sexta-feira, 28 de outubro de 2011

DISCURSO DO PAPA BENTO XVI

DIA DE REFLEXÃO, DIÁLOGO E ORAÇÃO PELA PAZ E A JUSTIÇA NO MUNDO "PEREGRINOS DA VERDADE, PEREGRINOS DA PAZ" Assis, Basílica de Santa Maria dos Anjos Quinta-feira, 27 de Outubro de 2011 [Vídeo] Queridos irmãos e irmãs, distintos Chefes e representantes das Igrejas e Comunidades eclesiais e das religiões do mundo, queridos amigos, Passaram-se vinte e cinco anos desde quando pela primeira vez o beato Papa João Paulo II convidou representantes das religiões do mundo para uma oração pela paz em Assis. O que aconteceu desde então? Como se encontra hoje a causa da paz? Naquele momento, a grande ameaça para a paz no mundo provinha da divisão da terra em dois blocos contrapostos entre si. O símbolo saliente daquela divisão era o muro de Berlim que, atravessando a cidade, traçava a fronteira entre dois mundos. Em 1989, três anos depois do encontro em Assis, o muro caiu, sem derramamento de sangue. Inesperadamente, os enormes arsenais, que estavam por detrás do muro, deixaram de ter qualquer significado. Perderam a sua capacidade de aterrorizar. A vontade que tinham os povos de ser livres era mais forte que os arsenais da violência. A questão sobre as causas de tal derrocada é complexa e não pode encontrar uma resposta em simples fórmulas. Mas, ao lado dos factores económicos e políticos, a causa mais profunda de tal acontecimento é de carácter espiritual: por detrás do poder material, já não havia qualquer convicção espiritual. Enfim, a vontade de ser livre foi mais forte do que o medo face a uma violência que não tinha mais nenhuma cobertura espiritual. Sentimo-nos agradecidos por esta vitória da liberdade, que foi também e sobretudo uma vitória da paz. E é necessário acrescentar que, embora neste contexto não se tratasse somente, nem talvez primariamente, da liberdade de crer, também se tratava dela. Por isso, podemos de certo modo unir tudo isto também com a oração pela paz. Mas, que aconteceu depois? Infelizmente, não podemos dizer que desde então a situação se caracterize por liberdade e paz. Embora a ameaça da grande guerra não se aviste no horizonte, todavia o mundo está, infelizmente, cheio de discórdias. E não é somente o facto de haver, em vários lugares, guerras que se reacendem repetidamente; a violência como tal está potencialmente sempre presente e caracteriza a condição do nosso mundo. A liberdade é um grande bem. Mas o mundo da liberdade revelou-se, em grande medida, sem orientação, e não poucos entendem, erradamente, a liberdade também como liberdade para a violência. A discórdia assume novas e assustadoras fisionomias e a luta pela paz deve-nos estimular a todos de um modo novo. Procuremos identificar, mais de perto, as novas fisionomias da violência e da discórdia. Em grandes linhas, parece-me que é possível individuar duas tipologias diferentes de novas formas de violência, que são diametralmente opostas na sua motivação e, nos particulares, manifestam muitas variantes. Primeiramente temos o terrorismo, no qual, em vez de uma grande guerra, realizam-se ataques bem definidos que devem atingir pontos importantes do adversário, de modo destrutivo e sem nenhuma preocupação pelas vidas humanas inocentes, que acabam cruelmente ceifadas ou mutiladas. Aos olhos dos responsáveis, a grande causa da danificação do inimigo justifica qualquer forma de crueldade. É posto de lado tudo aquilo que era comummente reconhecido e sancionado como limite à violência no direito internacional. Sabemos que, frequentemente, o terrorismo tem uma motivação religiosa e que precisamente o carácter religioso dos ataques serve como justificação para esta crueldade monstruosa, que crê poder anular as regras do direito por causa do «bem» pretendido. Aqui a religião não está ao serviço da paz, mas da justificação da violência. A crítica da religião, a partir do Iluminismo, alegou repetidamente que a religião seria causa de violência e assim fomentou a hostilidade contra as religiões. Que, no caso em questão, a religião motive de facto a violência é algo que, enquanto pessoas religiosas, nos deve preocupar profundamente. De modo mais subtil mas sempre cruel, vemos a religião como causa de violência também nas situações onde esta é exercida por defensores de uma religião contra os outros. O que os representantes das religiões congregados no ano 1986, em Assis, pretenderam dizer – e nós o repetimos com vigor e grande firmeza – era que esta não é a verdadeira natureza da religião. Ao contrário, é a sua deturpação e contribui para a sua destruição. Contra isso, objecta-se: Mas donde deduzis qual seja a verdadeira natureza da religião? A vossa pretensão por acaso não deriva do facto que se apagou entre vós a força da religião? E outros objectarão: Mas existe verdadeiramente uma natureza comum da religião, que se exprima em todas as religiões e, por conseguinte, seja válida para todas? Devemos enfrentar estas questões, se quisermos contrastar de modo realista e credível o recurso à violência por motivos religiosos. Aqui situa-se uma tarefa fundamental do diálogo inter-religioso, uma tarefa que deve ser novamente sublinhada por este encontro. Como cristão, quero dizer, neste momento: É verdade, na história, também se recorreu à violência em nome da fé cristã. Reconhecemo-lo, cheios de vergonha. Mas, sem sombra de dúvida, tratou-se de um uso abusivo da fé cristã, em contraste evidente com a sua verdadeira natureza. O Deus em quem nós, cristãos, acreditamos é o Criador e Pai de todos os homens, a partir do qual todas as pessoas são irmãos e irmãs entre si e constituem uma única família. A Cruz de Cristo é, para nós, o sinal daquele Deus que, no lugar da violência, coloca o sofrer com o outro e o amar com o outro. O seu nome é «Deus do amor e da paz» (2 Cor 13,11). É tarefa de todos aqueles que possuem alguma responsabilidade pela fé cristã, purificar continuamente a religião dos cristãos a partir do seu centro interior, para que – apesar da fraqueza do homem – seja verdadeiramente instrumento da paz de Deus no mundo. Se hoje uma tipologia fundamental da violência tem motivação religiosa, colocando assim as religiões perante a questão da sua natureza e obrigando-nos a todos a uma purificação, há uma segunda tipologia de violência, de aspecto multiforme, que possui uma motivação exactamente oposta: é a consequência da ausência de Deus, da sua negação e da perda de humanidade que resulta disso. Como dissemos, os inimigos da religião vêem nela uma fonte primária de violência na história da humanidade e, consequentemente, pretendem o desaparecimento da religião. Mas o «não» a Deus produziu crueldade e uma violência sem medida, que foi possível só porque o homem deixara de reconhecer qualquer norma e juiz superior, mas tomava por norma somente a si mesmo. Os horrores dos campos de concentração mostram, com toda a clareza, as consequências da ausência de Deus. Aqui, porém, não pretendo deter-me no ateísmo prescrito pelo Estado; queria, antes, falar da «decadência» do homem, em consequência da qual se realiza, de modo silencioso, e por conseguinte mais perigoso, uma alteração do clima espiritual. A adoração do dinheiro, do ter e do poder, revela-se uma contra-religião, na qual já não importa o homem, mas só o lucro pessoal. O desejo de felicidade degenera num anseio desenfreado e desumano como se manifesta, por exemplo, no domínio da droga com as suas formas diversas. Aí estão os grandes que com ela fazem os seus negócios, e depois tantos que acabam seduzidos e arruinados por ela tanto no corpo como na alma. A violência torna-se uma coisa normal e, em algumas partes do mundo, ameaça destruir a nossa juventude. Uma vez que a violência se torna uma coisa normal, a paz fica destruída e, nesta falta de paz, o homem destrói-se a si mesmo. A ausência de Deus leva à decadência do homem e do humanismo. Mas, onde está Deus? Temos nós possibilidades de O conhecer e mostrar novamente à humanidade, para fundar uma verdadeira paz? Antes de mais nada, sintetizemos brevemente as nossas reflexões feitas até agora. Disse que existe uma concepção e um uso da religião através dos quais esta se torna fonte de violência, enquanto que a orientação do homem para Deus, vivida rectamente, é uma força de paz. Neste contexto, recordei a necessidade de diálogo e falei da purificação, sempre necessária, da vivência da religião. Por outro lado, afirmei que a negação de Deus corrompe o homem, priva-o de medidas e leva-o à violência. Ao lado destas duas realidades, religião e anti-religião, existe, no mundo do agnosticismo em expansão, outra orientação de fundo: pessoas às quais não foi concedido o dom de poder crer e todavia procuram a verdade, estão à procura de Deus. Tais pessoas não se limitam a afirmar «Não existe nenhum Deus», mas elas sofrem devido à sua ausência e, procurando a verdade e o bem, estão, intimamente estão a caminho d’Ele. São «peregrinos da verdade, peregrinos da paz». Colocam questões tanto a uma parte como à outra. Aos ateus combativos, tiram-lhes aquela falsa certeza com que pretendem saber que não existe um Deus, e convidam-nos a tornar-se, em lugar de polémicos, pessoas à procura, que não perdem a esperança de que a verdade exista e que nós podemos e devemos viver em função dela. Mas, tais pessoas chamam em causa também os membros das religiões, para que não considerem Deus como uma propriedade que de tal modo lhes pertence que se sintam autorizados à violência contra os demais. Estas pessoas procuram a verdade, procuram o verdadeiro Deus, cuja imagem não raramente fica escondida nas religiões, devido ao modo como eventualmente são praticadas. Que os agnósticos não consigam encontrar a Deus depende também dos que crêem, com a sua imagem diminuída ou mesmo deturpada de Deus. Assim, a sua luta interior e o seu interrogar-se constituem para os que crêem também um apelo a purificarem a sua fé, para que Deus – o verdadeiro Deus – se torne acessível. Por isto mesmo, convidei representantes deste terceiro grupo para o nosso Encontro em Assis, que não reúne somente representantes de instituições religiosas. Trata-se de nos sentirmos juntos neste caminhar para a verdade, de nos comprometermos decisivamente pela dignidade do homem e de assumirmos juntos a causa da paz contra toda a espécie de violência que destrói o direito. Concluindo, queria assegura-vos de que a Igreja Católica não desistirá da luta contra a violência, do seu compromisso pela paz no mundo. Vivemos animados pelo desejo comum de ser «peregrinos da verdade, peregrinos da paz». © Copyright 2011 - Libreria Editrice Vaticana

