quinta-feira, 28 de abril de 2011

JOÃO PAULO II




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Pensamento de João Paulo II
:: A Liberdade
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:: A LIBERDADE
1.- "Estamos no mundo sem ser do mundo, constituídos entre os homens como sinais da verdade e da presença de Cristo para o mundo.  Entregamo-lhe todo nosso ser concreto como expressão sua, para que Ele continue fazendo o bem". (Cf. At 10,38)
2.- "O verdadeiro conhecimento e autêntica liberdade encontram-se em Jesus. Deixai que Jesus sempre faça parte de vossa fome de verdade e justiça, e de vosso compromisso pelo bem-estar de vossos semelhantes".
3.- "A liberdade, em todos seus aspectos, deve se basear na verdade.  Quero repetir aqui as palavras de Jesus: "E a verdade vos libertará" (Jo 8,32). É, pois, meu desejo que vosso senso de liberdade possa estar sempre de mãos dadas com o um profundo senso de verdade e honestidade sobre vós mesmos e das realidades de vossa sociedade".  
4.- "Só a liberdade que se submete à Verdade conduz a pessoa humana a seu verdadeiro bem.  O bem da pessoa consiste em estar na Verdade e em realizar a Verdade". (Enc. Esplendor da Verdade)

:: A VIDA
1.- "Qualquer ameaça contra o homem, contra a família e a nação me atinge. Ameaças que têm sempre sua origem em nossa fraqueza humana,  na forma superficial de considerar a vida."
2.- Queremos AMAR COMO TU, que dás a vida e a comunicas com tudo o que es. Quiséramos dizer como São Paulo: «Minha vida é Cristo» (Fl. 1,21). Nossa vida não tem sentido sem ti.
3.- "A vida humana deve ser respeitada e protegida de maneira absoluta desde o momento da concepção. A partir do primeiro momento de sua existência, o ser humano deve ver reconhecidos seus direitos de pessoa, entre os quais está o direito inviolável de todo ser inocente à vida".
4.- O respeito à vida é fundamento de qualquer outro direito, inclusive o da liberdade.
5.- Todo ser humano, desde sua concepção, tem direito de nascer, quer dizer, a viver sua própria vida. Não só o bem-estar, mas também, de certo modo, a própria existência  da sociedade, depende da salvaguardia deste direito primordial. Se a criança por nascer tem negado este direito, será cada vez mais difícil reconhecer sem discriminações o mesmo direito a todos os seres humanos.

:: A FAMÍLIA
1.- A familia está chamada a ser templo, ou seja, casa de oração: uma oração simples, cheia de esforço e de ternura. Uma oração que se faz vida, para que toda a vida se transforme em oração.
2.- Em uma  família que reza não faltará nunca a consciência da própria vocação fundamental: a de ser um grande caminho de comunhão.
3.- A família é para os fiéis uma experiência de caminho, uma aventura cheia de surpresas, mas aberta principalmente à grande surpresa de Deus, que vem sempre de modo novo em nossa vida.
4.- O homem é essencialmente um ser social; com maior razão,  pode-se dizer que é um ser "familiar".
5.- O futuro depende, em grande parte, da família, "esta porta consigo o futuro da sociedade; seu papel especialíssimo é o de contribuir eficazmente para um futuro de  paz".
6.- Que toda família do mundo possa repetir com verdade o que afirma o salmista: "Vede como é doce, como é agradável conviver os irmãos reunidos" (Sl 133, 1).
7.- "O matrimônio e a família cristã edificam a Igreja. Os filhos são fruto precioso do matrimônio." (Familiaris Consortio 14, 16)
8.- A acolhida, o amor, a estima, o serviço múltiplo e unitário -material, afetivo, educativo, espiritual- a cada criança vinda a este mundo, deveria constituir  sempre uma nota distintiva e irrenunciável dos cristãos, especialmente das famílias cristãs; assim as crianças, ao mesmo tempo em que crescem "em sabedoria, em estatura e em graça perante Deus e perante os homens", serão uma preciosa ajuda para a edificação da comunidade familiar para a santificação dos pais. (Familiaris Consortio, 1981)
9.- A família é "base da sociedade e o lugar onde as pessoas aprendem pela primeira vez os valores que os guiarão durante toda a vida"
10.- Os pais têm direitos e responsabilidades específicas na educação e na formação de seus filhos nos valores morais, especialmente na difícil idade da adolescência.

:: DEUS E A PESSOA HUMANA
1.- "A pessoa humana tem uma necessidade que é ainda mais profunda, uma fome que é maior que aquelea que o pão pode saciar -é a fome que possui o coração humano da imensidade de Deus".  
2.- "A caridade procede de Deus, e tudo o que ele ama nasce de Deus e conhece a Deus... porque Deus é amor (1 Jo 4,7-9). Somente o que é construído sobre Deus, sobre o amor, é durável".

:: EVANGELIZAÇÃO
1.- "Como os Reis Magos, sede também vós peregrinos animados pelo desejo de encontrar o Messias e de adorá-lo! Anunciai com valentia que Cristo, morto e ressuscitado, é vencedor do mal e da morte!"
2.- "Mas, se quiserdes ser eficazes pregadores da Palavra, deveis ser homens de fé profunda, e ao mesmo tempo ouvintes e atuantes da Palavra".  
3.- "A Palavra de Deus é digna em todos vossos esforços.  Abraçá-la em toda sua pureza e integridade, e difundi-la com o exemplo e a pregação, é uma grande missão.  Esta é vossa missão hoje, amanhã e pelo resto de vossas vidas".

:: A CRUZ
1.- "A cruz veio ser para nós a Cátedra suprema da verdade de Deus e do homem.  Todos devemos ser alunos desta Cátedra em curso ou fora de curso.  Então compreenderemos que a cruz é também berço do homem novo".   
2.- "Onde surge a Cruz,  vê-se o sinal de que chegou a Boa Notícia da salvação do homem mediante o amor.  Onde se ergue a cruz, está o sinal de que foi iniciada a evangelização".
3.- "A cruz se transforma também em símbolo de esperança.  De instrumento de castigo, passa a ser imagem de vida nova, de um mundo novo".  
4.- "A cruz, na qual se morre para viver; para viver em Deus e com Deus, para viver na verdade, na liberdade e no amor, para viver eternamente".

:: AUTÊNTICOS SEGUIDORES
1.- "São José é a prova de que para ser bons e autênticos seguidores de Cristo não são necessárias "grandes coisas", mas apenas as virtudes comuns, humanas, simples, mas verdadeiras e autênticas."

:: O SOFRIMENTO
1.- "As palavras da oração de Cristo no Getsemani provam a verdade do sofrimento."
2.- "O Getsemani é o lugar no qual precisamente este sofrimento, expressado em toda a verdade pelo profeta sobre o mal padecido nele mesmo, revelou-se quase espiritualmente perante os olhos de Cristo."
3.- "O sofrimento humano alcançou seu ápice na paixão de Cristo."  
4.- "A cruz de Cristo tornou-se uma fonte da qual brotam rios de água viva." 
5.- "Na cruz de Cristo não apenas se cumpriu a redenção mediante o sofrimento, como o próprio sofrimento humano foi redimido."
6.- "Peço para vós a graça da luz e da força Espiritual no sofrimento, para que não percais o valor, mas      que descubrais individualmente o sentido do sofrimento e possais, com a oração e o sacrifício, aliviar os demais".

:: CONFIANÇA EM DEUS
1.- "Sabei também vós, queridos amigos, que esta missão não é fácil. E que pode tornar-se até mesmo impossível, se contardes apenas com vós mesmos. Mas  «o que é impossível para os homens, é possível para Deus» (Lc 18,27; 1,37)."
2.- "Os verdadeiros discípulos de Cristo têm consciência de sua própria fragilidade. Por isto colocam toda sua confiança na graça de Deus que acolhem com coração indiviso, convencidos de que sem Ele não podem fazer nada (cfr Jo 15,5). O que os caracteriza e distingue do resto dos homens não são os talentos ou as disposições naturais. É sua firme determinação em caminhar sobre as pegadas de Jesus".

