ZP11031103 - 11-03-2011
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Santa Sé convida ONU a reconsiderar certas políticas de desenvolvimento
NOVA YORK, sexta-feira, 11 de março de 2011 (ZENIT.org)
- As pessoas humanas deveriam ser consideradas o objetivo do
desenvolvimento, ao invés de um obstáculo para ele, segundo o delegado
da Santa Sé nas Nações Unidas.
Na segunda-feira passada, Charles
Clark, professor de economia da Universidade St. John, dirigiu-se ao
Segundo Comitê Preparatório da Conferência das Nações Unidas sobre o
Desenvolvimento Sustentável, em nome do arcebispo Francis Chullikatt,
observador permanente da Santa Sé nas Nações Unidas.
Os
encontros estão sendo realizados como preparação para a Conferência de
Desenvolvimento Sustentável Rio+20, que terá lugar de 4 a 6 de junho de
2012, no Rio de Janeiro, no 20º aniversário da Cúpula da Terra, de
1992.
Clark disse que, "para alcançar o objetivo ‘economia verde,
desenvolvimento sustentável e erradicação da pobreza', minha delegação
está confiante em que não esqueceremos que a finalidade do
desenvolvimento é o desenvolvimento humano integral e que todas as
nossas estratégias e práticas devem ser julgadas com base nessa norma:
que o ser humano é e deve continuar sendo a nossa principal
preocupação".
"Se os humanos, em sua plena humanidade, não são
considerados como o objetivo final do desenvolvimento, conforme
acordado no Rio há 20 anos, então tememos que os seres humanos sejam,
para muitos, como o primeiro obstáculo para o desenvolvimento",
advertiu.
O delegado acrescentou que "estamos certos de que estes
seres humanos serão: os pobres, os marginalizados, aqueles que causam
incômodo, aqueles que ainda não nasceram e aqueles que, devido à sua
deficiência, idade ou doença, são incapazes de se defender".
E
observou que "muitas das estratégias de desenvolvimento e políticas que
não conseguiram promover um desenvolvimento humano integral no passado,
fracassaram porque os seres humanos foram reduzidos a uma sombra de
sua humanidade".
Clark explicou que, "por um lado, dizem-nos que
o egoísmo e a cobiça são os únicos controladores da conduta humana, e
que os ‘mercados livres' são o que é preciso para converter o vício
privado em virtude pública".
"Por outro lado, dizem-nos que a
natureza humana é o que a sociedade produz, dando-nos uma estratégia de
desenvolvimento que focaliza as estruturas e instituições, esperando
que as instituições de direito sejam suficientes para promover o
desenvolvimento."
Toda a verdade
O gestor admitiu
que "cada opinião tem uma parte da verdade: os seres humanos muitas
vezes se deixam levar pelos próprios interesses, e as instituições
sociais formam, em grande medida, os comportamentos e ações humanos,
mercados e políticas de governo, ambos com o potencial de promover o
bem comum".
"Mas a humanidade não pode ser reduzida aos egoísmos individuais ou construções sociais", disse o delegado.
"Um
entendimento completo do que significa o ser humano também deve
incluir a solidariedade básica, que é parte necessária da nossa
humanidade, coerente com a dignidade fundamental de cada pessoa e que
pede justiça", afirmou.
"Uma economia não baseada em uma ética
que tenha como centro as pessoas e a moralidade, certamente
instrumentará as riquezas da terra para o benefício dos ricos e
poderosos", advertiu Clark.
E continuou: "Os indicadores sociais e
ambientais, que podem ser ferramentas importantes para ajudar a
promover um autêntico desenvolvimento humano, na hora de elaborar
estatísticas e falsos objetivos, dão a aparência de progresso, mas não
refletem a realidade do verdadeiro progresso".
"Ou pior, podem
tornar-se pretextos para sacrificar os direitos humanos e agredir a
dignidade humana, tudo a partir de uma visão distorcida do bem comum."
"O
desenvolvimento real não pode ser produzido apenas por mudanças em
estruturas de mercado ou de incentivos - disse o delegado. Igualmente
importante é a mudança necessária nos nossos corações e mentes, bem como
em nossos atos subsequentes."
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