sábado, 20 de maio de 2017

A Igreja Católica moldou o Ocidente



O professor de História da Pensilvânia State University, Philip Jenkis, disse que "o anti-catolicismo é o último preconceito aceitável nos EUA". Realmente, nos EUA e no mundo, nas escolas e nas universidades, nos meios de comunicação e nos ambientes culturais em geral a Igreja Católica é ridicularizada, desprezada, considerada retrógrada, ultrapassada, contrária ao desenvolvimento científico e ao progresso. Contra a Igreja e os seus valores pode-se dizer tudo, sem preocupação com a análise criteriosa das fontes e a veracidade dos fatos e muito menos sem a tolerância tão apregoada pelos valores do politicamente correto no contexto do pluriculturalismo. As calúnias e as mentiras, os contra valores ensinados e os ataques repetidos constroem no imaginário popular uma falsa visão da Igreja, produzindo através da ridicularização o laicismo radical, a perda da fé e até o ateísmo teórico.

A Reforma Protestante e o seu ódio pela Igreja, o Renascimento e a mentalidade antropocêntrica, crítica da autoridade da Igreja e da Fé como critério de conhecimento, o Iluminismo e o racionalismo radical, deísta e anticlerical, as filosofias liberais e materialistas dos séculos XIX e XX, cujos interesses comuns eram desprestigiar a Igreja e promover as suas ideologias tornaram-se as fontes inspiradoras dos historiadores modernos, que fundados no relativismo cultural, no materialismo e no laicismo construíram uma historiografia de ódio contra a Igreja, denunciando ou desconsiderando o seu papel na formação da identidade do mundo ocidental.

Dizia Santo Agostinho que é preciso amar a Deus como pai e a Igreja como mãe. E como bons filhos, diante de tantas falsificações, mentiras e calúnias advindas de ideologias perversas é imperativo responder às críticas, e ao mesmo tempo reafirmar o papel do Cristianismo na construção do Ocidente. É uma questão de honestidade intelectual, de bom senso e de obrigação, especialmente para o historiador/pensador e para o professor católico, estudar, debruçar sobre as fontes primárias, desconstruir as críticas infundadas, mostrar as luzes, os benefícios da Igreja Católica para a humanidade em todos os campos dos saberes e dos fatos sociais. E para isso é preciso desconstruir a desconstrução, passar a história a limpo, ler autores como Daniel Rops, Thomas Woods, Régine Pernoud, Chistopher Dawson, Gertrude Himmelfarb, Edmund Burke, Paul Johnson e muitos outros historiadores, filósofos, pedagogos, autores clássicos, gênios, que sozinhos resumiram gerações inteiras de conhecimentos e acumularam séculos de cultura, promoveram uma sistematização dos saberes, que construiu o arcabouço cultural do Ocidente, pautado na verdade, no bem e na beleza.

O historiador americano Dr. Thomas Woods, PhD de Harvard nos EUA, em seu livro “Howthe Catholic Church Built Western Civilization (Como a Igreja Católica Construiu a Civilização Ocidental; Regury Publishinglnc, Washington, DC, 2005) afirma que “Bem mais do que o povo hoje tem consciência, a Igreja Católica moldou o tipo de civilização em que vivemos e o tipo de pessoas que somos”. Embora os livros e textos típicos das faculdades não digam isto, a Igreja Católica foi a indispensável construtora da Civilização Ocidental. A Igreja Católica não só eliminou os costumes repugnantes do mundo antigo, como o infanticídio e os combates de  gladiadores, mas, depois da queda de Roma, ela restaurou e construiu a civilização”.

Somos frutos do papel civilizatório da Igreja. Os valores evangélicos fizeram a verdadeira revolução social. A mulher, a criança, o doente, os mais excluídos da sociedade foram defendidos, protegidos, considerados sujeitos de direitos e a sua dignidade elevada. A Igreja Católica inventou o ideal de caridade, reconhecida até por inimigos como Voltaire, socorreu os pobres, construiu hospitais, asilos, criou ordens religiosas para libertar escravos cristãos no mundo muçulmano, foi a única a assistir os assolados em épocas de epidemias, como a Peste Negra. Cuidou da educação. Criou escolas por toda parte, fundou as universidades e o próprio sistema universitário e valorizou a igualdade de condições para o acesso ao conhecimento.

O Direito Canônico foi o primeiro sistema legal moderno e foi decisivo na evolução do Direito, a enunciação de inúmeros princípios jurídicos pelos pensadores católicos deu origem ao Direito Internacional, cujo pai é o padre Francisco Vitória. No campo da Economia as ideias de preço justo, do valor subjetivo do dinheiro, da liberdade econômica e tantos outros princípios são de padres e bispos como Jean Buridan, Nicolau Oresme e muitos outros. A defesa da ideia da existência de um universo racional, ordenado, funcionando de acordo com leis naturais tornou possível o progresso das ciências. Aliás, inúmeros cientistas eram padres, destacando os jesuítas.

A Arte expressa na beleza das catedrais e dos vitrais, o valor do conhecimento difundido através das universidades e dos pensadores cristãos, a cultura antiga preservada através do trabalho dos monges copistas, a caridade, o desenvolvimento das ciências, a valorização da razão, os princípios da paz e da justiça social, o ideal de bem, de beleza e de verdade não existiriam nos moldes que temos hoje sem o trabalho da Igreja Católica.

                                 


 José Antônio de Faria

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