:: A PAZ
1.- "Neste tempo ameaçado pela violência, pelo ódio e pela guerra, testemunhai que Ele, e somente Ele, pode dar a verdadeira paz ao coração do homem, às famílias e aos povos da terra. Esforçai-vos em buscar e promover a paz, a justiça e a fraternidade. E não esqueçais da palavra do Evangelho: «Bem-aventurados os que trabalham pela paz, porque eles serão chamados filhos de Deus» (Mt 5,9)."
2.- "A paz e a violência germinam no coração do homem, sobre o qual somente Deus tem poder"
3.- "A violência jamais resolve os conflitos, nem mesmo diminui suas consequências dramáticas"
4.- "Homens e mulheres do terceiro milênio! Dexai-me repetir: abri o coração a Cristo crucificado e ressuscitado, que vos oferece a paz! Onde entra Cristo ressuscitado, com Ele entra a verdadeira paz"
5.- " Que ninguém se iluda de que a simples ausência de guerra, mesmo sendo tão desejada, seja sinônimo de uma paz verdadeira. Não há verdadeira paz sem vir acompanhada de igualdade , verdade, justiça, e solidariedade"
6.- " A verdadeira reconciliação entre homens em conflito e em inimizade só é possível, se se deixam reconciliar ao mesmo tempo com Deus"
7.- "Não há  paz sem justiça, não há paz sem perdão"

:: ORAÇÃO
1.- É hora de redescobrir, queridos irmãos e irmãs, o valor da oração, sua força misteriosa, sua capacidade de voltar a nos conduzir a Deus e de nos introduzirmos na verdade radical do ser humano.
2.- Quando um homem ora, coloca-se perante Deus, perante um Tu, um Tu divino, e compreende ao mesmo tempo a íntima verdade de seu próprio eu: Tu divino, eu humano, ser pessoal criado a imagem de Deus.
3.- Em nossas noites físicas e morais, se tu estás presente, e nos amas, e nos falas, já  nos basta, embora muitas vezes não sentiremos o consolo.

:: ROSÁRIO
1.- "Em sua simplicidade e profundidade, continua sendo também neste terceiro Milênio apenas iniciado uma oração de grande significado, destinada a produzir frutos de santidade."
2.- "O Rosário, com efeito, embora se distinga por seu caráter mariano, é uma oração centrada na cristologia. Na sobriedade de suas partes, concentra em si a profundidade de todo a mensagem evangélica, da qual é como um compêndio".
3.- "Com ele, o povo cristão aprende de Maria a contemplar a beleza do rosto de Cristo e a experimentar a profundidade de seu amor."
4.- "Mediante o Rosário, o fiel obtém abundantes graças, como recebendo-as das próprias mãos da Mãe do Redentor."
5.- "Esta oração teve um posto importante em minha vida espiritual desde minha juventude."
6.- "O Rosário me acompanhou nos momentos de alegria e nos de tribulação. A ele confiei tantas preocupações e nele sempre encontrei consolo."
7.- "Há  vinte e quatro anos, no dia 29 de outubro de 1978, duas semanas depois da eleição à Sede de Pedro, como abrindo minha alma, expressei-me assim: «O Rosário é minha oração predileta. Prece maravilhosa! Maravilhosa em sua simplicidade e em sua  profundidade." [...]
8.- "Hoje, no início do vigésimo quinto ano de serviço como Sucessor de Pedro, quero fazer o mesmo. Quantas  graças recebi da Santíssima Virgem através do Rosário  nestes anos: Magnificat anima mea Dominum! Desejo elevar meu agradecimento ao Senhor com as palavras de sua Mãe Santíssima, sob cuja proteção coloquei meu ministério petrino: Totus tuus!"
9.- "O Rosário, compreendido em seu pleno significado, conduz ao coração da vida cristã e oferece uma oportunidade cotidiana e fecunda espiritual e pedagógica, para a contemplação pessoal, a formação do Povo de Deus e da nova evangelização."
10.- "...o motivo mais importante para voltar a propor com determinação a prática do  Rosário é por ser um meio sumamente válido para favorecer nos fiéis a exigência de contemplação do mistério cristão, que propus na Carta Apostólica Novo millennio ineunte como verdadeira e própria 'pedagogia da santidade': «é necessário um cristianismo que se distinga principalmente na arte da oração»."
11.- "Não se pode recitar o Rosário sem sentir-se implicados em um compromisso concreto de servir à paz, com uma particular atenção à terra Jesus, ainda hoje tão  atormentada e tão querida pelo coração cristão."
12.- "No marco de uma pastoral familiar mais ampla, fomentar o Rosário nas famílias cristãs é uma ajuda eficaz para contrastar os efeitos efeitos desoladores desta crise atual."
13.- "Numerosos sinais mostram como a Santíssima Virgem exerce também hoje, precisamente através desta oração, aquela solicitude materna para com todos os filhos da Igreja que o Redentor, pouco antes de morrer, confiou-lhe na pessoa do predileto: «Mulher, eis aí o teu filho!» (Jo 19, 26)."
14.- "Maria vive olhando a Cristo e tem em mente cada uma de suas palavras: « Guardava todas estas coisas, e as meditava em seu coração » (Lc 2, 19; cf. 2, 51). As memórias de Jesus, impressas em sua alma, a acompanharam em todo momento, levando-a a percorrer com o pensamento os diversos episódios de sua vida junto ao Filhos. Foram aquelas lembranças que constituíram, em certo sentido, o 'rosário' que Ela recitou constantemente nos dias de sua vida terrena."
15.- "Quando recita o Rosário, a comunidade cristã está em sintonia com a memória e com o olhar de Maria."
16.- "...como destacou Paulo VI: «Sem contemplação, o Rosário é um corpo sem  alma e sua oração corre o risco de tornar-se uma repetição mecânica de fórmulas e de contradizer a advertência de Jesus: "Quando rezardes, não sejais charlatães como os pagãos, que pensam que são escutados em virtude de sua loquacidade" (Mt 6, 7)."
17.- "Percorrer com Maria as cenas do Rosário é como ir à 'escola' de Maria para ler a Cristo, para penetrar em seus segredos, para entender sua mensagem."
18.- "...isto diz o Beato Bartolomeu Longo: «Como dois amigos, frequentando-se, costumam se parecer também nos costumes, assim nós, conversando familiarmente com Jesus e com a Virgem, ao meditar os Mistérios do Rosário, e formando juntos uma mesma vida de comunhão,  podemos chegar a ser, na medida de nossa  pequenez, parecidos com eles, e aprender com estes eminentes exemplos o ver humilde, pobre, escondido, paciente e perfeito»."
19.- "O Rosário nos transporta misticamente junto a Maria, dedicada a seguir o crescimento humano de Cristo na casa de Nazaré. Issso lhe permite educar-nos e modelar-nos na mesma diligência, até que Cristo «seja formado» plenamente em nós (cf. Gl 4, 19)."
20.- "O Rosário promove este ideal, oferecendo o 'segredo' para abrir-se mais facilmente a um conhecimento profundo e comprometido de Cristo. Poderíamos chamá-lo de caminho de Maria."

:: VIDA CONSAGRADA
1.- "A entrega total e a fidelidade permanente ao Amor constitui a base de  vosso testemunho no mundo. Vos peço uma renovada fidelidade, que acenda mais o amor a Cristo, mais sacrificada e alegre vossa entrega, mais humilde vosso serviço."
2.- "A necesidade deste testemunho público constitui um chamado constante à conversão interna,  à retidão e santidade de vida de cada religiosa."
3.- "A Profissão religiosa coloca no coração de cada um e cada uma de vós, queridos Irmãos e Irmãs, o amor do Pai; aquele amor que há  no coração de Jesus Cristo, Redentor do mundo.  Este é um amor que abarca o mundo e tudo o que nele vem do  Pai e que ao mesmo tempo deve vencer no mundo tudo o que «não vem do Pai". (Redemptionis Donum, 9)
4.- "O consagrado é aquele que afirma e vive em si mesmo o senhorio absoluto de Deus, que quer ser tudo em todos"
5.- "A entrega total e a fidelidade permanente ao Amor constitui a base de vosso  testemunho perante o mundo."
6.- Vos peço uma renovada fidelidade, que acenda mais o amor a Cristo, mais sacrificada e alegre vossa entrega, mais humilde vosso serviço."   
7.- "A necessidade deste testemunho público constitui um chamado constante à conversão interior, à retidão e santidade de vida de cada religiosa."
8.- "Esta entrega nossa "transpasso de propriedade", nos marcou com um sinal particular, que passou a ser nossa identidade."

:: FÉ E RAZÃO
1.- "A fé e a razão (Fides et ratio) são como as duas asas com as quais o espírito humano se eleva à contemplação da verdade. Deus colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, definitivamente, de conhecê-lo para que, conhecendo-o e amando-o, possa alcançar também a plena verdade sobre si mesmo (cf. Ex 33, 18; Sl 27 [26], 8-9; 63 [62], 2-3; Jo 14, 8; 1 Jo 3, 2).
Carta encíclica Fides et Ratio Sobre as relações entre Fé e Razão. 14 de setembro de 1998

:: CONCÍLIO VATICANO II
1.- Depois de sua conclusão, o Concílio não parou de inspirar a vida da Igreja. Em 1985 quis afirmar: "Para mim que tive a graça especial de participar e colaborar ativamente em seu desenvolvimento, o Vaticano II foi sempre, e é de modo particular nestes anos de meu pontificado, o ponto de referência constante de toda minha ação pastoral, com o  compromisso responsável de traduzir suas diretrizes em aplicação concreta e fiel, em cada igreja e em toda a Igreja. Devemos recorrer incessantemente a essa fonte". João Paulo II, Homilia de 25 de janeiro de 1985, cf. L'Osservatore Romano, edição em língua espanhola, 3 de fevereiro de 1985, p. 12).
2.- Depois do encerramento do  Sínodo, fiz meu esse desejo, ao considerar que respondia "realmente às necessidades da Igreja universal e das Igrejas particulares" (5). João Paulo II, Discurso na sessão de encerramento da II Assembléia geral extraordinária do Sínodo dos bispos, 7 de dezembro de 1985; AAS 78 (1986), p. 435; cf. L'Osservatore Romano, edição em língua espanhola, 15 de dezembro de 1985, p. 11.