Breves considerações sobre o ateísmo

A existência de Deus não é um dado apenas da fé, pois Ele é cognoscível naturalmente, ou seja, sua existência pode ser verificada por meio de provas racionais. Dessa forma, como explicar que haja ateus? Será verdade que existem? E, se existem, quais são as causas e conseqüências do ateísmo? Ateu é o que não crê na existência de Deus. Desta definição se vê que não devemos incluir no número dos ateus: a) Os indiferentes, que põem de parte o problema da origem do mundo e da alma, e vivem sem preocupações acerca de seu destino. Ainda que esta disposição de espírito conduza ao ateísmo, os indiferentes não são ateus propriamente ditos. b) Os agnósticos, para os quais Deus pertence ao domínio do incognoscível. Esta atitude equivale a um cepticismo religioso. c) Muito menos devem ser tidos por ateus aqueles que ignoram quase por completo a religião e professam exteriormente o ateísmo, porque julgam essa atitude própria dos espíritos fortes, ou porque têm interesse de seguir a corrente do favoritismo oficial. Portanto, devemos somente considerar como ateus os homens de ciência e os filósofos que, depois de ponderar maduramente as razões, pró e contra, da existência de Deus, optam pela negativa. Embora pouco numerosos proporcionalmente, os ateus têm um número crescente e geralmente atuam em conjunto com agnósticos. As causas do ateísmo podem ser intelectuais, morais e sociais. Causas intelectuais a) A incredulidade dos homens de ciência, deve atribuir-se ordinariamente a preconceitos e ao emprego de um método falso. É evidente que nunca poderão ultrapassar os fenômenos e atingir as substâncias, se nesta matéria empregam o método experimental, que só admite o que pode ser objeto da experiência e ser observado pelos sentidos. Notemos ainda que algumas fórmulas, por eles usadas, não são verdadeiras, pelo menos no sentido em que tomam. Por exemplo, quando alegam que a matéria é necessária e não contingente, invocam para o demonstrar a necessidade da energia e das leis. Ora, é bem claro que a palavra necessária neste caso é equívoca. A necessidade pode ser absoluta ou relativa. É absoluta, quando a não-existência encerra contradição; relativa quando a coisa em questão, na hipótese de existir, deve possuir tal ou tal essência, esta ou aquela qualidade, por exemplo: uma ave deve ter asas, sem elas já não seria ave.Como a energia e as leis são necessárias somente no sentido relativo, os materialistas erram em concluir que a matéria é o "Ser necessário no sentido absoluto". b) O ateísmo dos filósofos contemporâneos tem a sua origem no criticismo de Kant e no positivismo de Conte. Segundo os criticistas e os positivistas, a razão não pode chegar à certeza objetiva, nem conhecer as substâncias que se ocultam sob os fenômenos. Diminuindo assim o valor da razão, rejeitam todos os argumentos tradicionais da existência de Deus. Pode pois dizer-se que a crise de fé, na maioria dos filósofos contemporâneos, é de fato uma crise da razão. Mas há de acontecer a esta o que acontece aos que estão injustamente detidos: será um dia reabilitada e retomará os seus direitos. Causas morais a) A falta de boa vontade. Se as provas da existência de Deus se estudassem com mais sinceridade e menos espírito de crítica, não haveria tanta resistência à força dos argumentos. Também não se deve exigir dos argumentos mais do que eles podem dar: é evidente que a sua força demonstrativa, ainda que real e absoluta, não nos pode dar evidência matemática. b) As paixões. A fé é um obstáculo para as paixões. Ora, quando alguma coisa nos incomoda, encontramos sempre motivos para nos afastar. "Há sempre no coração apaixonado, motivos secretos para julgar falso o que é verdadeiro...facilmente se crê o que muito se deseja; e quando o coração se entrega à sedução do prazer, o espírito abraça voluntariamente o erro que lhe dá razão" (Frayssinous, Defense du christianisme. L´ incrédulité dês jeunes gens). P. Bourget (Essai de psychologie contemporaine), refletindo sobre a realidade francesa, numa análise penetrante que faz da incredulidade, escreve as seguintes linhas: "O homem quando abandona a fé, desprende-se, sobretudo, duma cadeia insuportável aos seus prazeres...Nenhum daqueles, que estudaram nos nossos liceus e universidades, ousará negar que a impiedade precoce dos livres pensadores de capa e batina começou por alguma fraqueza da carne, seguida do horror de a confessar. Acode imediatamente a razão a aduzir argumentos (!!!) em defesa duma tese de negação, que já antes admitira por causa das necessidades da vida prática". c) Os veículos de comunicação. Não aludimos aos que são claramente imorais, mas aos que atacam disfarçadamente e continuamente os fundamentos da moralidade e, em nome de um pretendido progresso e de uma suposta ciência, querem fazer-nos crer que Deus, a alma e a liberdade são apenas palavras a encobrir quimeras. Causas sociais a) A educação. Não é exagero dizer que as escolas neutras são um terreno excepcionalmente próprio para a cultura do ateísmo. A sociedade hodierna em geral caminha para o ateísmo, porque assim o quer. b) O respeito humano. Muitos têm medo de parecer crentes porque a religião já não é estimada em certos círculos influentes e temem cair no ridículo. Consequências do ateísmo O ateísmo, pelo fato de negar a existência de Deus, destrói radicalmente o fundamento da moral e dá origem às mais funestas conseqüências para o indivíduo e para a sociedade. Para o indivíduo: a) O ateu deixa-se arrastar pelas paixões. Se não há Deus, se não existe um Senhor Supremo, que possa impor a prática do bem e castigar o mal, porque razão não se hão de satisfazer todos os apetites e correr atrás da felicidade terrena, por todos os meios que estiverem ao alcance de cada um? b) Além disso, o ateísmo priva o homem de toda a consolação, tão necessária nos reveses da vida. Para a sociedade: As conseqüências do ateísmo são ainda mais prejudiciais à sociedade. Suprimindo as idéias de justiça e de responsabilidade, o ateísmo leva os Estados ao despotismo e à anarquia, e o direito é substituído pela força. Se os governantes não vêem acima de si um Senhor que lhes pedirá contas da sua administração, governarão a sociedade segundo os seus caprichos. Mais ainda, os homens, na realidade, não são todos iguais nas honras, nas riquezas, nas situações e nas dignidades. Ora, se não existe um Deus para recompensar um dia os mais deserdados da fortuna, que cumprem animosamente o seu dever e aceitam com resignação as provas da vida, porque não haveriam de se revoltar contra um mundo e uma sociedade injusta e reclamar para si, a todo custo, o seu quinhão de felicidade e prazer? *** Bibliografia: BOULANGER. Manual de Apologética Por Thiago Santos de Moraes http://veritatis.com.br

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Algumas lições da morte de Muammar Kaddafi

