quinta-feira, 3 de outubro de 2024

EDUCAÇÃO CLÁSSICA ou EDUCAÇÃO CATÓLICA?

Há um gigantesco movimento de leitura/estudo da Cultura Clássica e uma proliferação de narrativas e iniciativas sobre a Educação Clássica pelo Brasil afora, via internet especialmente, como um fenômeno de crescente conservadorismo, uma reação ao processo revolucionário, que está na origem da atual crise educacional. Neste sentido, as citações abaixo, de Santo Agostinho, nos fornecem critérios básicos e claros de discernimento acerca de tal literatura/educação, à luz dos princípios cristãos, inspirados nas Escrituras e na Tradição da Igreja, como fundamentos da Educação Católica e sua relação com os clássicos. "Quanto é pequena a quantidade de ouro, prata e vestes tirada do Egito pelo povo hebreu em comparação com as riquezas que lhe sobrevieram de Jerusalém, e que aparecem sobretudo com o rei Salomão (cf 1 RS 10, 14-23), assim é igualmente pequena ciência - se bem que útil - recolhida nos livros pagãos, em comparação com a ciência contida nas Divinas Escrituras" [...] "Porque tudo o que um homem tenha aprendido de prejudicial alhures, aí está condenado, e tudo o que aprendeu de bom, aí está ensinado. E quando cada um tiver encontrado tudo o que aprendeu de proveitoso em outros livros, descobrirá muito mais abundantemente aí. E o que é mais, o que não aprendeu em nenhuma outra parte, somente encontrará na admirável superioridade e profundidade destas Escrituras". (Santo Agostinho 354 - 430 - A Doutrina Cristã 2, 43, 63.) Portanto, os clássicos são essenciais para a formação do conhecimento racional, da ciência e da virtude. É preciso ler Platão, Aristóteles, Cícero, Ovídio, Homero e tantos outros autores da Filosofia perene e da Literatura Clássica. No entanto, são insuficientes para darem respostas sobre as questões existenciais mais profundas. Daí a necessidade dos textos sagrados, das Escrituras, de infinita sabedoria, para, A PARTIR DAS SEMENTES de verdade e de bem presentes nos clássicos, promoverem a educação integral (formação intelectual, socioemocional, espiritual e moral) da pessoa humana.

quarta-feira, 17 de julho de 2024

"Celulares, Internet e mídias sociais são uma DROGA potente..."

Esta é a ALARMANTE afirmação da psiquiatra Anne Lembek, professora da universidade de Stanford, autora do best-seller "Nação Dopamina". Inúmeras pesquisas e autores vão na mesma linha. O americano Tristan Harris (ex-Google e ativista digital) afirma que o smartphone é tão viciante quanto uma máquina de caça-níqueis (o jogo que mais causa dependência) e a empresa de pesquisa Dscout Research diz que o celular já vicia mais gente e de forma mais intensa que o cigarro. O senador Josh Rawley afirmou que "as empresas de tecnologia adotaram o modele de negócio baseado no vício". VÍDEOS CURTOS, cliques, notificações, rolagens infintas e curtidas liberam cargas excessivas de DOPAMINA, os neurotransmissores responsáveis por um sistema de recompensa cerebral, que atuam sobre o humor, o prazer, a aprendizagem, a coordenacao motora, entre outros. Ocorre que o cérebro fica "encharcado", viciado no "ciclo da dopamina": gatilho, ação, satisfação imediata e surpreendente. Atividades "NORMAIS" cotidianas já não liberam a quantidade moderada e gradual destes neurotransmissores necessária para motivar o ciclo da vida. O cérebro passa a funcionar como o de um drogado, são exigidas dosagens mais altas, com efeitos cada vez menores, daí a "fuga" para coisas mais intensas: drogas, pornografia, jogos eletrônicos, entre outros. A saúde mental se degenera. Os efeitos desse mau uso e da própria abstinência são perversos, especialmente nas crianças e jovens: dificuldade de convivência social, isolamento, dores de cabeça e na coluna, deterioração da memória e da capacidade de concentração, insônia, estresse e ansiedade, que evoluem para a NOMOFOBIA (medo de ficar desconectado), para transtornos como o TDA, TDAH, Síndrome de Burnout, depressão e pensamento suicida. Entre 2016 e 2023 o TDAH cresceu 43 % nos EUA. Neurocientistas, psicólogos e tantos outros especialistas e instituições propõem uma desintoxicação do excesso da dopamina, fazer jejum de dopamina (retirar os super estímulos) por meio do controle do uso do smartphone e das telas, um "reset do cerebro", proposto por alguns do Vale do Silício. Use o celular de forma racional, para vídeos mais longos, formação, faça atividades ao ar livre, encontre pessoas reais, tome café e converse com os amigos, cuide do jardim, dos animais, cozinhe, leia bons livros, dedique-se a exercícios espirituais e, pais, não "eduquem" os seus filhos por meio de telas.