:: A ARTE
1.- "Aquele que cria dá o próprio ser, tira alguma coisa do nada -ex nihilo sui et subiecti, se diz em latim- e isto, em senso estrito, é o modo de proceder exclusivo do Onipotente. O artífice, ao contrário, utiliza algo já  existente, dando-lhe forma e significado."
2.- "Na « criação artística » o homem revela-se mais do que nunca « imagem de Deus » e realiza esta tarefa principalmente convertendo a estupenda « matéria » da própria humanidade e, depois, exercendo um domínio criativo sobre o universo que o rodeia."
3.- "O Artista divino, com admirável condescendência, trasmite ao artista humano uma faísca de sua sabedoria transcendente, chamando-o a compartilhar de sua potência criadora."
4.- "o artista, quanto mais consciente é de seu « dom », tanto mais se sente movido a olhar a si mesmo e à toda a criação com olhos capazes de contemplar e de agradecer, elevando a Deus seu hino de louvor. Somente assim pode compreender a fundo a si mesmo, sua própria vocação e missão."
5.- "Nem todos estão chamados a ser artistas no sentido específico da palavra. Entretanto, segundo a expressão do Gênesis, a cada homem é confiada a tarefa de ser artífice da própria vida; de certo modo, debe fazer dela uma obra de arte, uma obra-prima."

:: EUCARISTIA
1.- "Tua presença na Eucaristia começou com o sacrifício da última ceia e continua como comunhão e doação de tudo o que és".
2.- "O culto eucarístico brota do amor e serve ao amor, para o qual todos nós somos chamados em Cristo Jesus.  E fruto vivo desse mesmo culto é o aperfeiçoamento da imagem de Deus que trazemos em nós, imagem que corresponde àquela que Cristo nos revelou.  Tornando-nos assim "adoradores do Pai em espírito e verdade", nós amadurecemos numa cada vez mais plena união com Cristo, estamos mais unidos a Ele".
24.02.1980

3.- "E Eucaristia é grande apelo para a conversão.  Sabemos que ela é convite para o Banquete; que, alimentando-nos com a Eucaristia, recebemos o Corpo e o Sangue de Cristo, sob as aparências do pão e do vinho.  E precisamente porque é convite, a Eucaristia é e continua a ser apelo para a conversão".
29.09.79

4.- "Numa plena e ativa participação no Sacrifício Eucarístico e na vida litúrgica completa da Igreja, todo o povo encontra a primeira e indispensável fonte do verdadeiro espírito cristão.  Na Eucaristia encontra a força que o torna capaz de dar ao mundo o testemunho de vida."
26.04.79

5.- "O Santo Sacrifício da Missa quer ser também a celebração festiva da nossa salvação".
29.09.79


:: OS JOVENS
1.- "Vós sois o sal da terra... Vós sois a luz do mundo" (Mt 5, 13-14). (Mensagem do Papa Joao Paulo II para a XVII Jornada Mundial da Juventude.)
2.- "A Igreja os vê com confiança e espera que sejam o povo das bem-aventuranças!"
(Mensagem do Papa Joao Paulo II para a XVII Jornada Mundial da Juventude. 25 de julho de 2002.)
3.- "Não temam responder generosamente ao chamado do Senhor.  Deixem que sua fé brilhe no mundo, que suas ações mostrem seu compromisso com a mensagem salvadora do Evangelho!"
(Saudação final do Papa João Paulo II aos participantes da JMJ 2002 Downsview Lands, Toronto, 28 de julho de 2002)
4.- "¡vivais comprometidos, na oração, na atenta escuta e no compartilhar gozoso estas ocasiões de "formação permanente", manifestando vossa fé ardente e devota!  Como os Reis Magos, sejam também peregrinos animados pelo desejo de encontrar ao Messías e de adorá-lo!  Anunciai com coragem que Cristo, morto e ressuscitado, é vencedor do mal e da morte!"
5.- "Também vós, queridos jóvens, vos enfrenteis ao sofrimento:  a solidão, os fracassos e as desilusões em vossa vida pessoal;  as dificuldades para adaptar-se ao mundo dos adultos e à vida profissional;  as separações e os lutos em vossas famílias;  a violencia das guerras e a morte dos inocentes.  Porém sabeis que nos momentos difíceis, que não faltam na vida de cada um, não estais sós:  como a João ao pé da Cruz, Jesus vos entrega também a Mãe dele, para que vos conforte com ternura."
(Mensagem do Papa Joao Paulo II para a XVII Jornada Mundial da Juventude. 25 de julho de 2002.)
6.- "Queridos jóvens, já sabeis que o cristianismo não é uma opinião e não consiste em palavras vãs.  O cristianismo é Cristo!  ¡É uma Pessoa, é o que Vive!  Encontrar a Jesus, amá-lo e fazê-lo amar:  eis aquí a vocação cristã."
(Mensagem do Papa Joao Paulo II para a XVII Jornada Mundial da Juventude. 25 de julho de 2002.)
7.- "Queridos jóvens, só Jesus conhece vosso coração, vossos desejos mais profundos.  Só Éle, quem os amou até a morte, (cf Jn 13,1), é capaz de saciar vossas aspirações.  Suas palavras de vida eterna, palavras que dão sentido à vida.  Ninguém fora de Cristo poderá dar-vos a verdadeira felicidade."
(Mensagem do Papa Joao Paulo II para a XVII Jornada Mundial da Juventude. 25 de julho de 2002.)
8.- "Agora mais que nunca é urgente que sejáis os "centinelas da manhã", os vigías que anuncíam a luz da alvorada e a nova primavera do Evangelho, da que já são vistas os brotos. A humanidade necesita imperiosamente o testemunho de jóvens livres e valentes, que se atrevam a caminhar contra a corrente e a proclamar com força e entusiasmo a propria fe em Deus, Senhor e Salvador."
(Mensagem do Papa Joao Paulo II para a XVII Jornada Mundial da Juventude. 25 de julho de 2002.)

:: A VIRGEM MARIA
1.- "O anúncio de Simeão aparece como um segundo anúncio a Maria, pois lhe indica a concreta dimensão histórica na qual o Filho cumprirá sua missão, isso é, na incompreensão e na dor". Mãe do Redentor #16
2.- "O dogma da maternidade divina de Maria foi para o Concílio de Éfeso e é para a Igreja como um selo do dogma da Encarnação na que o Verbo assume realmente na unidade de sua pessoa a natureza humana sem anula-la" Mãe do Redentor #4
3.- "Maria é 'cheia de graça', porque a Encarnação do Verbo, a união hipostática do Filho de Deus com a natureza humana, se realiza e cumpre prescisamente nela" Mãe do Redentor #9
4.- "O ir ao encontro das necessidades do homem significa, ao mesmo tempo, sua introdução no raio de ação da missão messiânica e do poder salvador de Cristo.  Por conseguinte, sucede uma mediação:  Maria se põe entre seu Filho e os homes na realidade de suas privações, indigências e sofrimentos.  Se põe "no meio", ou seja se faz mediadora não como uma pessoa desconhecida, senão no seu papel de mãe, consciente de que como tal pode - melhor "tem o direito de" - fazer presente ao Filho às necessidades dos homens" Mãe do Redentor #21
5.- "A Mãe de Cristo se apresenta diante dos homens como portavoz da vontade do Filho, indicadora daquelas exigencias que devem cumprir-se para que possa ser manifestado o poder salvador do Messías". Mãe do Redentor #21
6.- "Em Caná, mercê à intercessão de Maria e à obediência dos criados, Jesus começa sua hora" Mãe do Redentor #21  
7.- "Em Caná Maria aparece como a que crê em Jesus, sua fé provoca o primeiro "sinal" e contribui a despertar a fé dos discípulos " Mãe do Redentor #21
8.- "A missão maternal de Maria aos homens de nenhuma maneira escurece nem diminui esta única mediação de Cristo, pelo contrário, mostra sua eficácia.  Esta função maternal brota, segundo o privilégio de Deus, da sobreabundancia dos méritos de Cristo... dela depende totalmente e da mesma estrai toda a sua virtude." Mãe do Redentor #22
9.- "Esta nova maternidade de Maria, gerada pela fé, é fruto do 'novo' amor, que amadurecido nela definitivamente junto à Cruz, a través da sua participação no amor redentor do Filho."  Mãe do Redentor #23  
10.- Nos deste tua Mãe como nossa, para que nos ensine a meditar e adorar no coração.  Ela, recebendo a Palavra e colocando-a em prática, fez-se a mais perfeita Mãe.

domingo, 24 de abril de 2011

Mensagem de Páscoa de Bento XVI

ZP11042405 - 24-04-2011
Permalink: http://www.zenit.org/article-27814?l=portuguese