Os meios de comunicação mostraram a maneira como foi morto Gaddafi, o ditador líbio que esteve no poder por mais de 40 anos e que subjugou indignamente seu povo, desfrutando de suas riquezas de maneira egoísta e despótica, tendo prendido e eliminado muitos dos seus adversários que lutavam por justiça e liberdade. Finalmente, para não entregar o poder, aceitou uma carnificina contra o seu próprio povo, levando o país a uma triste guerra civil que deve terminar com a sua morte. Tudo isso é verdade, e o ditador precisava mesmo ser julgado e condenado, pois foi cruel. Mas não da maneira como foi. Ele deveria e poderia ter sido preso e julgado como foi Sadam Hussein e Hosni Mubarak, mas o que vimos foi vexaminoso e vergonhoso para a humanidade: um ser humano ser morto como se fosse o pior animal selvagem, da maneira mais cruel e indigna de qualquer ser humano. Não se buscou contra ele simplesmente justiça, mas se derramou sobre ele o mais triste ódio e a mais criminosa vingança. Isto é contra a lei de Deus. Um erro não justifica o outro; esta é a base da moral cristã. Não se pode fazer o bem por meio de um mal. Não se pode eliminar um ser humano, por pior que ele seja, da maneira que vimos ser eliminado Gaddafi. Foi um ato vergonhoso para a humanidade e que merece desagravo. Todo o episódio que levou à morte de Muammar Gaddafi serve de lição para todos os países. Não há lugar no mundo contemporâneo para ditaduras ferrenhas que se instalam no poder, como se seus governantes fossem donos da Nação e do povo; como se vê ainda em Cuba, depois de 50 anos sem que o povo possa, ao menos, eleger seus governantes. Isso levou esta Ilha a um atraso sem precedentes. O mesmo acontece na Coréia do Norte e outros países Árabes, onde o povo está saindo às ruas para exigir democracia: Irã, Egito, Iêmen, Arábia Saudita, Líbia etc. A Igreja ensina que os cidadãos têm o direito e o dever de escolher livremente seus governantes; diz o nosso Catecismo que "se, por um lado, a autoridade remete a uma ordem fixada por Deus, por outro, são entregues à livre vontade dos cidadãos a escolha do regime e a designação dos governantes" (§1901). "A autoridade pública deve respeitar os direitos fundamentais da pessoa humana e as condições de exercício de sua liberdade" (Cat. §2254). Um povo sem liberdade é um povo que perde a sua dignidade; é como um pássaro preso em uma gaiola: tem comida, mas não tem vida. Por isso a Igreja ensina que "a autoridade não deve se comportar de maneira despótica, mas agir para o bem comum, como uma força moral fundada na liberdade e no senso de responsabilidade" (§1902). "A autoridade política deve desenvolver-se dentro dos limites da ordem moral e garantir as condições para o exercício da liberdade". (§1923) Quando um povo não escolhe livremente seus governantes, não tem motivação para cooperar com eles. A Igreja condena também uma intervenção exagerada do Estado na vida da nação, pois isso limita a livre inciativa e o progresso. "Uma intervenção muito acentuada do Estado pode ameaçar a liberdade e iniciativa pessoais. A doutrina da Igreja elaborou o chamado princípio de subsidiariedade" (Cat. §1883). "Segundo este princípio, nem o Estado nem qualquer outra sociedade mais ampla devem substituir a iniciativa e a responsabilidade das pessoas e dos órgãos intermediários (§1894). E a Igreja ensina também que o cristão não está obrigado a obedecer leis imorais: "O cidadão está obrigado em consciência a não seguir as prescrições das autoridades civis, quando contrárias às exigências da ordem moral. "É preciso obedecer antes a Deus que aos homens" (At 5,29). (Cat.§2256) O poder não pode ficar nas mãos de poucas pessoas, pois sabemos que "a carne é fraca" e que "o poder corrompe as pessoas"; por isso a Igreja ensina que: "É preferível que cada poder seja equilibrado por outros poderes e outras esferas de competência que o mantenham em seu justo limite. Este e o principio do 'estado de direito', no qual é soberana a lei, e não a vontade arbitrária dos homens." (Cat. §1904). É por isso que numa autêntica democracia os três poderes são interdependentes: Judiciário, Executivo e Legislativo; e um não pode subjugar os outros, como temos visto acontecer fortemente hoje em alguns países da América Latina; isso destrói a verdadeira democracia. O Catecismo da Igreja diz com todas as letras que: "Deve-se louvar a maneira de proceder daquelas nações em que a maior parte dos cidadãos, com autêntica liberdade, participa da vida pública." (§1915). "É legítima a diversidade dos regimes políticos, contanto que concorram para o bem da comunidade". (§1922) *** Prof. Felipe Aquino

Reformar arquitetura do sistema financeiro mundial

[normal] [medium] [big] ZP11102508 - 25-10-2011 Permalink: http://www.zenit.org/article-29125?l=portuguese Propostas da nota do Conselho Pontifício Justiça e Paz ROMA, terça-feira, 25 de outubro de 2011 (ZENIT.org) – Em sua intervenção na coletiva de imprensa de apresentação da Nota do Conselho Pontifício Justiça e Paz, “Por uma reforma do sistema financeiro internacional na perspectiva de uma autoridade pública de competência universal”, o professor Leonardo Becchetti afirmou que “a crise financeira global é uma oportunidade para reformar a arquitetura do sistema financeiro mundial, reforçar a União Europeia do ponto de vista da harmonização das políticas fiscais, procedendo de maneira mais expeditiva rumo à meta de uma unidade política, e aumentar a disciplina das políticas fiscais nacionais”. O professor Becchetti, docente de Economia Política na universidade romana de Tor Vergata, indicou dois caminhos pelos quais avançar: o primeiro, construir um conjunto de regras de governo global que, no possível, sirvam de marco para a ação das instituições globais; o segundo, reformar o sistema financeiro internacional com uma série de propostas específicas. Sobre o primeiro ponto, sublinhou que “o governo global é urgente e necessário para superar a assimetria entre a globalização dos mercados globais e as regras que continuam sendo sobretudo nacionais”. “A globalização – explicou – nos torna cada vez mais interdependentes e torna praticamente impossível desinteressar-se dos problemas de outros países”, e ilustrou sobre as consequências tipo 'dominó' que houve no mundo, tanto da crise nos Estados Unidos como da União Europeia, e sobre fatores tais como a ampla possessão de títulos do tesouro americano por parte da China, ou dos gregos por parte dos bancos franceses e alemães.” Sobre as regras para os mercados financeiros, o professor Becchetti precisou que “o documento faz próprias algumas propostas já lançadas pela lei Dodd-Frank nos Estados Unidos, e pela comissão Vickers no Reino Unido, que ainda não entraram em vigor por diversas dificuldades”. Segundo o docente de Economia Política, o ponto fundamental, no entanto, é o de “devolver as finanças ao serviço da economia real”. Para fazer isso, é necessário: reduzir a influência dos bancos grandes demais para quebrar; adotar a chamada Volckerrule, que impede os bancos de comerciar com os depósitos dos clientes e regulamentar de modo mais severo o marcado dos derivados que nascem como instrumentos asseguradores. Uma quarta proposta se refere à instituição de uma taxa sobre as transações financeiras, ideia que está ganhando um vasto consenso. Para introduzir tal taxa, existem, no entanto, quatro objeções principais. O docente informou sobre os argumentos daqueles que se opõem à taxa sobre as transações financeiras porque: “não se pode impor, se não for no âmbito global; não haveria ingressos pela fuga de capitais; a taxa aumenta significativamente o custo do capital; a taxa reduz a liquidez dos mercados”. Segundo o professor Becchetti, tais argumentos são “falsos ou infundados, seja pela evidência dos fatos (os dois primeiros), seja pela falta de provas (os outros dois)”. Uma taxa sobre as transações financeiras – concluiu o docente universitário – “pode ser uma etapa importante no reequilíbrio das relações entre instituições e finanças, e a recuperação daquela confiança por parte da sociedade civil, com relação às instituições financeiras, da que temos urgente necessidade”.

Apresentada no Vaticano nota por reforma do sistema financeiro internacional

ZP11102505 - 25-10-2011 Permalink: http://www.zenit.org/article-29122?l=portuguese Mercados livres e respeito à subsidiariedade ROMA, terça-feira, 25 de outubro de 2011 (ZENIT.org) – O Conselho Pontifício “Justiça e Paz” apresentou ontem o documento “Para uma reforma do sistema financeiro internacional na perspectiva de uma autoridade pública de competência universal”, que propõe a criação de um organismo internacional super partes, com uma constituição aceita por todos, capaz de regular as finanças internacionais, colocá-las ao serviço não da especulação, mas da economia real, da pessoa humana e respeitando o princípio de subsidiariedade. Entre os expoentes, Dom Toso explicou que a nota é “uma releitura da grave crise econômica e financeira na qual ainda estamos mergulhados, indicando, entre outras coisas, não somente as éticas, mas especificamente as ideológicas”. O secretário de Justiça e Paz falou das novas ideologias, “neoliberais, neoutilitárias e tecnocráticas que, enquanto reduzem o bem comum a dimensões econômicas, financeiras e técnicas absolutizadas, colocam em perigo o futuro das próprias instituições democráticas”. O cardeal Turkson precisou que o documento será discutido no G20, em 3 e 4 de novembro, para que os reunidos possam imaginar “uma reforma do sistema financeiro e monetário internacional, na perspectiva de uma autoridade pública de competência mundial”. Respondendo sobre algumas coincidências com as petições dos “indignados”, o prelado manteve as distâncias, recordando que “a base é a doutrina social da Igreja e seu centro é a dignidade da pessoa humana”. Além disso, “não é um documento papal, nem sequer da Secretaria de Estado – esclareceu o porta-voz vaticano, Pe. Federico Lombardi SJ. É uma contribuição do Conselho Pontifício 'Justiça e Paz'. Portanto, não é de magistério papal, mas de um autorizado dicastério da Santa Sé”. No momento de perguntas e respostas, Dom Toso sublinhou que “não se trata de criar um Moloch”, mas um governo aceito por todos, porque “hoje nosso problema é fugir do fato de que poucos decidam pelos outros”. Portanto, favorecer “mercados livres e estáveis, disciplinados por um adequado marco jurídico, funcionais para o desenvolvimento sustentável e o progresso social de todos, inspirados nos valores da caridade na verdade”. Sobre a dificuldade de tradução da palavra governanza, o cardeal Turkson recordou que não se pensa em um governo mundial, mas se entende como um ente com “uma boa capacidade de gestionar” e que “respeite a soberania de cada país”. O presidente do conselho pontifício recordou a sintonia do atual documento com a Pacem in Terris, a Populorum progressio, a Caritas in Veritate, e concluiu com as palavras de Bento XVI: “A crise nos obriga a voltar a projetar o nosso caminho, a dar-nos novas regras e a encontrar novas formas de compromisso, que apontem a experiências positivas e a rejeitar as negativas”.