segunda-feira, 22 de abril de 2024

RESENHA comentada da palestra do padre JOSÉ EDUARDO sobre ALGUNS ASPECTOS DA EDUCAÇÃO CATÓLICA.


Educar para o CÉU OU PARA A TERRA? Este é um falso dilema. Não se pode usar o argumento de educar para o fim último como desculpa para negligenciar a educação dos meios necessários para se chegar a este fim. E estes meios são saúde, trabalho, ciência, técnica, virtudes etc. Cada coisa que faço tem uma finalidade específica e deve ser bem feita, com excelência.

Não existe MONOPÓLIO DA VERDADE em educação. Há uma pluralidade de concepções pedagógicas, na Igreja e mais ainda fora dela. Por exemplo, a educação Jesuítica sempre priorizou uma formação mais clássica, mais austera, já os salesianos, de São João Bosco, uma educação com mais doçura, interação, agradabilidade, a Pedagogia do Amor. Hoje existe uma “Ideologia do bem”, a ideia de universalizar e absolutizar aspectos da verdade como se fossem a única solução para os problemas do mundo.

Considerar o aspecto da FORMAÇÃO RELIGIOSA é fundamental. Ensino Religioso não é catequese. Paróquia é diferente de escola, em múltiplos aspectos, embora devam estar integrados. É preciso ter cuidado com a “overdose religiosa”, como os moralismos, o que tornaria a experiência religiosa intragável. Não tem como exigir uma disciplina religiosa para as crianças que nem os adultos possuem. É preciso dosar.

Demonizar o MATERIAL DIDÁTICO como contrário a uma educação personalista é um falso dilema. Lógico que o aluno tem que aprender a lidar com a sua inteligência, memória, vontade, imaginação, mas não pode ser negado a ele o DIREITO de acesso aos conteúdos, segundo as legislações vigentes, base para ter paridade com os outros no futuro. Ele não pode olhar para trás e se sentir lesado (com a desculpa de ser protegido). É preciso avaliar tudo com responsabilidade.

DIZER QUE TODOS OS MATERIAIS DIDÁTICOS ESTÃO CONTAMINADOS e que por isso não podem ser usados pode ser um grande exagero e é importante considerar que não devemos TER MEDO de conteúdos ruins. Diz Santo Tomás que o sábio contempla a verdade e aponta o erro. É preciso apresentar a multiplicidade de visões. E confrontá-las é a chance de criar convicções, de não formar alienados, que na primeira ocasião poderiam aderir à ideologias para as quais não receberam anticorpos. Por exemplo, confrontar a multiplicidade de visões sobre a Revolução Francesa. É evidente que isso não significa expor as crianças a tudo que faz apologia do mal.

Não podemos, em nome de educar para a maturidade, de uma educação responsável, criar um ambiente excessivamente austero, o que teria consequências psicológicas negativas. Tirar todo o LÚDICO, por exemplo, como se ele não fosse importante, seria muito prejudicial para o desenvolvimento integral da pessoa. Criança tem que ser criança, criança é movimento e também tem que aprender brincando.