“Na vossa Ressurreição, ó Cristo, alegrem-se os céus e a terra”

CIDADE DO VATICANO, domingo, 24 de abril de 2011 (ZENIT.org) - Apresentamos a mensagem de Páscoa que Bento XVI dirigiu do balcão central da Basílica de São Pedro ao meio-dia deste Domingo da Ressurreição.
* * *
«In resurrectione tua, Christe, coeli et terra laetentur – Na vossa Ressurreição, ó Cristo, alegrem-se os céus e a terra» (Liturgia das Horas).
Amados irmãos e irmãs de Roma e do mundo inteiro!
A manhã de Páscoa trouxe-nos este anúncio antigo e sempre novo: Cristo ressuscitou! O eco deste acontecimento, que partiu de Jerusalém há vinte séculos, continua a ressoar na Igreja, que traz viva no coração a fé vibrante de Maria, a Mãe de Jesus, a fé de Madalena e das primeiras mulheres que viram o sepulcro vazio, a fé de Pedro e dos outros Apóstolos.
Até hoje – mesmo na nossa era de comunicações supertecnológicas – a fé dos cristãos assenta naquele anúncio, no testemunho daquelas irmãs e daqueles irmãos que viram, primeiro, a pedra removida e o túmulo vazio e, depois, os misteriosos mensageiros que atestavam que Jesus, o Crucificado, ressuscitara; em seguida, o Mestre e Senhor em pessoa, vivo e palpável, apareceu a Maria de Magdala, aos dois discípulos de Emaús e, finalmente, aos onze, reunidos no Cenáculo (cf. Mc 16, 9-14).
A ressurreição de Cristo não é fruto de uma especulação, de uma experiência mística: é um acontecimento, que ultrapassa certamente a história, mas verifica-se num momento concreto da história e deixa nela uma marca indelével. A luz, que encandeou os guardas de sentinela ao sepulcro de Jesus, atravessou o tempo e o espaço. É uma luz diferente, divina, que fendeu as trevas da morte e trouxe ao mundo o esplendor de Deus, o esplendor da Verdade e do Bem.
Tal como os raios do sol, na primavera, fazem brotar e desabrochar os rebentos nos ramos das árvores, assim também a irradiação que dimana da Ressurreição de Cristo dá força e significado a cada esperança humana, a cada expectativa, desejo, projecto. Por isso, hoje, o universo inteiro se alegra, implicado na primavera da humanidade, que se faz intérprete do tácito hino de louvor da criação. O aleluia pascal, que ressoa na Igreja peregrina no mundo, exprime a exultação silenciosa do universo e sobretudo o anseio de cada alma humana aberta sinceramente a Deus, mais ainda, agradecida pela sua infinita bondade, beleza e verdade.
«Na vossa ressurreição, ó Cristo, alegrem-se os céus e a terra». A este convite ao louvor, que hoje se eleva do coração da Igreja, os «céus» respondem plenamente: as multidões dos anjos, dos santos e dos beatos unem-se unânimes à nossa exultação. No Céu, tudo é paz e alegria. Mas, infelizmente, não é assim sobre a terra! Aqui, neste nosso mundo, o aleluia pascal contrasta ainda com os lamentos e gritos que provêm de tantas situações dolorosas: miséria, fome, doenças, guerras, violências. E todavia foi por isto mesmo que Cristo morreu e ressuscitou! Ele morreu também por causa dos nossos pecados de hoje, e também para a redenção da nossa história de hoje Ele ressuscitou. Por isso, esta minha mensagem quer chegar a todos e, como anúncio profético, sobretudo aos povos e às comunidades que estão a sofrer uma hora de paixão, para que Cristo Ressuscitado lhes abra o caminho da liberdade, da justiça e da paz.
Possa alegrar-se aquela Terra que, primeiro, foi inundada pela luz do Ressuscitado. O fulgor de Cristo chegue também aos povos do Médio Oriente para que a luz da paz e da dignidade humana vença as trevas da divisão, do ódio e das violências. Na Líbia, que as armas cedam o lugar à diplomacia e ao diálogo e se favoreça, na situação actual de conflito, o acesso das ajudas humanitárias a quantos sofrem as consequências da luta. Nos países da África do Norte e do Médio Oriente, que todos os cidadãos – e de modo particular os jovens – se esforcem por promover o bem comum e construir um sociedade, onde a pobreza seja vencida e cada decisão política seja inspirada pelo respeito da pessoa humana. A tantos prófugos e aos refugiados, que provêm de diversos países africanos e se vêem forçados a deixar os afectos dos seus entes mais queridos, chegue a solidariedade de todos; os homens de boa vontade sintam-se inspirados a abrir o coração ao acolhimento, para se torne possível, de maneira solidária e concorde, acudir às necessidades prementes de tantos irmãos; a quantos se prodigalizam com generosos esforços e dão exemplares testemunhos nesta linha chegue o nosso conforto e apreço.
Possa recompor-se a convivência civil entre as populações da Costa do Marfim, onde é urgente empreender um caminho de reconciliação e perdão, para curar as feridas profundas causadas pelas recentes violências. Possa encontrar consolação e esperança a terra do Japão, enquanto enfrenta as dramáticas consequências do recente terremoto, e demais países que, nos meses passados, foram provados por calamidades naturais que semearam sofrimento e angústia.
Alegrem-se os céus e a terra pelo testemunho de quantos sofrem contrariedades ou mesmo perseguições pela sua fé no Senhor Jesus. O anúncio da sua ressurreição vitoriosa neles infunda coragem e confiança.
Queridos irmãos e irmãs! Cristo ressuscitado caminha à nossa frente para os novos céus e a nova terra (cf. Ap 21, 1), onde finalmente viveremos todos como uma única família, filhos do mesmo Pai. Ele está connosco até ao fim dos tempos. Sigamos as suas pegadas, neste mundo ferido, cantando o aleluia. No nosso coração, há alegria e sofrimento; na nossa face, sorrisos e lágrimas. A nossa realidade terrena é assim. Mas Cristo ressuscitou, está vivo e caminha connosco. Por isso, cantamos e caminhamos, fiéis ao nosso compromisso neste mundo, com o olhar voltado para o Céu.
Boa Páscoa a todos!
[Tradução distribuída pela Santa Sé

Papa: O homem não é um produto casual da evolução

ZP11042406 - 24-04-2011
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Pontífice preside à Vigília Pascal na Basílica de São Pedro

CIDADE DO VATICANO, domingo, 24 de abril de 2011 (ZENIT.org) - O homem não é um produto casual da evolução, mas do Amor criador e redentor de Deus, que dá sentido à vida, explicou Bento XVI na Vigília Pascal.
Ao presidir a “mãe de todas as vigílias” e batizar seis catecúmenos – da Suíça, Albânia, Peru, Rússia, Singapura e China – o pontífice quis responder na homilia às perguntas de todo homem e mulher sobre a origem e destino de sua existência.
“Se o homem fosse apenas um tal produto casual da evolução num lugar marginal qualquer do universo, então a sua vida seria sem sentido ou mesmo um azar da natureza”, afirmou.
“Mas não! No início, está a Razão, a Razão criadora, divina. E, dado que é Razão, ela criou também a liberdade; e, uma vez que se pode fazer uso indevido da liberdade, existe também o que é contrário à criação.”
“Mas, apesar desta contradição, a criação como tal permanece boa, a vida permanece boa, porque na sua origem está a Razão boa, o amor criador de Deus. Por isso, o mundo pode ser salvo”, disse, explicando a mensagem de esperança deixada pela paixão, morte e ressurreição de Cristo.
“Por isso podemos e devemos colocar-nos da parte da razão, da liberdade e do amor, da parte de Deus que nos ama de tal maneira que Ele sofreu por nós, para que, da sua morte, pudesse surgir uma vida nova, definitiva, restaurada.”
A celebração começou no átrio da Basílica de São Pedro, com o rito da bênção do fogo e a preparação do Círio pascal, presente da Comunidade Neocatecumenal de Roma.
Na basílica, a passagem da escuridão à luz simbolizou a chegada da Luz, que é Cristo, no mundo tenebroso do pecado, da solidão e da morte, segundo explicou Dom Guido Marini, mestre das celebrações litúrgicas pontifícias. O serviço litúrgico foi realizado por religiosos dos Legionários de Cristo.