sábado, 22 de outubro de 2011

Democracia normal e patológica

Parte 1 A patologia depende da fisiologia. Não é possível saber se um órgão está doente quando não se tem idéia de como ele deveria funcionar normalmente. O mesmo princípio vigora na análise política. Não se pode falar de uma doença política da democracia quando não se tem uma idéia clara do que é uma democracia normal. Felizmente para o estudioso, as democracias normais não somente existem, mas são mesmo as nações mais visíveis e influentes do mundo. Malgrado as forças patológicas que permanentemente as assaltam desde dentro e desde fora, e malgrado a inabilidade com que por vezes se defendem, essas democracias ainda exibem uma vitalidade invejável. A Inglaterra e os EUA são as mais antigas. Alguns países escandinavos consolidaram-se como democracias normais desde a segunda metade do século XIX. A Alemanha, a Itália e a França, após várias tentativas falhadas, só conseguiram se estabilizar nessa condição após o término da II Guerra Mundial. A democracia israelense nasceu junto com o próprio Estado de Israel, em 1947. As democracias normais mais novas são a Espanha, Portugal e alguns países do Leste Europeu libertados do jugo comunista no começo dos anos 90. Material para estudo e comparação, portanto, não falta. Só um cretino ou alguém interessado em confundir propositadamente as coisas pode ignorar o que é normalidade democrática, ou chamar por esse nome algo que não é nem democracia nem muito menos normal. Que é, no período histórico nascido desde a Revolução Americana, uma democracia política normal no Ocidente? Se o conceito genérico de "democracia" pode ser definido por traços meramente jurídico-formais como a existência de uma ordem constitucional, partidos políticos, liberdade de imprensa etc., a mera presença desses traços é comum às democracias saudáveis e as doentes. A normalidade do sistema democrático tem de ser aferida por diferenças substantivas que o mero formalismo não apreende. Normalidade democrática é a concorrência efetiva, livre, aberta, legal e ordenada de duas ideologias que pretendem representar os melhores interesses da população: de um lado, a "esquerda", que favorece o controle estatal da economia e a interferencia ativa do governo em todos os setores da vida social, colocando o ideal igualitário acima de outras considerações de ordem moral, cultural, patriótica ou religiosa. De outro, a "direita", que favorece a liberdade de mercado, defende os direitos individuais e os poderes sociais intermediários contra a intervenção do Estado e coloca o patriotismo e os valores religiosos e culturais tradicionais acima de quaisquer projetos de reforma da sociedade. Representadas por dois ou mais partidos e amparadas nos seus respectivos mentores intelectuais e órgãos de mídia, essas forças se alternam no governo conforme as favoreça o resultado de eleições livres e periódicas, de modo que os sucessos e fracassos de cada uma durante sua passagem pelo poder sejam mutuamente compensados e tudo concorra, no fim das contas, para o benefício da população. Entre a esquerda e a direita estende-se toda uma zona indecisa de mesclagens e transigências, que podem assumir a forma de partidos menores independentes ou consolidar-se como política permanente de concessões mútuas entre as duas facções maiores. É o "centro", que se define precisamente por não ser nada além da própria forma geral do sistema indevidamente transmutada às vezes em arremedo de facção política, como se numa partida de futebol o manual de instruções pretendesse ser um terceiro time em campo. Nas beiradas do quadro legítimo, florescendo em zonas fronteiriças entre a política e o crime, há os "extremismos" de parte a parte: a extrema esquerda prega a submissão integral da sociedade a uma ideologia revolucionária personificada num Partido-Estado, a extinção completa dos valores morais e religiosos tradicionais, o igualitarismo forçado por meio da intervenção fiscal, judiciária e policial. A extrema direita propõe a criminalização de toda a esquerda, a imposição da uniformidade moral e religiosa sob a bandeira de valores tradicionais, a transmutação de toda a sociedade numa militância patriótica obediente e disciplinada. Não é o apelo à violência que define, ostensivamente e em primeira instância, os dois extremismos: tanto um quanto o outro admitem alternar os meios violentos e pacíficos de luta conforme as exigências do momento, submetendo a frias considerações de mera oportunidade, com notável amoralismo e não sem uma ponta de orgulho maquiavélico, a escolha entre o morticínio e a sedução. Isso permite que forjem alianças, alternadamente ou ao mesmo tempo, com gangues de delinqüentes e com os partidos legítimos, às vezes desfrutando gostosamente de uma espécie de direito ao crime. Não é uma coincidencia que, quando sobem ao poder ou se apropriam de uma parte dele, os dois favoreçam igualmente uma economia de intervenção estatista. Isto não se deve ao slogan de que "os extremos se tocam", mas à simples razão de que nenhuma política de transformação forçada da sociedade se pode realizar sem o controle estatal da atividade econômica, pouco importando que seja imposto em nome do igualitarismo ou do nacionalismo, do futurismo utópico ou do tradicionalismo mais obstinado. Por essa razão, ambos os extremismos são sempre inimigos da direita, mas, da esquerda, só de vez em quando. A extrema esquerda só se distingue da esquerda por uma questão de grau (ou de pressa relativa), pois ambas visam em última instância ao mesmo objetivo. Já a extrema direita e a direita, mesmo quando seus discursos convergem no tópico dos valores morais ou do anti-esquerdismo programático, acabam sempre se revelando incompatíveis em essência: é materialmente impossível praticar ao mesmo tempo a liberdade de mercado e o controle estatal da economia, a preservação dos direitos individuais e a militarização da sociedade. Isso é uma vantagem permanente a favor da esquerda: alianças transnacionais da esquerda com a extrema esquerda sempre existiram, como a Internacional Comunista, o Front Popular da França e, hoje, o Foro de São Paulo. Uma "internacional de direita" é uma impossibilidade pura e simples. Essa desvantagem da direita é compensada no campo econômico, em parte, pela inviabilidade intrínseca do estatismo integral, que obriga a esquerda a fazer periódicas concessões ao capitalismo. Embora essas noções sejam óbvias e facilmente comprováveis pela observação do que se passa no mundo, você não pode adquiri-las em nenhuma universidade brasileira nem na leitura dos comentários politicos usuais, pois praticamente todo mundo que abre a boca para falar de política neste país, com exceções tão minguadas quanto inaudíveis, é parte interessada e beneficiária da confusão geral, a começar pelos professores universitários e comentaristas de mídia. No próximo artigo, aplicarei os conceitos aqui resumidos à análise da democracia brasileira. *** Fonte: Diário do Comércio Por Olavo de Carvalho

domingo, 16 de outubro de 2011

Quem está por trás do movimento esquerdista “Ocupe Wall Street”?

Ou: Obama como potencial beneficiário do “fascismo de esquerda” Quem, afinal de contas, dá suporte ao movimento esquerdista “Ocupe Wall Street”? O debate corre solto nos Estados Unidos, e um nome se tornou freqüente no debate: alguns conservadores vêem na patuscada dinheiro do bilionário George Soros, já que ele financia ONGs “progressistas” que, por sua vez, apóiam a “ocupação”. Huuummm… Parte dos que estão na praça quer o fim do capitalismo, reivindicação surgida junto com o capitalismo, há alguns séculos. Outro tanto defende uma sobretaxação para os ricos, e isso, sim, conta com o apoio de alguns milionários e bilionários “progressistas”, que igualmente censuram a ganância do capitalismo financeiro — nesse caso, não vêem contradição nenhuma em arrancar o máximo possível do “sistema”, ainda que o façam com dor no coração e alguma culpa. Um expoente dessa corrente dos “bilionários com alma” é Warren Buffet, que passou a defender ativamente que os ricos paguem mais impostos, como quer Barack Obama. Bem, o meu “jornalismo investigativo” pessoal se atém mais à lógica dos processos e à análise da metafísica influente do que à caça de “culpados”. Temos não mais do que frases esparsas de Obama expressando sua simpatia pelo movimento. Parte da pauta da turma da praça coincide com a sua. Mas não é algo que possa ser considerado uma “prova” em sentido técnico. A minha prova é, como posso explicar?, imaterial. Soros, Buffet ou outro potentado qualquer, todos eles, para mim, são irrelevantes. Quero saber a quem interessa essa esfera de valores que sai da praça, retratada com entusiasmo pela imprensa liberal (nos EUA, isso quer dizer “esquerdista”). A resposta leva a um único homem: Barack Hussein Obama. Parece-me evidente que a origem do movimento está nos grupos “obamistas” espalhados na rede, os mesmos que deram à luz o fenômeno Obama e fizeram de um senador inexperiente do Illinois, que havia administrado, no máximo, uma ONG, o candidato a Demiurgo, supostamente apto a tirar os EUA da crise — ele só a aprofundou! — e a salvar a civilização: o mundo está potencialmente menos seguro. Obama se atrapalhou todo na política institucional; não conseguiu encontrar as respostas pelos métodos convencionais. A democracia americana está mais protegida da vontade cesarista de um líder do que ele gostaria. O Congresso não é “cooptável” — não do modo como é o nosso ao menos. Urgia criar uma movimento de opinião pública, algo para responder, de algum modo, ao Tea Party, este um movimento mais institucionalizado. O “Ocupe Wall Street” tem, na imprensa, inclusive na nossa, uma presença muito superior à sua real importância, ao menos por enquanto. Estamos falando, AINDA, de meia-dúzia de gatos-pingados com uma pauta que vai do centro (onde pretende se situar o obamismo) para a esquerda. No ritmo em que as coisas ainda caminham, Obama vai para uma derrota eleitoral. É preciso mobilizar a sociedade contra “os ricos”, “o capitalismo financeiro”, “os bancos”, “os políticos”, “as instituições corruptas” etc. Essa pauta vem lá de de Mussolini, hehe… Não sei se a coisa vai prosperar como pretendem os obamistas. No melhor dos mundos para eles, mais de milhão vai para a rua, com aqueles jargões muito próprios do fascismo de esquerda, de que o presidente americano e candidato à reeleição pretende ser o beneficiário. E o Brasil? Reitero: qualquer associação com os atos contra a corrupção no Brasil são infundados, estúpidos até. A turma do “Ocupe Wall Street” está brava, curiosamente, porque as instituições americanas funcionam, e o demiurgo não pode fazer o que lhe dá na telha; tem de prestar contas ao Congresso. Obama está com o saco cheio de ter de governar o país segundo a Constituição que herdou. No Brasil, os que se mobilizam pedem justamente o contrário: que as instituições funcionem; que a letra da lei seja seguida, que o Congresso exerça suas prerrogativas. Texto publicado originalmente às 18h36 deste sábado Por Reinaldo Azevedo

