“E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis, que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando;
E aqueles, que por obras valorosas
Se vão da lei da morte libertando;
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte”.
Daqueles Reis, que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando;
E aqueles, que por obras valorosas
Se vão da lei da morte libertando;
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte”.
(Os
Lusíadas, Camões – II estrofe).
As
origens do Brasil estão ligadas ao espírito cruzadista do final da Idade Média
e início da Idade Moderna nos séculos XV e XVI, fundamentado no ideal de expansão
do Cristianismo para outros povos, realizado principalmente por portugueses e
espanhóis. Lendo os diários de Colombo, as instruções dos reis para os colonos
e tantos outros documentos fica provado que o ideal da expansão da Fé Católica
foi elemento motivador da expansão marítima e colonização da América.
A
Fé Católica sempre foi o fator de unidade, de construção da identidade do nosso
povo. O marco inicial de posse do Brasil foi uma cruz, nosso primeiro monumento
histórico. A primeira cerimônia foi a celebração de uma Missa, marco da
fundação do Brasil. Durante o período colonial diversas ordens religiosas, como
a dos jesuítas, heroicamente difundiram o catolicismo nas nossas terras.
Vejamos, por exemplo, o trabalho do padre Anchieta, o Apóstolo do Brasil. Nas missões,
no ensino, na Literatura, na fundação de São Paulo, na pacificação dos índios,
na expulsão dos invasores franceses e em tantos outros trabalhos é um herói da
nossa história. Por tudo isso sempre tão
querido pelos índios e em especial pela população mais pobre.
A
religiosidade é o traço mais característico da História do Brasil. Todo o
universo cultural construído nestes 500 anos de História está relacionado com o
Cristianismo. Negligenciar tal influência, como fez a história marxista que interpretou
toda a nossa história a partir do sentido econômico e de conflitos de classe é
desconhecer o essencial dos nossos processos históricos, falsificar a nossa
história, pois não sobra quase nada para além de influência cristã. As provas
são evidentes. Observemos os documentos históricos, os nomes dos acidentes
geográficos, das nossas cidades, a Literatura do padre Antônio Vieira, as
construções de tantas igrejas, orgulho artístico do Brasil, os fatos históricos
marcantes, como a expulsão dos holandeses protestantes do Nordeste brasileiro
através da interseção de Nossa Senhora na batalha de Guararapes. Vejamos a própria
vida cotidiana e a vida social. Tudo girava em torno das festas religiosas, das
Missas de domingo, das novenas e cerimônias diversas, o que realmente dava
sentido a vida das pessoas e aos poucos construía o sentimento de
nacionalidade, antecedido pelo sentimento católico.
A
própria Constituição de 1824, a primeira do Brasil, estabelecia o Catolicismo
como Religião Oficial do país recém-independente. Continuava o princípio do
Padroado, a profunda união entre Estado e Igreja. Os Documentos da Igreja, como
as certidões de Batismo e de Casamento eram válidas como documentos civis e os
princípios cristãos eram acatados pelo Estado, o que só foi mudado com a
República, que criou o Estado laico, separado da Igreja. A devoção a Nossa
Senhora, as festas religiosas e tantas outras expressões do Catolicismo continuavam
sendo fatores de identidade do nosso povo. A mentalidade que orientava a vida
das pessoas era cristã, sendo os seus fundamentos os 10 mandamentos. O ensino
era religioso, a Igreja tinha prestígio, bispos e padres eram respeitados,
venerados e considerados importantes autoridades em cada lugarejo, vilas e
cidades deste país de dimensões continentais.
Mesmo
com o advento da República e com as ameaças de ideologias modernistas,
anarquistas, socialistas e liberais que tanto causaram danos à mentalidade
cristã e estiveram por trás de tantas perseguições e ataques á Igreja no Brasil
o catolicismo sobreviveu, adaptou-se às novas realidades históricas do século
XX, superou crises e perdas de fiéis, mas continuou sendo um elemento
característico da nossa cultura e a Igreja uma instituição privilegiada. O
Estado brasileiro, na pessoa do presidente Getúlio Vargas e das principais
autoridades republicanas reconheceu oficialmente Nossa Senhora Aparecida como a
padroeira do Brasil, uma prova de tal prestígio. E a Igreja ainda detém grande
credibilidade e o atual afervoramento da fé é uma realidade considerável nos
dias atuais, o que cria expectativas para um futuro mais ligado ao passado, às
nossas origens, mais religioso, mais valoroso e mais feliz.
JOSÉ ANTÔNIO DE FARIA
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