Homilia de Bento XVI na Vigília Pascal

ZP11042401 - 24-04-2011
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“A Igreja não é uma associação qualquer que se ocupa das necessidades religiosas”

CIDADE DO VATICANO, domingo, 24 de abril de 2011 (ZENIT.org) - Publicamos a homilia que Bento XVI pronunciou na celebração litúrgica da Vigília Pascal, na Basílica de São Pedro.
* * *
Amados irmãos e irmãs,
Dois grandes sinais caracterizam a celebração litúrgica da Vigília Pascal. Temos antes de mais nada o fogo que se torna luz. A luz do círio pascal que, na procissão através da igreja encoberta na escuridão da noite, se torna uma onda de luzes, fala-nos de Cristo como verdadeira estrela da manhã eternamente sem ocaso, fala-nos do Ressuscitado em quem a luz venceu as trevas. O segundo sinal é a água. Esta recorda, por um lado, as águas do Mar Vermelho, o afundamento e a morte, o mistério da Cruz; mas, por outro, aparece-nos como água nascente, como elemento que dá vida na aridez. Torna-se assim imagem do sacramento do Baptismo, que nos faz participantes da morte e ressurreição de Jesus Cristo.
Mas não são apenas estes grandes sinais da criação, a luz e a água, que fazem parte da liturgia da Vigília Pascal; outra característica verdadeiramente essencial da Vigília é o facto de nos proporcionar um vasto encontro com a palavra da Sagrada Escritura. Antes da reforma litúrgica, havia doze leituras do Antigo Testamento e duas do Novo. As do Novo Testamento permaneceram; entretanto o número das leituras do Antigo Testamento acabou fixado em sete, que, atendendo às situações locais, se podem reduzir a três leituras. A Igreja quer, através de uma ampla visão panorâmica, conduzir-nos ao longo do caminho da história da salvação, desde a criação passando pela eleição e a libertação de Israel até aos testemunhos proféticos, pelos quais toda esta história se orienta cada vez mais claramente para Jesus Cristo. Na tradição litúrgica, todas estas leituras se chamavam profecias: mesmo quando não são directamente vaticínios de acontecimentos futuros, elas têm um carácter profético, mostram-nos o fundamento íntimo e a direcção da história; fazem com que a criação e a história se tornem transparentes no essencial. Deste modo tomam-nos pela mão e conduzem-nos para Cristo, mostram-nos a verdadeira luz.
Na Vigília Pascal, o percurso ao longo dos caminhos da Sagrada Escritura começa pelo relato da criação. Desta forma, a liturgia quer-nos dizer que também o relato da criação é uma profecia. Não se trata de uma informação sobre a realização exterior da transformação do universo e do homem. Bem cientes disto estavam os Padres da Igreja, que entenderam este relato não como narração real das origens das coisas, mas como apelo ao essencial, ao verdadeiro princípio e ao fim do nosso ser. Ora, podemo-nos interrogar: mas, na Vigília Pascal, é verdadeiramente importante falar também da criação? Não se poderia começar pelos acontecimentos em que Deus chama o homem, forma para Si um povo e cria a sua história com os homens na terra? A resposta deve ser: não! Omitir a criação significaria equivocar-se sobre a história de Deus com os homens, diminuí-la, deixar de ver a sua verdadeira ordem de grandeza. O arco da história que Deus fundou chega até às origens, até à criação. A nossa profissão de fé inicia com as palavras: «Creio em Deus, Pai todo-poderoso, Criador do Céu e da Terra». Se omitimos este início do Credo, a história global da salvação torna-se demasiado restrita, demasiado pequena. A Igreja não é uma associação qualquer que se ocupa das necessidades religiosas dos homens e cujo objectivo se limitaria precisamente ao de uma tal associação. Não, a Igreja leva o homem ao contacto com Deus e, consequentemente, com o princípio de tudo. Por isso, Deus tem a ver connosco como Criador, e por isso possuímos uma responsabilidade pela criação. A nossa responsabilidade inclui a criação, porque esta provém do Criador. Deus pode dar-nos vida e guiar a nossa vida, só porque Ele criou o todo. A vida na fé da Igreja não abrange somente o âmbito de sensações e sentimentos e porventura de obrigações morais; mas abrange o homem na sua integralidade, desde as suas origens e na perspectiva da eternidade. Só porque a criação pertence a Deus, podemos depositar n’Ele completamente a nossa confiança. E só porque Ele é Criador, é que nos pode dar a vida por toda a eternidade. A alegria e gratidão pela criação e a responsabilidade por ela andam juntas uma com a outra.
Podemos determinar ainda mais concretamente a mensagem central do relato da criação. Nas primeiras palavras do seu Evangelho, São João resumiu o significado essencial do referido relato com uma única frase: «No princípio, era o Verbo». Com efeito, o relato da criação, que ouvimos anteriormente, caracteriza-se pela frase que aparece com regularidade: «Disse Deus…». O mundo é uma produção da Palavra, do Logos, como se exprime João com um termo central da língua grega. «Logos» significa «razão», «sentido», «palavra». Não é apenas razão, mas Razão criadora que fala e comunica a Si mesma. Trata-se de Razão que é sentido, e que cria, Ela mesma, sentido. Por isso, o relato da criação diz-nos que o mundo é uma produção da Razão criadora. E deste modo diz-nos que, na origem de todas as coisas, não está o que é sem razão, sem liberdade; pelo contrário, o princípio de todas as coisas é a Razão criadora, é o amor, é a liberdade. Encontramo-nos aqui perante a alternativa última que está em jogo na disputa entre fé e incredulidade: o princípio de tudo é a irracionalidade, a falta de liberdade e o acaso, ou então o princípio do ser é razão, liberdade, amor? O primado pertence à irracionalidade ou à razão? Tal é a questão de que, em última análise, se trata. Como crentes, respondemos com o relato da criação e com João: na origem, está a razão. Na origem, está a liberdade. Por isso, é bom ser uma pessoa humana. Assim o que sucedera no universo em expansão não foi que por fim, num angulozinho qualquer do cosmos, ter-se-ia formado por acaso também uma espécie como qualquer outra de ser vivente, capaz de raciocinar e de tentar encontrar na criação uma razão ou de lha conferir. Se o homem fosse apenas um tal produto casual da evolução num lugar marginal qualquer do universo, então a sua vida seria sem sentido ou mesmo um azar da natureza. Mas não! No início, está a Razão, a Razão criadora, divina. E, dado que é Razão, ela criou também a liberdade; e, uma vez que se pode fazer uso indevido da liberdade, existe também o que é contrário à criação. Por isso se estende, por assim dizer, uma densa linha escura através da estrutura do universo e através da natureza do homem. Mas, apesar desta contradição, a criação como tal permanece boa, a vida permanece boa, porque na sua origem está a Razão boa, o amor criador de Deus. Por isso, o mundo pode ser salvo. Por isso podemos e devemos colocar-nos da parte da razão, da liberdade e do amor, da parte de Deus que nos ama de tal maneira que Ele sofreu por nós, para que, da sua morte, pudesse surgir uma vida nova, definitiva, restaurada.
O relato veterotestamentário da criação, que escutámos, indica claramente esta ordem das coisas. Mas faz-nos dar um passo mais em frente. O processo da criação aparece estruturado no quadro de uma semana que se orienta para o Sábado, encontrando neste a sua perfeição. Para Israel, o Sábado era o dia em que todos podiam participar no repouso de Deus, em que homem e animal, senhor e escravo, grandes e pequenos estavam unidos na liberdade de Deus. Assim o Sábado era expressão da aliança entre Deus, o homem e a criação. Deste modo, a comunhão entre Deus e o homem não aparece como um acréscimo, algo instaurado posteriormente num mundo cuja criação estava já concluída. A aliança, a comunhão entre Deus e o homem, está prevista no mais íntimo da criação. Sim, a aliança é a razão intrínseca da criação, tal como esta é o pressuposto exterior da aliança. Deus fez o mundo, para haver um lugar no qual Ele pudesse comunicar o seu amor e a partir do qual a resposta de amor retornasse a Ele. Diante de Deus, o coração do homem que Lhe responde é maior e mais importante do que todo o imenso universo material que, certamente, já nos deixa vislumbrar algo da grandeza de Deus.
Entretanto, na Páscoa e a partir da experiência pascal dos cristãos, devemos ainda dar mais um passo. O Sábado é o sétimo dia da semana. Depois de seis dias em que o homem, de certa forma, participa no trabalho criador de Deus, o Sábado é o dia do repouso. Mas, na Igreja nascente, sucedeu algo de inaudito: no lugar do Sábado, do sétimo dia, entra o primeiro dia. Este, enquanto dia da assembleia litúrgica, é o dia do encontro com Deus por meio de Jesus Cristo, que no primeiro dia, o Domingo, encontrou como Ressuscitado os seus, depois que estes encontraram vazio o sepulcro. Agora inverte-se a estrutura da semana: já não está orientada para o sétimo dia, em que se participa no repouso de Deus; a semana inicia com o primeiro dia como dia do encontro com o Ressuscitado. Este encontro não cessa jamais de verificar-se na celebração da Eucaristia, durante a qual o Senhor entra de novo no meio dos seus e dá-Se a eles, deixa-Se por assim dizer tocar por eles, põe-Se à mesa com eles. Esta mudança é um facto extraordinário, quando se considera que o Sábado – o sétimo dia – está profundamente radicado no Antigo Testamento como o dia do encontro com Deus. Quando se pensa como a passagem do trabalho ao dia do repouso corresponde também a uma lógica natural, torna-se ainda mais evidente o alcance impressionante de tal alteração. Este processo inovador, que se deu logo ao início do desenvolvimento da Igreja, só se pode explicar com o facto de ter sucedido algo de inaudito em tal dia. O primeiro dia da semana era o terceiro depois da morte de Jesus; era o dia em que Ele Se manifestou aos seus como o Ressuscitado. De facto, este encontro continha nele algo de impressionante. O mundo tinha mudado. Aquele que estivera morto goza agora de um vida que já não está ameaçada por morte alguma. Fora inaugurada uma nova forma de vida, uma nova dimensão da criação. O primeiro dia, segundo o relato do Génesis, é aquele em que teve início a criação. Agora tornara-se, de uma forma nova, o dia da criação, tornara-se o dia da nova criação. Nós celebramos o primeiro dia. Deste modo celebramos Deus, o Criador, e a sua criação. Sim, creio em Deus, Criador do Céu e da Terra. E celebramos o Deus que Se fez homem, padeceu, morreu, foi sepultado e ressuscitou. Celebramos a vitória definitiva do Criador e da sua criação. Celebramos este dia como origem e simultaneamente como meta da nossa vida. Celebramo-lo porque agora, graças ao Ressuscitado, vale de modo definitivo que a razão é mais forte do que a irracionalidade, a verdade mais forte do que a mentira, o amor mais forte do que a morte. Celebramos o primeiro dia, porque sabemos que a linha escura que atravessa a criação não permanece para sempre. Celebramo-lo, porque sabemos que agora vale definitivamente o que se diz no fim do relato da criação: «Deus viu que tudo o que tinha feito; era tudo muito bom» (Gn 1, 31). Amen.
[Tradução distribuída pela Santa Sé