Assim, é preciso estar sempre aberto às críticas, sem sectarismos, discutir os princípios, sair das trincheiras, das “bolhas”, que criam caricaturas e idealizações de um ser humano e de uma realidade que não existem. E isto não significa negligenciar o fim último da educação, mas preparar pessoas convictas da verdade e maduras para o Céu.

domingo, 15 de outubro de 2023

 A paz e a guerra

 

Em meio ao gravíssimo contexto de guerra Israel X Hamas, como um capítulo das guerras Árabes X Israelenses, com grande complexidade, pois envolvem questões territoriais, políticas, econômicas e culturais é importante destacar alguns princípios importantes da Doutrina Social da Igreja sobre a paz e a guerra:

 

A paz é fruto da justiça e da caridade, construída através da busca da ordem querida por Deus, um dever universal e direito de todos.    


A guerra é desumana, um flagelo, não resolve os problemas entre os povos e nações, ao contrário, causa danos catastróficos, especialmente a civis.

 

Devem ser buscadas, até ao esgotamento, outras alternativas para resolver os conflitos.        


A busca do desenvolvimento é uma necessidade para a paz, pois a pobreza, a miséria e a exploração são potenciais causas de guerras.    


A guerra de agressão é intrinsecamente imoral e os Estados têm o direito de legítima defesa, inclusive recorrendo ás armas ("guerra justa"), de forma lícita, que não cause maiores danos e desordens. 


As forças armadas devem estar a serviço da paz, sendo cada um de seus membros moralmente obrigados ao respeito ao direito das pessoas e dos povos.   


A legítima defesa deve estar associada à proteção aos inocentes, a população civil que não tem meios para se defender. 


As tentativas de eliminação de grupos nacionais, étnicos, religiosos ou linguísticos são delitos contra Deus e os que o fazem devem ser responsabilizados segundo as normas do Direito Internacional. 


A acumulação excessiva de armas, de destruição em massa, representam uma ameaça grave, não garantem a paz.             


O TERRORISMO não se justifica sob hipótese nenhuma, é uma forma brutal de violência, que semeia ódio, morte, desejo de vingança e de represália, que massacra inocentes, num completo desrespeito à vida humana. Ele não deve ser tolerado por nenhuma religião.    


A verdadeira paz é fruto da fé cristã no amor de Deus, que deve contribuir para a fecunda colaboração para o diálogo entre os povos, só é possível através do perdão (difícil, mas não impossível) e a reconciliação, sem anular as exigências da justiça. 


E a igreja luta pela paz com a oração, donde emana a força para o amor.

 

Fonte: Compêndio de Doutrina Docial da Igreja, 2008.

sábado, 1 de abril de 2023

ENSINAR MATEMÁTICA COM O TERÇO E ALFABETIZAR AS CRIANÇAS COM A HISTÓRIA DE UMA ALMA

Algumas famílias, com a intenção de preservar os seus filhos do "lixo cultural", de fundo materialista, niilista e relativista, de uma educação ideologizada, fazem a opção por educar as crianças em casa.

