecem não entender que esse é o motivo de tantas
ordens escritas terem sido destruídas".
O achado desses
documentos teve a participação de Ronald Rychlak, professor na Faculdade
de Direito da Universidade do Mississippi e autor de livros sobre Pio
XII.
Outros documentos
Por sua vez, Dimitri Cavalli, jornalista, pesquisador e colaborador da fundação Pave the Way, encontrou documentos altamente significativos da agência internacional JTA (Jewish Telegraph Agency).
Um
documento da agência, de 28 de junho de 1943, informa as denúncias da
Rádio Vaticano sobre o tratamento dado aos judeus na França.
Cavalli encontrou o número publicado em 19 de maio de 1940 da revista Jewish Chronicle, da B'nai B'rith
(associação judaica de ação social). Pio XII aparece na capa. A matéria
principal revela que o papa estava contratando professores judeus que
tinham sido expulsos das instituições italianas pelas leis raciais de
Benito Mussolini.
A JTA, em 15 de janeiro de 1943, publicou a
resposta do cardeal Pierre-Marie Gerlier, arcebispo de Lyon, às
autoridades nazistas que propuseram deixar a Igreja católica em paz
desde que ela se calasse quanto ao tratamento dado aos judeus. O cardeal
respondeu ao comandante nazista: "Você não sabe que o Santo Padre (o
papa Pio XII) condenou as leis antissemitas e todas as medidas
antijudaicas?". E com esta frase encerrou o encontro.
A revista judaica Advocate
publicou em 5 de fevereiro de 1943: "Cardeal húngaro ataca as teorias
raciais", em referência ao duro discurso do cardeal Jusztinián Györg
Serédi, O.S.B., arcebispo de Esztergom-Budapeste.
O
pronunciamento, veiculado pela Rádio Vaticano, condenou com força as
teorias raciais nazistas e pediu que a Hungria protegesse "todos os que
estão ameaçados por causa das suas crenças ou raça".
Na mesma
página, um breve artigo relata que Mussolini estava abrandando as leis
raciais com o objetivo de retomar as relações com o Vaticano.
O Jewish Chronicle
de Londres, em 9 de setembro de 1942, informava que Joseph Goebbels,
ministro de Propaganda da Alemanha nazista, tinha mandado imprimir dez
milhões de panfletos em vários idiomas e distribuí-los na Europa e na
América Latina, condenando Pio XII pela posição pró-judeus.
Gary
Krupp afirma a ZENIT que esses documentos não são mais do que uma gota
no mar das 46 mil páginas de matérias informativas, documentos
originais, material de pesquisa e testemunhos oculares que confirmam a
obra de ajuda de Pio XII aos judeus e que foram publicados pela Fundação
Pave the Way.
O material escrito, além de vídeos com testemunhos históricos, pode ser consultado em www.PTWF.org.
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