sábado, 1 de abril de 2023

ENSINAR MATEMÁTICA COM O TERÇO E ALFABETIZAR AS CRIANÇAS COM A HISTÓRIA DE UMA ALMA

Algumas famílias, com a intenção de preservar os seus filhos do "lixo cultural", de fundo materialista, niilista e relativista, de uma educação ideologizada, fazem a opção por educar as crianças em casa.

Ensinam as ciências, os números e as suas operações com o terço e outros símbolos religiosos. Alfabetizam e fazem o letramento com os textos Sagrados, com a história dos Santos e os textos clássicos, selecionados rigorosamente. "Tabuada católica", análise sintática com as frases dos santos e regras disciplinares autoritárias e absurdas fazem das aulas quase uma catequese.
É verdade que há uma gravíssima crise do processo educacional, no que se refere aos antivalores presentes no ambiente educacional (não podemos generalizar) e na própria crise de qualidade, como o demonstra o avanço do analfabetismo funcional. E é verdade que a família, pelo direito natural, é a primeira educadora, sendo a escola e as demais instituições complementos necessários.
Por outro lado, submeter as crianças a um moralismo proselitista, ao invés de uma moralidade desenvolvida e assimilada por convicções, privar as crianças do convívio e da interação social com os seus pares e as diferenças na escola podem causar enormes prejuízos, socioemocionais, afetivos e até intelectuais. A nossa personalidade, o nosso caráter e toda a nossa cultura é contruída na relação com os outros. Assimilamos valores como o respeito, a solidariedade e a caridade vivenciando-os nas nossas relações sociais diárias. E mais, essa supersacralização pode causar aversão à religião. O Terço não foi feito para ensinar matemática. E ainda tem toda a questão da discussão sobre preparo e recursos para ensinar, sobre as metodologias, pois muitas vezes as crianças até aprendem, mas a partir de métodos massacrantes.
Privar as crianças do conhecimento da diversidade da produção artística e literária (e aqui não se trata de estudar obras que em si mesmas não têm nenhum valor, que têm péssima qualidade e são puras propagandas ideológicas) significa limitar o acesso da pessoa à complexidade da vida (onde convivem o joio e o trigo), à realidade, o que pode fechar os horizontes para a construçao da pessoa na sua integralidade.
O cardeal Ratzinger (depois papa, Bento XVI), na palestra aos bispos italianos, sobre a questão do cristão e a cultura, cita São Basílio, que orientava a necessidade da leitura da literatura pagã, das letras gregas, aproveitando o que nela havia de melhor, a sua grande riqueza artística e até ética e moral, rejeitando o que feria os princípios cristãos. Afirmava que era preciso fazer uma leitura aberta e crítica, com muito discernimento, de tais textos. Aliás, os textos dos santos padres estão repletos de referências aos escritores pagãos. Ratzinger disse ainda que o papel do cristão não é fazer proselitismo, mas deixar a sua marca na cultura, através da vivência dos valores cristãos em todos os ambientes sociais e culturais, aos poucos, nos pequenos detalhes, transformando a cultura por dentro.

0 comentários:

Postar um comentário