domingo, 7 de abril de 2013

A FÉ É O MOTOR DA HISTÓRIA



Hoje é o domingo da oitava da Páscoa, completando os oito dias da grande Festa da Ressurreição do Senhor.  É o domingo da FÉ, tema que nos inspira uma importante reflexão sobre o seu papel ao longo dos séculos. Sempre existiram pessoas descrentes, mas nunca houve um povo ateu na história, o que nos demonstra a fundamentação religiosa na construção da memória histórica coletiva.  Marx dizia que a história é movida pela luta de classes e assim tem sido interpretada pelos historiadores. Na verdade é a superestrutura que determina a história, sendo a religião um dos seus elementos essenciais. A história até agora tem sido movida pela Fé, a fonte inspiradora das relações humanas e das principais realizações da humanidade.
Que grandes obras foram produzidas pela mentalidade materialista ateia? Nenhuma. Aliás, o esquecimento de Deus, o materialismo e o egoísmo estão na origem de todos os conflitos, de todas as guerras.  Ao contrário, sem a Fé provavelmente não existiriam as grandiosas obras como as Catedrais, as Universidades, as escolas, os grandes santos, as grandes obras de arte, nem as pirâmides do Egito. O próprio progresso científico se desenvolveu a partir de uma Filosofia cristã que considerava o mundo racional e, portanto possível de ser conhecido nas suas leis físicas através do uso da razão.
E o Cristianismo é o ápice do processo histórico e a realização mais perfeita da Fé religiosa, pois está fundamentado na Revelação do próprio Deus através do seu único Filho, Jesus Cristo, que veio ao mundo e com sua Paixão e Morte resgatou a humanidade. O historiador Jônatas Serrano afirmou que o Nascimento de Cristo é de fato o divisor de águas da história, o fato mais importante, que modificou os rumos da vida humana sobre a Terra.  E ao longo destes seus dois mil anos de história o Cristianismo tem sido o elemento determinante na construção da cultura Ocidental em todos os seus aspectos: econômicos, sociais e políticos.
A Fé cristã convenceu o Império Romano, que de pagão e perseguidor dos cristãos durante mais de 300 anos adotou o Cristianismo como religião oficial a partir do ano 380, com o imperador Teodósio. Converteu os povos germânicos destruidores do Império Romano e guiou o processo histórico da Idade Média, onde a sociedade era governada pelos princípios do Cristianismo. O espírito de fé cristalizou as relações humanas, aperfeiçoando a família, a forma de governar, as relações econômicas guiadas por regras mais justas e construiu lentamente todos os valores que fundamentam a nossa sociedade.  A Fé era um patrimônio daquela sociedade e a Igreja e o Estado estavam unidos, cuidando do espiritual e do temporal, respectivamente, mas juntos para atingir o mesmo fim, a salvação das almas. É verdade que existiam conflitos, guerras, disputas pelo poder, interferência excessiva do poder temporal na Igreja, corrupção de membros da hierarquia da Igreja, mas tudo isso exagerado pela historiografia marxista, que inspirada nas fontes protestantes desde a época da Reforma e nas fontes iluministas, ambas detratoras da Igreja Católica, pretendeu ridicularizar e desprestigiar o Catolicismo. E vale destacar que o ser humano é contingente, imperfeito, muitas vezes egoísta e sujeito a cometer erros.
Essa mesma Fé motivou a expansão marítima europeia. Portugal e Espanha navegaram para descobrir novas terras, chegar ao Oriente, ainda muito influenciados pelo espírito cruzadista, fruto das Guerras da Reconquista, que duraram oitocentos anos para expulsar os muçulmanos do seu território. Pretenderam expandir o Cristianismo e conter o avanço Islâmico, que constantemente ameaçava invadir a Europa.  O que motivou Colombo não foi o ouro, mas o desejo sincero da conversão dos povos à Fé. E toda a legislação dos reinos europeus no tocante ao processo de colonização da América, o incentivo às missões e o heroico trabalho dos jesuítas e de tantas outras ordens religiosas no Novo Continente demonstram a centralidade da ideia da expansão cristã, da importância da Fé como elemento motivador do processo citado.
Diz o historiador Hilário Franco Júnior que muito do que temos na nossa sociedade contemporânea é fruto da Idade Média cristã. São as permanências históricas, os resquícios de valores do Cristianismo que ainda de alguma forma norteiam a nossa civilização. Por outro lado, a Fé tem sido o alvo dos ataques das ideologias revolucionárias desde o Iluminismo, ou melhor, desde a Reforma e o Renascimento. A mentalidade racionalista e humanista, colocando a razão como única fonte do conhecimento e o homem como centro e medida de todas as coisas iniciou o processo de decadência da pureza da Fé.  A Revolução Francesa, a difusão das ideologias liberais e das Filosofias agnósticas, ateias, relativistas e materialistas dos séculos XIX e XX acentuaram o processo da autossuficiência do ser humano, da crença no progresso, no cientificismo e descristianização e perda da Fé.  No século XX Capitalismo e comunismo se encontraram no que diz respeito à ideia da construção de um paraíso sem Deus. A visão utilitarista, imediatista, relativista e hedonista passou a ser determinante como sentido da vida, ou vida sem sentido, uma vez que os resultados de tal mentalidade produziram uma crise civilizacional sem precedentes, que afeta todos os aspectos da vida humana e  deteriora as relações sociais.
Nestas circunstâncias a centralidade da Fé é a proposta mais viável para reverter a situação de caos social e parece que de certa forma a sociedade vem percebendo a necessidade de resgatar os valores tradicionais, derivados da Fé. Quando se chega ao fundo do poço não há outra opção que não a busca de saídas. Há um lento retorno das pessoas para a prática da Religião, embora muitos estejam perdidos, desorientados, buscando uma espiritualidade que atenda os seus anseios imediatos, sem muitos critérios para a busca da verdade. A Fé é o caminho fundamental para a realização do ser humano como pessoa, da construção da felicidade e da paz social.
JOSÉ ANTÔNIO DE FARIA