A fertilidade continua caindo


ZP11042403 - 24-04-2011
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População envelhecida e consequências econômicas

Pe. John Flynn, L.C.
ROMA, domingo, 24 de abril de 2011 (ZENIT.org) - A taxa de natalidade baixa e uma população envelhecida representam um desafio econômico gigante para a Europa. Esta é uma das conclusões de um estudo publicado pela Comissão Europeia no início do mês.
O "Terceiro Informe Demográfico" apontou que o número de filhos por mulher aumentou de 1,45 no último informe, de 2008, para 1,6. Mesmo assim, continua muito abaixo dos 2,1 filhos necessários para manter uma população estável.
A esperança de vida também aumentou, o que acelera o processo de envelhecimento do continente. Em quatro países – Bulgária, Lituânia, Letônia e Romênia – a população já está diminuindo porque os falecimentos e a emigração superam o número dos nascimentos.
O informe revela ainda que a média de idade das mulheres no seu primeiro parto aumentou significativamente nas últimas três décadas. A idade mais alta para o primeiro parto, em 2009, foi medida na Irlanda: 31,2 anos. A Itália está bem próxima do índice, com 31,1 anos, enquanto a idade mais baixa está na Bulgária, com 26,6, seguida pela Romênia, com 26,9. Em 13 dos 27 países da União Europeia, as mulheres tendem a ter filhos com 30 anos ou mais.
Segundo o informe, a fertilidade pode continuar aumentando de modo marginal, superando ligeiramente a média de 1,7 filhos por mulher. Mas o documento observa que, a essa taxa, ainda será necessária uma grande afluência de imigrantes para evitar que a população se reduza no longo prazo.
Não é provável que a fertilidade suba o suficiente para atingir o nível de substituição de 2,1, ou que se reverta o envelhecimento da população da Europa, conclui o estudo.
Cerca de 5 milhões de crianças nascem por ano nos 27 países da União Europeia, e cerca de 2 milhões de pessoas emigram de países estrangeiros para o bloco. Os nascimentos superam o número de mortes em poucas centenas de milhares de pessoas por ano. A imigração, que supera amplamente o milhão por ano, explica a maior parte do crescimento da população da região.
As nações do bloco são hoje o lar de 20 milhões de pessoas que não têm a cidadania europeia. Além disso, cerca de 5 milhões de extracomunitários obtiveram a cidadania da União Europeia desde 2001. Há também a migração interna, com 10 milhões de europeus que moram em países da União que não são a sua pátria.
Mais idosos
Existem diferenças significativas entre os estados membros da União Europeia. As populações atualmente mais velhas, como a da Alemanha e a da Itália, continuarão envelhecendo rapidamente nos próximos 20 anos, mas depois se estabilizarão. Outros países, com populações hoje mais jovens, principalmente no leste da União, envelhecerão a uma velocidade cada vez maior, a ponto de terem, no ano 2060, as populações mais idosas do bloco.
O informe observa que, em 2014, a população em idade de trabalho, entre os 20 e os 64 anos, começará a diminuir rapidamente, ao se aposentarem os baby-boomers do período posterior à Segunda Guerra Mundial.
De fato, na União Europeia, o número de pessoas com 60 anos ou mais já está aumentando em mais de dos milhões por ano, o que é o dobro do observado há três anos.
A metade da população atual dos 27 estados da União tem 40,9 anos ou mais. A idade média vai dos 34,3 anos na Irlanda aos 44,2 na Alemanha. É previsto que a idade média suba para os 47,9 anos em 2060.
A população de 65 anos ou mais deverá aumentar de 17,4% em 2010 para 30% em 2060.
O resultado será uma carga cada vez maior sobre os cidadãos em idade de trabalho, que deverão pagar os gastos sociais demandados pela população envelhecida.
O fenômeno fica mais evidente ao se considerarem as previsões do número de pessoas em idade de trabalho, entre 19 e 65 anos, e ao se compararem tais números com o das pessoas dependentes (as menores de 19 e as maiores de 65).
A União Europeia tem hoje três pessoas em idade de trabalho por cada dois dependentes. Em 2060, haverá uma pessoa em idade de trabalho para cada pessoa dependente.
Estados Unidos
A Europa não está sozinha. Nos Estados Unidos, a taxa de natalidade também desceu entre 2007 e 2009, segundo os dados do Centro de Controle de Doenças.
De 2007 a 2009, os nascimentos caíram 4%, para 4.131.019, e os números parciais de nascimentos em junho de 2010 indicavam que a queda continuava.
A taxa de natalidade caiu 9% para as mulheres de 20 a 24 anos, chegando ao índice mais baixo registrado para essa faixa etária, e 6% para as de 25 a 29. Também há queda nas taxas de natalidade entre as mulheres com mais de 30 anos.
Chama a atenção que a taxa de fertilidade tenha caído mais entre as mulheres hispanas do que nos outros grupos da população.
O Population Reference Bureau, organização privada, publicou dados recentes que trazem mais luz aos números populacionais nos Estados Unidos: a quantidade de bebês nascidos no país em 2009 caiu 2,3%, e continua caindo. Isto significa que a média de nascimentos por mulher em 2009 foi de 2,01, o número mais baixo desde 1998. Com a queda dos nascimentos, o índice de fertilidade total nos Estados Unidos está abaixo do nível de substituição, de 2,1 nascimentos por mulher.
Os dados do Population Reference Bureau também mostram que, pela primeira vez em muitos anos, os nascimentos entre as mulheres solteiras diminuíram. Mas os nascimentos entre as mulheres casadas caíram mais ainda, revelando que 41% de todos os nascimentos nos Estados Unidos aconteceram no grupo das mulheres solteiras, o índice mais alto até hoje.
O ‘Bureau’ afirma que esta última queda se deve à atual crise econômica, o que difere do relatório do CDC, que assinala que os dados de nascimento por si só não são suficientes para tirar conclusões sobre as razões da queda no índice de fertilidade.
Ainda assim, o PRB observa, tanto na Grande Depressão dos anos trinta como nos difíceis momentos econômicos dos anos setenta, que seguiram à “crise do petróleo”, houve também períodos de baixa fertilidade nos EUA.
A questão é, insistia o PRB, se a fertilidade voltará quando a economia melhorar ou esses baixos índices se converterão em norma, como no caso da Europa e Canadá.
Custo
No Canadá, a baixa fertilidade foi norma durante muito tempo e, como aponta um artigo de 2 de abril do jornal ‘National Post’, isso custou caro ao governo. Os últimos dados orçamentários calculam que no período 2010-11 a 2015-16, os gastos em auxílios para os anciãos aumentará cerca de 30%.
Esta projeção de aumento anual estará muito acima do crescimento econômico previsto para o Canadá. De fato, o artigo cita dados segundo os quais o crescimento econômico pode cair até a metade do nível das últimas décadas, devido ao impacto de uma população envelhecida.
Apesar dos graves problemas causados pela baixa taxa de fertilidade e do envelhecimento, a ONU continua firme em seu objetivo de reduzir a fertilidade a todo custo. A 44ª sessão da Comissão de População e Desenvolvimento reuniu-se dos dias 11 a 15 de abril em Nova York.
O comunicado de imprensa que anunciava esta reunião enfatizava a necessidade de ampliar o planejamento familiar para reduzir com rapidez a fertilidade na África e na Ásia. Em lugar disso, talvez seria melhor considerar os graves problemas econômicos que tal redução causa em muitos países.