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Manifestação copta é violentamente reprimida

ZP11101401 - 14-10-2011 Permalink: http://www.zenit.org/article-29048?l=portuguese Egito: primavera árabe se transforma em outono bárbaro Por Robert Cheaib ROMA, sexta-feira, 14 de outubro de 2011 (ZENIT.org) – Até o domingo passado, continuava brilhando nos olhos da juventude a imagem dos egípcios, muçulmanos e cristãos unidos num grito despertado pelos desejos mais nobres: liberdade, justiça e a esperança de um futuro melhor. Até o domingo passado. Porque a imagem de carros blindados esmagando de modo bárbaro os manifestantes paralisados afoga o sonho e abre os olhos para um horizonte que escurece a primavera árabe. O sonho, cujos protagonistas eram os muçulmanos e os cristãos do Egito, reunidos como um só povo na praça Tahrir, se desvanece sob a máquina da violência e se transforma em pesadelo, com um cenário imprevisível. Uma manifestação pacífica terminou com cenas de violência inaudita descritas pelo jornal saudita Al-Hayat como “o acontecimento mais sanguinário depois da revolução de 25 de janeiro, que levou à queda da ditadura de Hosni Mubarak”. O número das vítimas, segundo o Ministério da Saúde egípcio, é de 24 mortos e 212 feridos. Tudo começou no domingo 9 de outubro, com um protesto dos cristãos coptas, indignados com o ataque recente contra uma igreja em Assuan, no sul do país. Os manifestantes repudiavam o silêncio das autoridades. Os coptas pediam a renúncia do governador da província de Assuan, Mustafa As-Sayyed, acusando-o de causar o ataque. As-Sayyed declarou, segundo o jornal Tariq Al-Akhbar, que a igreja era ilegal, porque o edifício tinha sido transformado em igreja através da manipulação de autorizações. Os extremistas, com base nessas declarações, incendiaram o lugar de culto cristão. No dia seguinte ao ataque, As-Sayyed, em vez de condenar a violência, afirmou que “não houve ataque algum porque em Assuan não existem igrejas”, segundo o site cristão Coptreal. Tais declarações fomentaram a indignação copta que levou ao protesto. Os manifestantes partiram do bairro de Shabra rumo à sede da televisão nacional, pedindo a tutela do estado para os lugares de culto cristão e a paridade de direitos para todos os cidadãos. Os manifestantes pediam também a renúncia de As-Sayyed, acusando-o de apoio aos extremistas islâmicos. A multidão, constituída também por muçulmanos que apoiam os direitos dos cristãos, deplorava ainda a linha parcial adotada pela televisão estatal, que incentiva sentimentos anticristãos. Durante a manifestação, alguns vândalos começaram a jogar pedras e a disparar contra a multidão. Os coptas responderam com mais pedras. As forças da ordem e o exército agiram então com violência, reprimindo os manifestantes inclusive com veículos blindados. Um sacerdote copta, o padre Daoud, declarou ter visto um carro blindado arrastar cinco manifestantes. A situação degenerou em caos, com o exército e a polícia disparando gases lacrimogêneos e balas de borracha contra os manifestantes, que revidaram jogando tudo o que estivesse ao seu alcance. A televisão estatal declarou que os manifestantes conseguiram queimar alguns carros da polícia. O exército está impondo toque de recolher desde a manhã da segunda-feira, 10 de outubro. A France Press informou sobre os feridos e os mortos no hospital copta do Cairo, relatando ter visto diversos cadáveres totalmente desfigurados. O Al-Hayat relata que, à noite, um grupo de muçulmanos pacíficos marchou até o hospital copta manifestando solidariedade aos cristãos. Reação da Igreja copta Em comunicado a Zenit, o Conselho dos Patriarcas e bispos católicos do Egito comentou os acontecimentos, pedindo ao conselho militar e ao governo egípcio que “assumam suas responsabilidades nacionais e gerenciem a situação custodiando a justiça e tutelando a dignidade de todos os cidadãos, sem discriminações”. Os prelados egípcios católicos afirmaram ainda que a Igreja católica no Egito “eleva suas orações a Deus para proteger o Egito e seu povo” e assegura a oração pelas vítimas dos últimos episódios de violência. O Egito foi cenário de crescentes tensões inter-religiosas nos últimos meses. Diversas igrejas cristãs foram alvo de ataques terroristas. As novas autoridades mudaram algumas leis discriminatórias que impunham severas restrições à construção de lugares de culto cristãos, mas enfrentam grande resistência de correntes fundamentalistas que aspiram ao poder presidencial nas eleições deste novembro.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Steve Jobs

Jornal vaticano recorda Steve Jobs como "visionário" da tecnologia e da arte Roma, 06 Out. 11 / 03:09 pm (ACI/EWTN Noticias) O jornal vaticano L'Osservatore Romano (LOR) recordou o fundador da companhia Apple e inventor do Ipod, Steve Jobs, falecido ontem 5 de outubro, como um "visionário que uniu a tecnologia e a arte". Em um artigo titulado "O talento de Mr. Apple", LOR assinala que Jobs - falecido aos 56 anos de idade depois de vários lutando contra o câncer de pâncreas- "foi um dos protagonistas e símbolos da revolução do Silicon Valley", o lugar nos Estados Unidos onde estão todas as principais empresas informáticas. Esta revolução, diz o artigo, também foi uma "revolução de costumes, de mentalidades, de cultura. Revolução filha, mas não herdeira, dos não-preconceituosos anos 70". Jobs, prossegue o texto, "foi um visionário que uniu a tecnologia e a arte. Certo, não era um técnico nem um empreendedor. Não era um desenhista nem um matemático. Tampouco era o clássico nerd da informação nem homem de espetáculo. Pirata ou pioneiro? Será a história quem o diga. Enquanto isso ficam suas geniais criações". De "gravidez não desejada" a gênio Steve Jobs nasceu em 24 de fevereiro de 1955 e foi dado em adoção por sua mãe biológica, Joanne Simpson, porque seu pai se opôs à sua relação com Abdulfattah John Jandali, de origem síria e pai biológico do Steve. Joan e Abdulfattah se casaram depois da morte do avô de Steve. O casal teve uma filha e tentou recuperar o menino, mas legalmente foi impossível. Jobs, criado por um casal de classe trabalhadora, fundou a empresa Apple com Steve Wozniak em 1976 na garagem de sua casa. "Em apenas dez anos a sociedade chegou aos dois bilhões de dólares faturados", recorda LOR. Apple lançou em 24 de janeiro de 1984 o Macintosh 128K, o primeiro computador pessoal que comercializado exitosamente, que usava uma interface gráfica de usuário (GUI) e um camundongo (mouse) em vez da linha de comandos. No ano 2001 Jobs lançou o Ipod, uma ferramenta "que entrou no coração e na mente de milhares de pessoas". "Talento, puro talento", acrescenta o texto. Sobre o legado de Steve Jobs, o novo diretor da revista Civiltá Cattolica e perito em novas tecnologias da comunicação, o sacerdote jesuíta Antonio Spadaro, assinalou que sua maior contribuição está "no fato que a tecnologia, para ele, é parte da vida" já que esta "não é um pouco reservado apenas aos técnicos" mas para "nossa vida de todos os dias". O Pe. Spadaro recordou a compreensão do Papa Pio XI sobre o fenômeno da comunicação e considerou que tanto Jobs como o Pontífice compreenderam "que a comunicação é o maior valor que hoje temos à disposição e devemos fazer dar fruto. Nele se uniu assim uma grande capacidade inovadora e uma grande capacidade criadora". "No fundo, a mensagem mais importante de Steve Jobs é: 'Stay hungry, stay foolish', mantenha-se faminto, mantenha-se tolo; quer dizer, sempre tenha a capacidade de ver a vida em novos termos", acrescentou o sacerdote em alusão ao histórico discurso que ofereceu Jobs na Universidade de Stanford em 2005. Esta maneira de ver as coisas, conclui o perito jesuíta, está relacionado com a capacidade de ver além dos limites. "Esta tensão adiante do limite e à superação de uma condição de estática, de adequação ao existente, é muito importante e, para nós, é algo que temos que aprender", concluiu.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Lombardi: que mundo seja “família de nações”

