ZP11052311 - 23-05-2011
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Um livro para descobrir a origem divina da Igreja
ROMA, segunda-feira, 23 de maio de 2011 (ZENIT.org)
– “Urbano VI, o Papa que não deveria ser eleito” é o título provocador
do livro escrito pelo jornalista italiano Mario Prignano, no qual se
mostra como, inclusive nos momentos mais duros da vida da Igreja, é
possível ver sua origem divina.
O lançamento foi realizado no dia
20 de maio, na sede do Centro Internacional de Comunhão e Libertação, em
Roma, e contou com a intervenção do autor e da docente de história
contemporânea da universidade La Sapienza de Roma, Lucetta Scaraffia;
com a presença do cardeal Walter Brandmuller, bem como do diretor de L'Osservatore Romano, Giovanni Maria Vian.
Urbano VI (1318-1389) foi eleito sucessor de Pedro em um dos
conclaves mais curtos e conflituosos da história – 3 dias -, pouco
depois de o papado voltar de Avinhão a Roma (longo período que durou de
1309 a 1377).
O conclave teve início em 7 de abril de 1378, na presença de apenas
16 dos 22 cardeais que formaram o Colégio Cardinalício, já que não
aguardaram a chegada dos cardeais que estavam em Avinhão.
Eleito sob o medo
Dado que os cardeais estavam divididos em facções, na eleição papal, o
povo romano teve um papel decisivo de pressão, temendo que o eleito
fosse um cardeal francês, que voltaria à sede de Avinhão.
As pessoas concentraram-se na entrada do conclave com gritos de
"Romano lo volemo” ("Romano o queremos") e "al manco italiano" ("Pelo
menos italiano").
Neste ambiente de pressão, os cardeais elegeram o napolitano
Bartolomeo Prignano, arcebispo de Bari, que, ao não cardeal, não estava
participando do conclave.
O Cisma do Ocidente
Depois de ser eleito papa, Urbano VI se mostrou desconfiado e
colérico nas suas relações com os cardeais que o elegeram. Suas
intervenções políticas, em particular com Nápoles, também levantaram
muitas tensões.
Por esta razão, os cardeais, salvo quatro italianos, reuniram-se em
Agnani, onde, em 9 de agosto, divulgaram uma declaração para toda a
cristandade, na qual anulavam a eleição de Urbano, por ter sido
realizada sob o medo à violência do povo.
Em 20 de setembro de 1379, esperando que Urbano VI abdicasse, todos
os cardeais, incluindo os romanos, reuniram-se em Fondi, no território
de Nápoles, e elegeram Clemente VII, dando início ao Cisma do Ocidente,
que durou até 1417.
Origem divina apesar de seus homens
A professora Scaraffia, no seu discurso, abriu o contexto histórico,
lembrando que, naquela época, Avinhão tinha uma administração impecável,
algo que não existia em Roma.
Sob a influência da França, o Papa não corria um risco cotidiano,
como acontecia em Roma. Isso explica como Avinhão não era apenas um
capricho do rei da França, esclareceu.
O livro conta, em suas quase 250 páginas, "as obras e até os roubos
que eram realizados em nome do bem, um pouco como as hoje chamadas
guerras humanitárias".
Aquelas lutas medievais entre os cardeais, em que o Papa estava
envolvido, segundo a professora, "colocam-nos diante do mistério da
Igreja, que se manteve de pé depois da crise de Avinhão e outros dados
históricos".
Isso se explica porque sua missão consiste em dar continuidade à mensagem de salvação em Cristo, disse.
Pois bem, um papa como Urbano VI, "com um comportamento pelo menos discutível, manteve a corrente da transmissão petrina".
Recordou que o Papa recebeu, durante o cisma, o apoio de Santa
Catarina de Siena (1347-1380), exemplo clamoroso da participação das
mulheres na história do cristianismo, embora o Pontífice, após a morte
da Doutora da Igreja, tornou-se mais parecido aos papas da Igreja que
teria querido mudar e, portanto, "um homem de reforma torna-se um homem
de poder".
O livro conta com a introdução do historiador e diretor de L'Osservatore Romano, Gian Maria Vian.
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