domingo, 16 de fevereiro de 2020

A SEMENTE DA FÉ NO BRASIL


A semente da fé católica foi lançada em território brasileiro desde o início da chegada dos portugueses. O primeiro ato oficial no Brasil foi a Santa Missa e desde o começo do povoamento os jesuítas e as outras ordens religiosas, no contexto da contrarreforma católica contra o avanço do protestantismo, evangelizaram as novas terras, através da educação por meio da construção de colégios e através das missões religiosas, erguendo uma civilização com uma identidade cujo patrimônio fundamental foi a fé, que cresceu ao longo dos séculos, não obstante as limitações e obstáculos ocasionados pelos seus inimigos.
Podemos dizer que o terreno sempre foi bom e fértil e a ação dos missionários eficaz. As conversões entre os indígenas e os africanos foram inúmeras e os frutos de santidade foram muitos. Os colégios e as missões jesuíticas, por exemplo, se alastraram por terras portuguesas e espanholas, cultivaram a semente da fé e a árvore religiosa cresceu e deu frutos, fomentando a vida religiosa, além de desenvolver práticas civilizatórias como a racionalização do trabalho, a escolarização da população, a convivência fraterna através do combate aos vícios e da propagação das virtudes cristãs. Nesse contexto surgiram núcleos urbanos, vilas e cidades, como ilhas de povoamento, que cresceram ao longo dos séculos em paralelo a uma sociedade rural. E nestes ambientes as tradições religiosas determinavam as relações sociais e familiares. A vida cotidiana e social das pessoas girava em torno das procissões, missas, devoções populares e praticamente todas as comemorações e festas eram religiosas.
Em paralelo a esse desenvolvimento a atuação dos inimigos foi constante. Já no século XVIII, por influência do pensamento liberal e anticlerical do Iluminismo, abraçado pela Maçonaria, os jesuítas foram expulsos de Portugal e das suas colônias (1759), acarretando um abandono da educação e da evangelização no Brasil. Os colégios foram fechados, as missões acabaram e os índios foram abandonados à própria sorte. Os prejuízos para a fé e para a educação foram enormes, além das perdas para a própria produção material.
Nos séculos XIX e XX as sementes da fé continuaram a ser lançadas no Brasil, agora já separado de Portugal e governado por imperadores, dom Pedro I, dom Pedro II e após a proclamação da república por presidentes. Apesar de todo trabalho do clero secular, das ordens religiosas e de cristãos leigos, que contribuíram para a preservação das tradições, da fé, das devoções e dos costumes católicos, os inimigos continuaram a sua ação para a dessacralização e descristianização da sociedade, agora motivados pelas ideologias que se propagavam pela Europa: o liberalismo relativista, o marxismo e o evolucionismo materialista e ateu, o positivismo laicista, diluídos a conta gotas pelos círculos literários e depois pelas universidades, chegando à população por meio da grande mídia, que criou um novo ambiente cultural, profano, dessacralizado e carente de virtudes.
O avanço da cultura urbana, do capitalismo consumista, das ideias materialistas do socialismo, criou o utilitarismo, o hedonismo, o culto do prazer e a excessiva preocupação com os bens materiais, o que promoveu a secularização da pessoa e da sociedade, originando a imanentização da vida em oposição ao paradigma do transcendentalismo. Houve então o abandono das tradições, dos costumes e da maneira de viver onde o que importava era o amor a Deus e fazer o bem ao outro. As relações sociais mais saudáveis entraram em franco processo de deterioração, mesmo com todos os avanços tecnológicos e a expansão de uma vida mais confortável. E todos estes espinhos, como um matagal, sufocaram a identidade civilizatória de caráter religioso, criando um terreno pedregoso e endurecido, de difícil penetração para as verdades da fé, tendo como consequência a expansão das periferias existenciais, do entristecimento e desumanização da pessoa.

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