[normal] [medium] [big] ZP11101103 - 11-10-2011 Permalink: http://www.zenit.org/article-29031?l=portuguese Porta-voz vaticano comenta a presença da Santa Sé na ONU CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 11 de outubro de 2011 (ZENIT.org) – A presença e ação da Santa Sé nas Nações Unidas tem o objetivo de promover a transformação do mundo em uma autêntica “família de nações”. O Pe. Federico Lombardi SJ, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, afirmou isso no editorial do último número de Octava Dies, semanário do Centro Televisivo Vaticano. Às vezes, observou o Pe. Lombardi, “nos perguntam por que uma autoridade religiosa como a Santa Sé participa de uma atividade de consenso mundial como a Assembleia das Nações Unidas, muitas vezes cenário de duros enfrentamentos políticos”. Com a premissa de que o status da Santa Sé é o de observador e, portanto, não participa das votações, para entendê-lo é suficiente ler o discurso de Dom Mamberti, secretário para as Relações com os Estados, da sessão em curso, revela o porta-voz da Santa Sé. “É fácil reconhecer a continuidade com as últimas grandes intervenções dos papas em Nova York”, constatou. “João Paulo II insistiu com força no fato de que as Nações Unidas devem ser o lugar em que as nações se reconhecem como membros de uma 'família' impulsionada pela solidariedade mútua e pela preocupação pelo bem comum da humanidade inteira”, e, à luz desta perspectiva, Bento XVI desenvolveu o conceito da “responsabilidade de proteger”, como expressão concreta da atenção aos mais frágeis. Para o Pe. Lombardi, “Dom Mamberti parte deste ponto, aplicando esta responsabilidade às crises humanitárias que atualmente estão em curso – começando com a do Nordeste Africano – e à proteção da paz, da segurança e dos direitos do homem”. Da mesma forma, insiste na liberdade religiosa: “Hoje, frequentemente vemos como se viola patentemente ou se limita sutilmente, marginalizando a religião da vida da sociedade”; e volta a mencionar a relação entre ética e economia, que se encontra na base da crise global atual. Além disso, é importante o tratamento do desenvolvimento sustentável, ao qual a ONU dedicará em breve uma conferência internacional. Para este propósito, recorda o Pe. Lombardi, o secretário para as Relações com os Estados mencionou que “a consciência de ser 'família de nações' dirige e sustenta o sentido de responsabilidade e a tutela do ambiente, como também a luta contra o comércio de armas”. “A família é uma comunidade fundada na interdependência, na confiança, na ajuda mútua e no respeito sincero”, afirmou Dom Mamberti. “Lembrar disso interessa a todos os seres humanos, para que se torne uma realidade viva no mundo. É por isso que a Santa Sé está em Nova York”, conclui o Pe. Lombardi.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Porque a "ditadura do relativismo" é hostil à verdade da fé cristã?

Durante a missa celebrada no início do último conclave, o então cardeal Joseph Ratzinger pronunciou uma homilia centrada na preocupação de conclamar os presentes - em especial os membros do colégio cardinalício - a buscarem uma fé madura, a qual, segundo ele, pressupõe uma profunda amizade com Nosso Senhor Jesus Cristo e implica uma postura de resistência ao que denominou de 'ditadura do relativismo', isto é, resistência à preponderância de uma mentalidade que não reconhece referências objetivas de aferição da moralidade e adota o 'eu' e seus apetites como critérios supremos. Os ecos da homilia do cardeal Joseph Ratzinger perpassaram a cobertura dada pela imprensa ao conclave e suscitaram reações as mais diversas nos meios católicos e fora deles. Prevaleceu, contudo, nos círculos intelectuais do ocidente, a percepção de que o então decano do colégio cardinalício cometera erro gravíssimo ao ver na 'ditadura do relativismo' uma ameaça ao mundo contemporâneo, quando o fundamentalismo é que deveria ser objeto de suas preocupações. Alguns dos críticos do cardeal defenderam mesmo que, à medida que invalida as certezas que dão lastro à postura fundamentalista, o relativismo favorece a convivência democrática, o que torna sem sentido a própria expressão 'ditadura do relativismo'. Subjazem ao debate acerca da 'ditadura do relativismo' visões muito diferentes acerca do grau de influência que a fé e a moral cristã devem ter na vida das sociedades. O relativismo cultural ocidental fomenta um tipo de mentalidade que é, em grande medida, refratária ao anúncio cristão e representa um complexo desafio a qualquer esforço de evangelização, mesmo em países com longa tradição cristã; enquanto, em parte da Ásia e da África, a difusão do cristianismo é obstaculizada por governos e grupos religiosos intolerantes que, na prática, ignoram a liberdade de culto, dificultam a recepção de missionários e, quando não fomentam, ficam omissos diante de ações persecutórias praticadas contra os cristãos. A luta contra a 'ditadura do relativismo' faz parte de um esforço de preservação do legado cultural do cristianismo em sociedades cujas instituições sociais cada vez mais dele se distanciam. A partir do século XV, desencadeou-se um amplo e complexo processo de modificação das instituições políticas, educacionais, econômicas e religiosas da Europa, o qual criou condições para a formulação teórica e, posteriormente, para a expressão social do 'indivíduo' como um soberano 'choice-maker' que, livre das amarras das tradições, determina a sua vida com base em critérios por ele mesmo forjados. Já no século dezenove, Tocqueville percebeu que, solitário diante de um estado crescentemente concentrador de poder, tal indivíduo poderia facilmente converter-se em vítima de experiências coletivistas. Nada impediu, entretanto, que o soberano 'fazedor de-escolhas', que se compreende como medida de todas as coisas, passasse a ser a principal referência de conduta para a maioria dos ocidentais da contemporaneidade, o que só foi possível com a entronização da visão de que a moralidade é o reino das preferências e dos sentimentos. Em razão disso, o ilustrado 'fazedor-de-escolhas' tende a colocar a satisfação dos seus apetites acima dos grandes ideais - sejam eles terrenos ou sobrenaturais, pois a busca destes pressupõe um espírito de auto-sacrifício e persistência que ele simplesmente não tem. Agitado por ventos que sopram em todas as direções, ele não sabe exatamente para onde seguir, mas espera da família, quando a tem; de Deus, quando crê e da sociedade, quando a leva em consideração, tudo o que possa satisfazer as suas preferências. Uma cultura edificada sobre o primado dos sentimentos tende a favorecer o culto da novidade e ser hostil a todas as práticas e instituições que representem algum tipo de entrave à busca desenfreada de satisfação das demandas dos indivíduos. É no contexto de tal hostilidade que se situam as declarações do hoje Papa Bento XVI. O avanço do relativismo moral implica a remoção do que resta de influência cristã nas legislações e nas práticas sociais do Ocidente, o qual, distanciado do legado cristão e da espiritualidade a ele associada, caminha para desintegração por força de uma radical falta de coesão interna e de fortes pressões externas. Esta afirmação não traduz uma rejeição à democracia, mas expressa a compreensão de que o relativismo moral do Ocidente prenuncia um niilismo cultural capaz de inviabilizar os consensos mais básicos, sem os quais sociedade alguma mantém as suas conquistas. São Bento de Núrsia e os monges que o seguiram contribuíram sobremaneira para, depois da derrocada do império romano do Ocidente, preservar o legado do mundo clássico, evangelizar os bárbaros e fomentar o interesse pela cultura no mundo cristão. Mas enquanto São Bento trabalhou sobre os escombros de um império derrotado, o Papa Bento XVI se esforça para evitar precisamente a derrocada de um Ocidente que insiste em renegar a herança histórica sobre a qual edificou a sua grandeza. Assim, a preocupação do atual Papa com a 'ditadura do relativismo' manifesta, a um só tempo, um cuidado para com a salvação das almas e uma inquietação com o estado do mundo atual. *** Por Átila Amaral Brilhante Fonte: http://www.comshalom.org/blog/carmadelio/25115-porque-a-ditadura-do-relativismo-e-hostil-a-verdade-da-fe-crista

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Quo vadis, Europa?