O Islã na Zâmbia: pequeno e significativo

ZP11042402 - 24-04-2011
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Entrevista com o escritor Pe. Félix Phili

ROMA, domingo, 24 de abril de 2011 (ZENIT.org) - A comunidade islâmica na Zâmbia é pequena, mas despertou atenção nas últimas três décadas, segundo o professor Pe. Félix Phili, Missionário da África, autor do livro Muslim Associations and Resurgence of Islam in Zambia.
No programa de televisão "Deus chora na Terra", da Catholic Radio and Television Network (CRTN), em colaboração com Ajuda à Igreja Necessitada, o Pe. Phili fala do livro e do Islã na Zâmbia.
- Pe. Félix, o que o levou a escrever este livro?
Pe. Phili: Esse livro é um desenvolvimento da pesquisa que eu fiz para a minha tese doutoral na Escola de Estudos Africano-Orientais. Eu trabalhei muito com a comunidade muçulmana da Zâmbia para reunir a informação, e prometi que devolveria essa ajuda para eles. Então escrevi o livro e eles puderam ver o resultado desse trabalho.
- Qual foi a inspiração para o livro?
Pe. Phili: A força que existe na comunidade muçulmana do nosso país. Pouco antes de eu começar a pesquisa, existia muita preocupação e medo da comunidade muçulmana, que não se baseava de verdade em informação objetiva. As pessoas especulavam sobre o que tinham visto e eu vi nisso um tema interessante para pesquisar, e também uma forma de apresentar um conhecimento claro sobre o que realmente ocorria no país.
- Houve alguma pessoa ou acontecimento determinante?
Pe. Phili: Não. Como parte da preparação, eu estudei com a intenção de trabalhar com os muçulmanos do norte da África. Já tinha feito quatro anos de trabalho missionário na Tunísia. Quando tive a oportunidade do doutorado, comecei a pensar no tema que poderia trabalhar. Um amigo falou: "Por que não o Islã na Zâmbia?". Para ser franco, eu me surpreendi. Quase nem existem muçulmanos na Zâmbia, só uns poucos aqui e ali, mas eles me disseram: "Sendo tão poucos, não sabemos muito sobre eles, então seria bom que você pesquisasse".
- Seu livro se chama The Resurgence of Islam, mas o Islã é só 0,5% da população. Que ressurgimento é esse? É um crescimento do Islã?
Pe. Phili: O termo foi escolhido de propósito e tem a ver com a história dessa comunidade de fé. Na verdade, os muçulmanos chegaram ao país antes que os cristãos, mas a presença deles só foi sentida de verdade nas últimas três décadas. É um tipo de ressurgimento de uma comunidade que já existe, que se torna presente de modo mais eficaz; há um novo dinamismo dentro dessa comunidade. É isso o que eu quero dizer com ressurgimento.
- Você disse que o Islã chegou à Zâmbia antes do cristianismo. De onde ele veio?
Pe. Phili: Os primeiros muçulmanos eram comerciantes árabes. Depois de muito tempo na costa leste da África, eles começaram a se aventurar mais no interior do continente. Vieram a maioria como comerciantes. No começo eles não estendiam o Islã em si, porque só faziam assentamentos temporários. Mas depois, lentamente, alguns assentamentos foram ficando permanentes, e eles construíram uma relação com os indígenas; havia algumas poucas tribos que colaboravam estreitamente com eles; algumas dessas tribos se converteram ao Islã. Foi o caso de boa parte do povo Yao, do Malaui, que também é um fator de presença do Islã na Zâmbia. E são essas duas as primeiras comunidades que fizeram o Islã vir para a Zâmbia.
- O dinheiro para a construção de mesquitas, clínicas e escolas, por exemplo, está vindo de pessoas da Zâmbia ou de outros países árabes, ou de muçulmanos do exterior?
Pe. Phili: Não temos evidências claras de que algum país muçulmano ou árabe em particular esteja patrocinando o Islã na Zâmbia, a não ser, de modo indireto, a Agência Muçulmana Africana. É uma ONG, que, de alguma forma, ajuda por exemplo na construção de mesquitas, mas é mais no sentido de coordenar a construção de edifícios religiosos do que de promover diretamente a expansão do Islã. Dentro da comunidade asiática da Zâmbia, que tem muito envolvimento com comércio, houve financiamento local de algumas estruturas simples, principalmente nas áreas rurais. Também existem alguns muçulmanos fora do país que dão assistência aqui dentro da África. Essas famílias vêm para cá e promovem a construção de orfanatos e a escavação de poços. Então há recursos que vêm de fora do país, sim, mas não é de um modo coordenado, é espontâneo.
- O trabalho assistencial é uma parte importante do Islã ou é um fenômeno baseado nas organizações assistenciais cristãs? Parece um fenômeno relativamente novo.
Pe. Phili: As duas coisas. Por um lado existe o modelo cristão. A comunidade muçulmana se baseia de alguma forma nesse modelo, mas a motivação mais profunda deles vem de algo que existe dentro do próprio islã, através do que nós chamamos de sacat: todo muçulmano com certa renda deve pagar, em tese, uma certa quantidade...
- Como o conceito cristão tradicional da esmola?
Pe. Phili: Parecido... Então isso levanta alguns recursos. Esses recursos são para ajudar os membros mais pobres da comunidade e, tradicionalmente, atendem as necessidades imediatas das pessoas, mas, com o desenvolvimento geral da sociedade na Zâmbia, isso também foi se transformando, proporcionando educação, saúde e desenvolvimento. Em certo sentido, eles não apenas copiaram o nosso modelo, porque dentro do sistema religioso deles existe essa possibilidade de reunir recursos, parecida com o que os cristãos fizeram antes deles.
- Como os cristãos reagem a isso? Estão preocupados?
Pe. Phili: A reação cristã foi meio que esquecer a história recente, a vinda dos missionários cristãos ao país. Os missionários cristãos fizeram o que agora os muçulmanos estão fazendo. Os tempos mudaram. Houve muitas alegações contra a comunidade muçulmana, dizendo que agora eles estão comprando conversões com incentivos materiais.
- Este é um argumento válido?
Padre Phili: Em certo sentido é um argumento válido, mas como eu disse, os tempos mudaram, e a comunidade muçulmana oferece os mesmos serviços que os missionários cristãos ofereceram antes. A principal crítica a este tipo de postura é que é uma maneira de se aproveitar dos pobres na sociedade, porque as pessoas têm necessidades materiais. De algum modo, indiretamente, a forma de oferecer-lhes os serviços faz com que as pessoas sintam que há certas expectativas. Esta tem sido uma das críticas contra a comunidade muçulmana – dizer que se aproveita dos pobres da sociedade e, ao oferecer-lhes estes serviços, alcançar novos convertidos.
- Isso implica a questão de que até que ponto é válida esta opção de vida. Se se está em um momento de necessidade, até que ponto entra de verdade a fé de uma pessoa?
Padre Phili: Em certo sentido isso depende de cada indivíduo, porque, no geral, no islã não há catecismo. Se se tem a oportunidade, pode-se preparar e ensinar alguém o que é o islã, antes de se converter, mas na maioria dos casos a conversão é mais ou menos instantânea. Aprende-se como ser muçulmano só depois de se ter convertido. Também se dão conta de que a ajuda que oferecida é mínima; em ocasiões se resume a um cobertor, por exemplo – ainda que isso signifique muito para alguém da zona rural, especialmente durante a estação fria –, mas logo se espera que, ao participarem de modo contínuo dos encontros e se apresentarem como muçulmanos, possam receber mais ajuda.
- Qual é a resposta dos cristãos de Zâmbia? Há preocupação de choques entre cristãos e muçulmanos?
Padre Phili: Há uma inquietante associação com formas extremistas que estão se dando em outros lugares. Nesse sentido, a comunidade cristã, a Igreja católica em particular, tem expressado sua cautela ao dizer que o islã torna-se visível e está crescendo.
- Como a Igreja católica tenta trabalhar com os muçulmanos?
Padre Phili: Tem havido alguns esforços aqui e ali para chegar à comunidade muçulmana. As comunidades muçulmanas locais em si, ao menos algumas delas, estão muito abertas aos cristãos e à Igreja católica em particular, mas até o momento não há verdadeiras estruturas permanentes ou meios que coordenem uma colaboração estreita entre as duas comunidades.
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Esta entrevista foi realizada por Mark Riedemann para "Deus chora na terra", um programa rádio-televisivo semanal produzido por ‘Catholic Radio and Television Network’, (CRTN), em colaboração com a organização católica Ajuda à Igreja que Sofre.
Mais informação em www.aisbrasil.org.br, www.fundacao-ais.pt.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Papa reflete sobre sofrimento de Cristo no Getsêmani

ZP11042009 - 20-04-2011
Permalink: http://www.zenit.org/article-27791?l=portuguese
Convida a unir-se à vontade de Deus acima de tudo, como Jesus


CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 20 de abril de 2011 (ZENIT,org) - O Papa Bento XVI dedicou a audiência de hoje a refletir sobre o significado profundo da agonia de Cristo no Getsêmani.
De fato, o sofrimento de Cristo no Horto das Oliveiras ocupou quase toda a catequese sobre a paixão e morte, enfocando todo o tríduo pascal a partir de uma ótica diferente da dos anos anteriores, nos quais ele explicava cada uma das celebrações.
O Papa sublinhou a importância, depois dos ofícios da Quinta-Feira Santa e do lava-pés, de participar da adoração eucarística, que precisamente faz memória deste momento especialmente duro da vida de Jesus.
No Getsêmani, "Jesus diz aos seus: ficai aqui e vigiai; e este apelo à vigilância se refere de modo preciso a este momento de angústia, de ameaça, no qual chegará o traidor, mas concerne também a toda a história da Igreja", explicou.
Esta exortação de Cristo é "uma mensagem permanente para todos os tempos, porque a sonolência dos discípulos não era só o problema daquele momento, mas o grande problema de toda a história".
Esta sonolência, afirmou, é a insensibilidade da alma frente ao poder do mal, frente a Deus: "esta é a nossa verdadeira sonolência; esta insensibilidade diante da presença de Deus que nos torna insensíveis também diante do mal".
A vontade de Deus
Depois, o Papa quis falar sobre a oração de Jesus no Getsêmani: "Não se faça a minha vontade, mas a tua".
Esta vontade de Cristo, explicou o Papa, é que "não deveria morrer", "que se afaste dele esse cálice do sofrimento: é a vontade humana, da natureza humana, e Cristo sente, com toda a consciência do seu ser, a vida, o abismo da morte, o terror do nada, essa ameaça do sofrimento".
No horto, Jesús transforma "esta vontade natural sua em vontade de Deus, em um "sim" à vontade de Deus".
"Entrar na vontade de Deus não é uma oposição à pessoa, não é uma escravidão que violenta a minha vontade, mas é entrar na verdade e no amor, no bem", recordou.
Jesús, afirmou o Papa, convida todos a "entrar nesse seu movimento: sair do nosso ‘não' e entrar no ‘sim' do Filho. Minha vontade existe, mas a decisiva é a vontade do Pai, porque esta é a verdade e o amor".
Sumo Sacerdote
Por último, o Papa explicou como, no Getsêmani, Jesus se converte no verdadeiro Sumo Sacerdote, prefigurado no sacerdócio levítico.
A Carta aos Hebreus, afirmou, "nos dá uma profunda interpretação desta oração do Senhor, deste drama do Getsêmani. Diz que estas lágrimas de Jesus, esta oração, estes gritos de Jesus, esta angústia, tudo isso não é simplesmente uma concessão à fraqueza da carne, como poderia ser dito".
"Precisamente assim, Ele realiza a tarefa do Sumo Sacerdote, porque o Sumo Sacerdote deve levar o ser humano, com todos os seus problemas e sofrimentos, à altura de Deus."
Esta "humilhação do Getsêmani é essencial para a missão" de Jesus, afirmou o Papa. "Ele leva consigo o nosso sofrimento, nossa pobreza, e os transforma segundo a vontade de Deus. E assim abre as portas do céu, abre o céu: esta cortina do Santíssimo, que até agora o homem fechava contra Deus, é aberta pelo seu sofrimento e pela sua obediência."
"O critério que guiou cada escolha de Jesus durante toda a sua vida foi a firme vontade de amar o Pai, de ser um com o Pai, de ser-lhe fiel; esta decisão de corresponder ao seu amor o impulsionou a abraçar, em toda circunstância, o projeto do Pai."
"Disponhamo-nos a acolher, também nós, em nossa vida, a vontade de Deus, conscientes de que, na vontade de Deus, ainda que pareça dura, em contraste com as nossas intenções, encontra-se o nosso verdadeiro bem, o caminho da vida", concluiu.

Questão ecológica, questão moral


Card. Odilo P. Scherer

Arcebispo de São Paulo - SP

Sempre mais nos damos conta de quanto o nosso planeta é precioso e único no universo. Sem excluir que possa haver vida em algum outro lugar na imensidão do cosmo, o certo é que, com todo o seu potencial para esquadrinhar o espaço sideral, os estudiosos ainda não conseguiram detectar nada que se pareça com a vida no nosso Planeta Azul; nem mesmo com suas formas mais elementares.
A Terra é a casa da vida, o espaço privilegiado que abriga uma diversidade enorme de seres vivos. Ela é o condomínio da família humana, com suas raças, povos e culturas diferentes; lentamente, e com certa relutância, vamos aprendendo que ninguém é dono absoluto de pedaço algum desse globo e que todos fazem parte de uma imensa comunidade humana, que tem tanto em comum.
Todos são responsáveis por todos nesta comunidade e o bem de cada um só será completo, se também for o bem de todos os demais; da mesma forma, o mal de um, é o mal de todos. Comum deve ser também o zelo para que este condomínio não seja descuidado e tornado inabitável com o passar do tempo. Está em jogo o bem de todos.
Embora a questão ambiental entre, aos poucos, nas preocupações diárias, ainda estamos longe de ter alcançado uma consciência coletiva que seja capaz de frear os estragos causados pela intervenção humana na natureza; no âmbito dos comportamentos individuais, há muito que fazer para que o zelo pelo ambiente se torne habitual e cultural; no campo das decisões políticas, em todos os níveis, está difícil chegar a consensos que levem plenamente a sério a questão ambiental; de fato, procura-se salvar, geralmente, mais os interesses imediatos e particulares do que a sustentabilidade, a médio e longo prazo, desta casa comum que nos abriga.
A Igreja católica, no Brasil, através da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), já pela 3ª. vez, realiza a Campanha da Fraternidade sobre a ecologia.  Neste ano, o assunto é abordado de maneira ampla, com o tema “fraternidade e vida no Planeta”. Chama-se a atenção para o fenômeno de aquecimento global, as causas que o provocam e as consequências que poderá trazer, ou já vai tendo; mostra-se, sobretudo, que o comprometimento das condições ambientais para o futuro da vida na Terra não tem, geralmente, sua causa em fenômenos espontâneos da dinâmica do universo, mas em ações do homem, que interferem no equilíbrio ecológico. Tais intervenções foram aceleradas, sobretudo, pelo sistema industrial e os modelos econômicos adotados a partir dos últimos 3 séculos. A comunidade humana está cuidando mal da natureza, dela exigindo mais que ela pode dar, destruindo a própria casa, pouco a pouco.
Vamos deixar correr, fazendo de conta que o problema não existe, ou que é só dos outros? Manter o mesmo ritmo de consumo e de interferência na natureza, sem nos importar com as consequências? Num condomínio, quando aparecem problemas e riscos, é normal que todos os condôminos se reúnam e decidam sobre o quê fazer, pois o bem de todos está relacionado intimamente com o bem do próprio condomínio. Não deveria ser diferente com nosso Planeta: descuidar da Terra faz mal a todos; cuidar bem da Terra é bom para todos.
O papa João Paulo II advertiu que a questão ecológica representa um problema moral, cujas implicações são, basicamente, duas: a solidariedade para com os pobres e o direito das futuras gerações. De fato, os maiores prejudicados com a deterioração ambiental são, e o serão ainda mais no futuro, os pobres do mundo, os mais fracos e desprotegidos da família humana. E não é moralmente honesto viver e agir apenas pensando em si, sem levar em conta o bem dos membros mais frágeis da família. Por outro lado, esta é uma questão de respeito e de justiça para com as gerações futuras, que habitarão este Planeta depois de nós. Em que estado deixaremos este condomínio para nossos pósteros? A questão ecológica demanda com urgência uma nova consciência solidária. O zelo pelo Planeta é um desafio moral, que a humanidade precisa enfrentar com políticas adequadas de convivência e de interação responsável com a natureza.
Recentemente, na encíclica Caritas in Veritate (32), o papa Bento XVI apontou para a necessidade de uma revisão profunda e clarividente do modelo de desenvolvimento e do sentido da economia e seus objetivos, para corrigir disfunções e deturpações, que têm implicação direta na deterioração do ambiente da vida na Terra. Por outro lado, não menos necessária é uma renovação cultural, para redescobrir os valores que constituem o alicerce firme sobre o qual se pode construir o futuro melhor para todos.
Para os cristãos e para os crentes em Deus, de modo geral, há um motivo a mais para tratar a natureza com profundo respeito e responsabilidade: ela é dádiva do Criador para todas as suas criaturas, não, certamente, para que a depredem e destruam, mas para que dela vivam e louvem a Deus. De modo especial, o ser humano foi feito “zelador do jardim” e colaborador inteligente e responsável no cuidado pela obra de Deus. Tratar mal a dádiva é desprezar e ofender o doador; e a vontade de potência absoluta do homem sobre a natureza é irresponsável, pois introduz a desordem no mundo; as consequências só podem ser desastrosas, como aquelas que já constatamos e lamentamos.
A Campanha da Fraternidade deste ano é um convite à reflexão e à ação para manter acolhedora e vivível para todos nossa preciosa casa no universo. Também para aqueles que a ocuparão depois de nós. É questão moral; questão de fraternidade.
Artigo publicado em O ESTADO DE SÃO PAULO, Ed. de 12.02.2011