UMA
HISTÓRIA GLORIOSA
Além da marca do martírio, a Igreja Copta
assinalou a história com a propagação do pensamento
cristão. Em Alexandria floresceu a primeira Escola Catequética,
como universidade de estudos filosóficos e teológicos de
grandes mestres como Atanásio, Cirilo, Orígenes, Dídimo
o Cego. Atanásio foi quem compôs o Credo, que é recitado
na liturgia de todos os ritos. Dídimo o Cego, conhecia a Bíblia
de cor. Cirilo é o teólogo da Encarnação do
Verbo de Deus.
O MONAQUISMO
Se o Egito é um dom do Nilo, o monaquismo é
um dom do Egito e surgiu da necessidade de orar sempre, de meditar na
palavra de Deus e guardar a vida cristã, longe do mal do mundo...
Santo Antão é o primeiro eremita, cuja vida foi escrita
por Santo Atanásio. Outro amigo de Santo Atanásio foi São
Pacômio, o fundador da vida cenobítica ou comunitária,
regida por uma Regra comum, tão importante que São Basílio
a levou para o Oriente bizantino e Cesário, para o Ocidente católico.
Foi esta a Regra que inspirou São Bento, o educador da Europa.
A LITURGIA:
MISSA E SACRAMENTOS
Originada em uma sociedade monástica, a liturgia
copta revela forte influência penitencial, monótona e austera,
em contraste com a exuberância do ritual bizantino. Os rigorosos
jejuns abrangem 210 dias no ano. O Ofício das horas impõe
a recitação de muitos salmos. As cerimônias litúrgicas
são acompanhadas de canto ao som de tambores, triângulos
e uso de leques e bandeiras, que enchem de admiração o espectador
ocidental. O batismo é ministrado aos domingos, antes da missa,
para que o batizado possa receber a comunhão, e a ação
distintiva deste sacramento são as inúmeras unções
e imposição das mãos do sacerdote.
Para a celebração eucarística são
usadas três anáforas ou orações eucarísticas:
a de São Cirilo, primitiva liturgia alexandrina, trazida de Jerusalém
pelos primeiros cristãos judeus e celebrada só no Domingo
de Ramos; as outras duas são a de São Gregório Nazianzeno
e a de São Basílio, sendo esta última idêntica
à das demais igrejas orientais, porém enriquecida com elementos
da cultura local. O matrimônio tem, além da coroação,
várias unções e há rigorosas restrições
ao divórcio.
A penitência, admitida tardiamente, é pouco
praticada e dela está dispensado o clero; porém, existe,
na celebração eucarística, a chamada confissão
da incensação dos celebrantes e fiéis. A unção
dos enfermos administra-se aos doentes e, como penitência, a pessoas
que confessem estar em pecado. O ritual externo copta também tem
certas notas islâmicas: os fiéis entram descalços
no templo, sentam-se em tapetes; o celebrante entra descalço no
santuário. As abluções e a circuncisão (opcional),
são herança da antigüidade judaica.
IGREJA
COPTA HOJE
A nota principal da Igreja Copta, hoje, é a da
perseguição por amor da justiça: uma igreja sacrificada
pelos imperadores romanos pagãos, pelos imperadores cristãos
e pelos árabes, quando o Islamismo conquistou o Egito. O martírio
continuou até nossos dias. Em fins do século 20, os coptas
têm sofrido forte opressão, tidos como estrangeiros em seu
país, quando, na verdade, são os verdadeiros egípcios.
O diálogo com a Igreja Católica fez grande
progresso após o Concílio Vaticano, graças ao espírito
aberto do patriarca Shenuda III, que levou a religião para fora
dos templos, tornando-a comunitária e social, com obras admiráveis,
como o Instituto para os Cegos, de onde saem os cantores que desempenham
importante papel na celebração litúrgica.
Outra grande obra foi o restabelecimento das diaconisas,
um ministério que, embora não pertencendo ao sacramento
da Ordem, não deixa de ser uma ordem sacramental. Existem hoje
no Egito várias igrejas cristãs com seus patriarcas: copta
ortodoxo, copta católico, grego ortodoxo, melquita (católico).
Hoje estas igrejas estão se unindo em busca da comunhão
perfeita, porque, desunidas, estarão dobrando os joelhos diante
dos não-cristãos.
A IGREJA
DA ETIÓPIA
Uma gloriosa missão da Igreja Copta foi a evangelização
da Etiópia por São Frumêncio, no século 4.
Salvo de um naufrágio com seu irmão Edésio, conquistou
a confiança do rei, chegando a ser o educador do príncipe,
que, ao assumir o reino, decretou o Cristianismo religião oficial.
Frumêncio foi sagrado bispo por Santo Atanásio e criou a
Igreja Copta da Etiópia. A invasão islâmica, no século
7, deixou a Etiópia isolada do mundo bizantino e ligada só
a Alexandria. Com isto, a Etiópia ficou a salvo de muitas heresias.
No século 17, houve uma aproximação
com a Igreja Romana, graças à ajuda militar dos portugueses,
mas a tentativa de latinização do rito nacional tornou o
catolicismo impopular. Nova investida do catolicismo ocorreu no século
20, quando a Etiópia foi dominada pela Itália. Após
a libertação pelos ingleses, em 1941, e a anexação
da Eritréia, em 1962, a Igreja Etíope alcançou a
autocefalia (governada por si mesma), mas dali por diante passou a sofrer
os efeitos das lutas políticas. A Igreja Romana, que treinava missionários
no Colégio Etíope de Roma, conseguiu desenvolver suas atividades
junto a uma população católica de cerca de cem mil
fiéis.
LITURGIA
ETÍOPE
A liturgia etíope é copta, mas adaptada
aos usos locais. O canto litúrgico é executado em ritmo
africano; os celebrantes e o povo executam também danças
no estilo africano. Os sacramentos são como nas demais igrejas
orientais, mas a confissão só é praticada em perigo
de morte e a unção dos enfermos caiu em desuso.
Em 1962, a Eritréia foi anexada à Etiópia
e, em 1993, obteve sua independência. Os bispos da nova nação
pediram ao patriarca Shenuda III o direito de independência eclesiástica.
Assim, em 1998, foi eleito o primeiro patriarca, com
o compromisso de manter a união e o diálogo com a Igreja
Copta etíope e de cooperar no campo religioso-social, principalmente
na formação do clero e no envolvimento em atividades assistenciais.
A Igreja da Eritréia tem cerca de 1500 igrejas e vários
mosteiros.
SOBRE
A IGREJA ORTODOXA COPTA DA ETIÓPIA
Igreja oficial até 1974, quando um levante marxista
separou a Igreja do Estado e passou a oprimir as igrejas cristãs
até a derrota mundial do comunismo em 1991. Derrubado o governo
marxista, o patriarca Merkorios, acusado de entreguista e deposto, refugiou-se
no Quênia e o Sínodo, em 1992, elegeu como patriarca o Abuna
Paolos, anteriormente perseguido e preso.
Igreja de Beta Giorgis em Lalibela - Etiópia |
– População da Etiópia:
cerca de 50 milhões de habitantes
– Número de fiéis: cerca de 30 milhões.
– Número de fiéis: cerca de 30 milhões.
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