ZP11100703 - 07-10-2011 Permalink: http://www.zenit.org/article-29009?l=portuguese A Grécia segue longe dos objetivos da UE e do FMI Paul De Maeyer ROMA, sexta-feira, 7 de outubro de 2011 (ZENIT.org) – Os 17 países da zona do euro deram um breve suspiro de alívio: mais dois países ratificaram o chamado “fundo salva-países”. Em 29 de setembro, o Bundestag, Câmara Baixa do parlamento alemão, aprovou com gritante maioria (523 votos contra 85 e 3 abstenções) a ampliação do fundo. Foi acompanhado pelo parlamento austríaco. Assim, os países que ratificaram a reforma são agora 14. O fundo em questão é o EFSF, ou European Financial Stability Facility, mecanismo de estabilização financeira criado em maio de 2010 para ajudar os países membros em dificuldades, como Grécia e Portugal, e manter a estabilidade na zona do euro. A sociedade, com sede em Luxemburgo, dispunha inicialmente de um teto máximo de 440 bilhões de euros de garantias concedidas pelos estados membros, e podia emitir materialmente até 250 bilhões de euros em bônus de qualificação “triplo A”. A confirmação do EFSF aumenta as garantias para 780 bilhões de euros, permitindo uma capacidade efetiva de intervenção de 440 bilhões. Na Alemanha, a proposta foi acolhida com pouco entusiasmo. A população da primeira economia europeia, que “sacrificou”o marco pela moeda única, está se revelando cada vez menos disposta a pagar pelos erros dos outros. O EFSF implica, além disso, obrigações arriscadas para a Alemanha, que vê aumentar o volume das garantias fornecidas por Berlim de 123 para 211 bilhões de euros. O reforço do fundo europeu era apoiado pelas duas grandes formações da oposição no Bundestag, o Partido Social Democrático (SPD) e o Partido Verde (Die Grünen), mas a chanceler Angela Merkel temia uma rebelião dentro do próprio partido, o CDU, especialmente no partido gêmeo bávaro, o CSU, cujo líder, o ministro-presidente da Baviera, Horst Seehofer, se mostrava muito crítico. Merkel, no entanto, superou amplamente a maioria necessária de 311 votos favoráveis no Bundestag, que conta com 620 cadeiras. Ela manteve a “maioria do chanceler” (Kanzlermehrheit), com 315 votos favoráveis nas filas dos 330 deputados da sua coalizão (CDU/CSU) e dos liberais (FDP), evitando uma crise de governo. Um dos 15 dissidentes, Wolfang Bosbach (CDU), foi criticado tão duramente por seu colega Ronald Pofalla, que não descarta retirar-se da política em 2013 (Domradio, 30 de setembro). Segundo as últimas projeções, com 8,5% do PIB, o déficit público grego será este ano superior ao objetivo de 7,6% estabelecido com a UE e o FMI para a liberação das ajudas. A agênciaReuters (2 de outubro) recorda que nem em 2012 Atenas conseguirá o objetivo de uma relação déficit/PIB de 6,5%. Ficará em torno de 6,8%. O governo do primeiro-ministro Georgios Papandreou continua tomando medidas drásticas, como “mandar à reserva” 30.000 funcionários públicos e cortar em 20% as pensões que superam 1.200 € mensais. Mas muitos analistas consideram a insolvência do país inevitável. “A Grécia já fracassou”, afirma Nicholas Economides, consultor financeiro do governo grego (Carta 43, 29 de setembro). Segundo Economides, que dá aulas nos Estados Unidos, os planos da UE “servem para salvar os institutos bancários europeus, mas não a Grécia”. O fracasso e a conseguinte saída da Grécia da zona do euro seria um golpe tremendo. Segundo os cálculos do ministro de Economia da Polônia, Jacek Rostowski, cujo país ostenta atualmente a presidência de turno da UE, o custo da exclusão de um país da zona do euro equivaleria a 25% do PIB no primeiro ano e a 10% nos anos seguintes, e faria o índice de desemprego da zona do euro subir para 15%. Os próprio gregos temem o pior. Segundo pesquisa publicada no jornal To Vima, 67% da população prevê a insolvência da Grécia. Enquanto 70% não quer que Atenas saia da moeda única, apenas um quinto espera uma volta à velha moeda, a dracma. Como revela o Spiegel Online (2 de outubro), outra pesquisa, do sensacionalista Ethnos, diz que 57% dos gregos quer acima de tudo a paz social, e quase 50% pedem um governo de unidade nacional. Convém recordar algumas palavras e reflexões dedicadas à economia e às finanças pelo papa Bento XVI na encíclica Caritas in Veritate (29 de junho de 2009). “Toda decisão econômica tem uma consequência de caráter moral. Reta intenção, transparência e busca de bons resultados são compatíveis e não devem se separar”. Voando para Madri, Bento XVI voltou ao tema. “A economia não pode ser medida segundo a máxima do benefício, mas segundo o bem de todos”, explicou o papa aos jornalistas a bordo do avião, recordando que isto “inclui a responsabilidade pelo outro”, “responsabilidade pela própria nação e não só por si mesmos, responsabilidade pelo mundo, já que uma nação não está isolada, nem a Europa está isolada” (Rádio Vaticano, 18 de agosto). Palavras que podem , talvez, inspirar os políticos que lidam com as consequências da crise e acalmar as bolsas, que estão tempestuosas por medo de um fracasso grego.

domingo, 2 de outubro de 2011

Bento XVI: "A diplomacia vaticana deve estar a serviço do Evangelho"

O Santo Padre recebeu em audiência nesta sexta-feira, 10 de junho, na Sala do Consistório, no Vaticano, os superiores e alunos da Pontifícia Academia Eclesiástica. Ao todo, cerca de 40 pessoas. O diplomata vaticano é, em primeiro lugar, um servidor do Evangelho: disse o Papa aos referidos alunos. Em seu discurso, o Pontífice deteve-se sobre a formação espiritual dos futuros núncios apostólicos, reiterando que um diplomata vaticano é, em primeiro lugar, um sacerdote. A saudação ao Santo Padre foi feita pelo Presidente da Pontifícia Academia Eclesiástica, o Arcebispo Beniamino Stella. Trata-se da academia onde se formam os sacerdotes que farão parte do serviço diplomático da Santa Sé. Como deveria agir um Núncio Apostólico? Em seu discurso aos futuros diplomatas vaticanos, Bento XVI respondeu indicando algumas qualidades humanas que deveriam caracterizar o trabalho de quem é chamado a tal missão: paciência, constância, equanimidade e firmeza no diálogo. E, todavia, destacou aquilo que realmente identifica o serviço do Núncio Apostólico: "Ele, em primeiro lugar, é um sacerdote, um bispo. Portanto, um homem que já escolheu viver a serviço de uma Palavra que não é a sua. De fato, ele é um servidor da Palavra de Deus, foi investido, como todo sacerdote, de uma missão que não pode ser realizada em apenas uma parte do tempo, mas que requer que ele seja, com toda a vida, uma ressonância da mensagem que lhe foi confiada, a mensagem do Evangelho." E é justamente baseado nessa identidade sacerdotal que se insere, com certa naturalidade, a tarefa específica de fazer-se portador da Palavra do Papa, tanto em relação às Igrejas particulares quanto diante das instituições estatais e das organizações internacionais – acrescentou Bento XVI. Em seguida, o Papa deteve-se sobre a delicadeza do papel do embaixador, que desde o mundo antigo era enviado para transmitir, com autoridade, a palavra do soberano: "Aí está a verdadeira habilidade do diplomata e não, como por vezes erroneamente se crê, na astúcia ou naquelas atitudes que representam, comumente, degenerações da prática diplomática. Lealdade, coerência e profunda humanidade são as virtudes fundamentais de todo enviado, o qual é chamado a dedicar não apenas o próprio trabalho e as suas qualidades, mas, de certo modo, toda a sua pessoa a serviço de uma palavra que não é sua." Por fim, o Pontífice reiterou que os representantes diplomatas, apesar das rápidas transformações da nossa época, estão sempre empenhados "na construção da comunhão possível entre os povos" e na "consolidação, entre eles, de relações pacíficas e solidárias". A DIPLOMACIA VATICANA O Papa Bento XVI recebeu nesta última sexta-feira, no Vaticano, os superiores e alunos da Pontifícia Academia Eclesiástica. Ao todo, cerca de 40 pessoas. Talvez muitos não saibam, mas a Santa Sé possui uma escola diplomática, precisamente a Pontifícia Academia Eclesiástica que é uma instituição educacional de ensino superior, na qual desde 1701, se formam os sacerdotes que no futuro atuarão no corpo diplomático e na Secretaria de Estado da Santa Sé. É isso mesmo! O Papa tem uma escola de diplomatas e no encontro desta sexta-feira ele definiu os seus diplomatas, afirmando que em primeiro lugar eles devem ser servidores do Evangelho, devem ser sacerdotes. Bento XVI não perdeu a oportunidade para também chamar a atenção para a nobre tarefa do diplomata e da diplomacia que representa uma das bases de uma “coexistência pacífica”. “A verdadeira habilidade do diplomata”, observou, não está “como tal erroneamente se crê, na astúcia ou naquelas atitudes que representam antes de tudo as degenerações da prática diplomática”, mas na “lealdade, coerência e profunda humanidade”. Os futuros núncios apostólicos – assim são chamados os embaixadores vaticanos – se formam em Direito Canônico e conhecem os meandros da diplomacia vaticana. Os futuros diplomatas da Santa Sé vêm de todo o mundo e devem falar pelo menos três línguas. Uma pergunta legítima e feita por muitas pessoas é por que os diplomatas vaticanos, ou os núncios apostólicos são todos sacerdotes e não leigos. O Estado da Cidade do Vaticano é sim um país independente, mas é a Santa Sé – o Papa – que envia e acolhe os embaixadores. Os núncios apostólicos são os representantes do Papa junto aos governos e às Igrejas locais. Os arcebispos com tarefas de diplomatas informam o Papa e o Vaticano seja sobre a situação do país, seja da Igreja local onde se encontram servindo; coordenam a escolha de novos bispos, e trabalham pela defesa da liberdade religiosa e pela promoção da paz. No seu discurso de sexta-feira o Papa recordou ainda a “longuíssima tradição” da diplomacia vaticana e sua contribuição “a plasmar, na era moderna, a fisionomia mesma das razões diplomáticas entre os Estados”. Tempos atrás o Cardeal Secretário de Estado Tarcísico Bertone falando durante um encontro em Roma recordou que “a diplomacia da Santa Sé contribui com os seus próprios meios, para aquele diálogo e aquela sadia colaboração com a comunidade civil e com as suas autoridades que devem servir ao bem integral da pessoa que é, ao mesmo tempo, membro da comunidade civil e membro da Igreja”. Os interesses da Igreja e da Santa Sé não buscam a própria vantagem: buscam somente o verdadeiro bem do homem e da humanidade. A Igreja Católica não tem uma plataforma política e não é partidária. Todavia, tem a obrigação de ajudar os homens e as mulheres que necessitam de liberdade – inclusive a liberdade religiosa –, segurança, alimento, saúde e, de modo especial, o respeito pela dignidade humana em qualquer fase da vida. A Igreja oferece princípios para ajudar as nações e os indivíduos a viverem melhor, e ai entra a figura do representante do Papa, que realiza uma missão de ensinamento, de santificação e de guia. A Santa Sé mantém relações diplomáticas com 177 nações, 33 organizações e organismos intergovernamentais internacionais, junto aos quais tem representações estáveis, e 10 organismos regionais. O Santo Padre recebeu em audiência nesta sexta-feira, 10 de junho, na Sala do Consistório, no Vaticano, os superiores e alunos da Pontifícia Academia Eclesiástica. Ao todo, cerca de 40 pessoas. O diplomata vaticano é, em primeiro lugar, um servidor do Evangelho: disse o Papa aos referidos alunos. Em seu discurso, o Pontífice deteve-se sobre a formação espiritual dos futuros núncios apostólicos, reiterando que um diplomata vaticano é, em primeiro lugar, um sacerdote. A saudação ao Santo Padre foi feita pelo Presidente da Pontifícia Academia Eclesiástica, o Arcebispo Beniamino Stella. Trata-se da academia onde se formam os sacerdotes que farão parte do serviço diplomático da Santa Sé. Como deveria agir um Núncio Apostólico? Em seu discurso aos futuros diplomatas vaticanos, Bento XVI respondeu indicando algumas qualidades humanas que deveriam caracterizar o trabalho de quem é chamado a tal missão: paciência, constância, equanimidade e firmeza no diálogo. E, todavia, destacou aquilo que realmente identifica o serviço do Núncio Apostólico: "Ele, em primeiro lugar, é um sacerdote, um bispo. Portanto, um homem que já escolheu viver a serviço de uma Palavra que não é a sua. De fato, ele é um servidor da Palavra de Deus, foi investido, como todo sacerdote, de uma missão que não pode ser realizada em apenas uma parte do tempo, mas que requer que ele seja, com toda a vida, uma ressonância da mensagem que lhe foi confiada, a mensagem do Evangelho." E é justamente baseado nessa identidade sacerdotal que se insere, com certa naturalidade, a tarefa específica de fazer-se portador da Palavra do Papa, tanto em relação às Igrejas particulares quanto diante das instituições estatais e das organizações internacionais – acrescentou Bento XVI. Em seguida, o Papa deteve-se sobre a delicadeza do papel do embaixador, que desde o mundo antigo era enviado para transmitir, com autoridade, a palavra do soberano: "Aí está a verdadeira habilidade do diplomata e não, como por vezes erroneamente se crê, na astúcia ou naquelas atitudes que representam, comumente, degenerações da prática diplomática. Lealdade, coerência e profunda humanidade são as virtudes fundamentais de todo enviado, o qual é chamado a dedicar não apenas o próprio trabalho e as suas qualidades, mas, de certo modo, toda a sua pessoa a serviço de uma palavra que não é sua." Por fim, o Pontífice reiterou que os representantes diplomatas, apesar das rápidas transformações da nossa época, estão sempre empenhados "na construção da comunhão possível entre os povos" e na "consolidação, entre eles, de relações pacíficas e solidárias". A DIPLOMACIA VATICANA O Papa Bento XVI recebeu nesta última sexta-feira, no Vaticano, os superiores e alunos da Pontifícia Academia Eclesiástica. Ao todo, cerca de 40 pessoas. Talvez muitos não saibam, mas a Santa Sé possui uma escola diplomática, precisamente a Pontifícia Academia Eclesiástica que é uma instituição educacional de ensino superior, na qual desde 1701, se formam os sacerdotes que no futuro atuarão no corpo diplomático e na Secretaria de Estado da Santa Sé. É isso mesmo! O Papa tem uma escola de diplomatas e no encontro desta sexta-feira ele definiu os seus diplomatas, afirmando que em primeiro lugar eles devem ser servidores do Evangelho, devem ser sacerdotes. Bento XVI não perdeu a oportunidade para também chamar a atenção para a nobre tarefa do diplomata e da diplomacia que representa uma das bases de uma “coexistência pacífica”. “A verdadeira habilidade do diplomata”, observou, não está “como tal erroneamente se crê, na astúcia ou naquelas atitudes que representam antes de tudo as degenerações da prática diplomática”, mas na “lealdade, coerência e profunda humanidade”. Os futuros núncios apostólicos – assim são chamados os embaixadores vaticanos – se formam em Direito Canônico e conhecem os meandros da diplomacia vaticana. Os futuros diplomatas da Santa Sé vêm de todo o mundo e devem falar pelo menos três línguas. Uma pergunta legítima e feita por muitas pessoas é por que os diplomatas vaticanos, ou os núncios apostólicos são todos sacerdotes e não leigos. O Estado da Cidade do Vaticano é sim um país independente, mas é a Santa Sé – o Papa – que envia e acolhe os embaixadores. Os núncios apostólicos são os representantes do Papa junto aos governos e às Igrejas locais. Os arcebispos com tarefas de diplomatas informam o Papa e o Vaticano seja sobre a situação do país, seja da Igreja local onde se encontram servindo; coordenam a escolha de novos bispos, e trabalham pela defesa da liberdade religiosa e pela promoção da paz. No seu discurso de sexta-feira o Papa recordou ainda a “longuíssima tradição” da diplomacia vaticana e sua contribuição “a plasmar, na era moderna, a fisionomia mesma das razões diplomáticas entre os Estados”. Tempos atrás o Cardeal Secretário de Estado Tarcísico Bertone falando durante um encontro em Roma recordou que “a diplomacia da Santa Sé contribui com os seus próprios meios, para aquele diálogo e aquela sadia colaboração com a comunidade civil e com as suas autoridades que devem servir ao bem integral da pessoa que é, ao mesmo tempo, membro da comunidade civil e membro da Igreja”. Os interesses da Igreja e da Santa Sé não buscam a própria vantagem: buscam somente o verdadeiro bem do homem e da humanidade. A Igreja Católica não tem uma plataforma política e não é partidária. Todavia, tem a obrigação de ajudar os homens e as mulheres que necessitam de liberdade – inclusive a liberdade religiosa –, segurança, alimento, saúde e, de modo especial, o respeito pela dignidade humana em qualquer fase da vida. A Igreja oferece princípios para ajudar as nações e os indivíduos a viverem melhor, e ai entra a figura do representante do Papa, que realiza uma missão de ensinamento, de santificação e de guia. A Santa Sé mantém relações diplomáticas com 177 nações, 33 organizações e organismos intergovernamentais internacionais, junto aos quais tem representações estáveis, e 10 organismos regionais.

sábado, 1 de outubro de 2011

Santa Sé perante a ONU: Crise de ética corrói a economia mundial

O secretário para as Relações da Santa Sé com os Estados, o Arcebispo Dominique François Joseph Mamberti, denunciou ante a ONU a profunda crise ética que corrói as estruturas econômicas do planeta e recordou que o verdadeiro desenvolvimento "apóia-se não sobre a supremacia do mais forte mas sobre a atenção ao mais fraco e marginalizado". Neste 27 de setembro, na 66ª sessão da Assembléia Geral celebrada na cidade de Nova Iorque (EUA), Dom Mamberti se dirigiu ao Secretário Geral da Nações Unidas, Ban Ki-Moon, para sublinhar o inadmissível desequilíbrio econômico-financista no que nada a população mundial. Em seu chamado à solidariedade, Dom Mamberti recordou que "a ética não é um elemento alheio à economia e a economia não tem futuro se não levar consigo um elemento moral: em outros termos, a dimensão ética é fundamentalmente para confrontar os problemas econômicos". A idéia de produzir bens e recursos de modo estratégico e político, sem procurar fazer o bem, quer dizer, a ética "revelou-se como uma ilusão, ingênua ou cínica, mas sempre fatal", denunciou o Prelado. "A economia necessita da ética para um funcionamento correto; não de uma ética qualquer, mas sim de uma centrada na pessoa e capaz de oferecer esperança às novas gerações. As atividades econômicas ou comerciais orientadas ao desenvolvimento deveriam ser capazes de reduzir efetivamente a pobreza e de aliviar os sofrimento dos mais pobres". O Arcebispo insistiu pela revisão das atuais regra econômicas internacionais dentro de um novo modelo de desenvolvimento global. "Isto é exigido na realidade pelo estado de saúde ecológica do planeta; e o requer sobre tudo a crise cultural e moral de homem, cujos sintomas são evidentes há tempos em todas as partes do mundo". O Vaticano apóia adesão da Palestina como estado membro da ONU Dom Mamberti também defendeu a proposta do Presidente das Autoridades Palestinas, Mahmoud Abbas para entrar às Nações Unidas. "A Santa Sé considera que tal iniciativa procura novos modos de dar uma solução definitiva, com o apoio internacional à questão confrontada na Resolução 181 de 29 de novembro de 1947 da Assembléia Geral das Nações Unidas", a qual ofereceu a base jurídica necessária para a existência de dois estados. "A Santa Sé está convencida de que se queremos a paz, é necessário saber adotar decisões com valentia", acrescentou. Finalmente, o Prelado recordou ao presidente Ban Ki-Moon a necessidade de retomar com determinação as negociações "para que cresça o próprio compromisso e incentive a própria criatividade e as iniciativas, para que se alcance uma paz duradoura, no respeito dos direitos dos israelenses e dos palestinos". Não se pode tolerar a situação do Chifre da África" O secretário da Santa Sé recordou o chamado do Papa Bento XVI à comunidade internacional "para aumentar e sustentar as políticas humanitárias na zona e atuar concretamente nas diferentes causas que aumentam sua vulnerabilidade". "Se os estados não forem capazes de garantir uma proteção, a comunidade internacional deve intervir com os meios jurídicos previstos na Carta das Nações Unidas e de outros instrumentos internacionais", exortou. Liberdade religiosa em perigo de extinção Dom Mamberti também denunciou ante a ONU que "lamentavelmente está comprovado que os cristãos atualmente são o grupo religioso com o maior número de perseguições por causa de sua própria fé", e sublinhou que "o respeito à liberdade religiosa, é uma via fundamental para a construção da paz, o reconhecimento da dignidade humana e a proteção dos direitos do homem". Explicou que a supremacia particular de uma determinada religião em uma nação "não deveria jamais implicar que os cidadãos de outras confissões sejam discriminados na vida social, ou pior ainda, que se tolere a violência contra eles". Finalmente, sublinhou o chamado da Santa Sé para adotar medidas eficazes para a proteção das minorias religiosas onde estão ameaçadas, "com o fim de que todos os crentes de todas as confissões possam viver com segurança e continuar dando sua contribuição às sociedades das que formam parte".