Ensinam as ciências, os números e as suas operações com o terço e outros símbolos religiosos. Alfabetizam e fazem o letramento com os textos Sagrados, com a história dos Santos e os textos clássicos, selecionados rigorosamente. "Tabuada católica", análise sintática com as frases dos santos e regras disciplinares autoritárias e absurdas fazem das aulas quase uma catequese.
É verdade que há uma gravíssima crise do processo educacional, no que se refere aos antivalores presentes no ambiente educacional (não podemos generalizar) e na própria crise de qualidade, como o demonstra o avanço do analfabetismo funcional. E é verdade que a família, pelo direito natural, é a primeira educadora, sendo a escola e as demais instituições complementos necessários.
Por outro lado, submeter as crianças a um moralismo proselitista, ao invés de uma moralidade desenvolvida e assimilada por convicções, privar as crianças do convívio e da interação social com os seus pares e as diferenças na escola podem causar enormes prejuízos, socioemocionais, afetivos e até intelectuais. A nossa personalidade, o nosso caráter e toda a nossa cultura é contruída na relação com os outros. Assimilamos valores como o respeito, a solidariedade e a caridade vivenciando-os nas nossas relações sociais diárias. E mais, essa supersacralização pode causar aversão à religião. O Terço não foi feito para ensinar matemática. E ainda tem toda a questão da discussão sobre preparo e recursos para ensinar, sobre as metodologias, pois muitas vezes as crianças até aprendem, mas a partir de métodos massacrantes.
Privar as crianças do conhecimento da diversidade da produção artística e literária (e aqui não se trata de estudar obras que em si mesmas não têm nenhum valor, que têm péssima qualidade e são puras propagandas ideológicas) significa limitar o acesso da pessoa à complexidade da vida (onde convivem o joio e o trigo), à realidade, o que pode fechar os horizontes para a construçao da pessoa na sua integralidade.
O cardeal Ratzinger (depois papa, Bento XVI), na palestra aos bispos italianos, sobre a questão do cristão e a cultura, cita São Basílio, que orientava a necessidade da leitura da literatura pagã, das letras gregas, aproveitando o que nela havia de melhor, a sua grande riqueza artística e até ética e moral, rejeitando o que feria os princípios cristãos. Afirmava que era preciso fazer uma leitura aberta e crítica, com muito discernimento, de tais textos. Aliás, os textos dos santos padres estão repletos de referências aos escritores pagãos. Ratzinger disse ainda que o papel do cristão não é fazer proselitismo, mas deixar a sua marca na cultura, através da vivência dos valores cristãos em todos os ambientes sociais e culturais, aos poucos, nos pequenos detalhes, transformando a cultura por dentro.

“O que há de errado com o mundo de hoje?


O grande escritor G.K. Chesterton, quando recebeu esta pergunta do Times Londrino, teve um reação inesperada. Ele respondeu: “o que há de errado com o mundo de hoje sou eu”.
Ele sabia que por trás de todas os conflitos, as guerras e os graves problemas do mundo estava o ser humano, com a sua natureza decaída, tendente ao mal.
Então, o mal não está essencialmente na falta de participação política, engajamento social ou na fragilidade da democracia e das relações diplomáticas entre as nações.
Suas raízes são mais profundas. O mal está no orgulho, nas vaidades, na ambição pelo poder, na ganância pelas riquezas, no consumismo desenfreado e na adesão a ideologias materialistas, niilistas e relativistas, que prometem o paraíso na terra, desconsiderando a natureza pecaminosa e transcendental do ser humano.
Todas as reações:
Natale Vaz, Alexandre Buchaul e outras 10 pessoas

NOVOS DADOS SOBRE DEPRESSÃO EM ADOLESCENTES SÃO ASSUSTADORES. E A CULPA É DAS REDES SOCIAIS.

 

Este é o título do artigo de Gabriel Arruda, publicado na Gazeta do Povo, em 10.03.2023. Ele mostra que estudos recentes alertam para a piora da saúde mental entre os adolescentes.
Segundo o CDC, órgão do governo americano, uma espécie de ANVISA, em 2021, 31% das garotas e 21% dos garotos adolescentes pensaram em suicídio.
Pesquisas apontam que adolescentes e jovens que passam horas nas redes sociais têm mais sintomas depressivos, por causa do sono ruim, má imagem corporal , baixa autoestima, intimidação virtual, etc.
O psicólogo Jonathan Haidt, que é professor da Universidade de Nova York, afirma: “As horas que as meninas passavam todos os dias no Instagram eram tiradas de sono, exercícios e tempo com amigos e familiares. O que achamos que aconteceria com elas?”
"A doutora em Psicologia pela UFMG, Carolina Nassau Ribeiro afirma que a percepção dela vai na mesma direção dos estudos científicos recentes: empiricamente, a gente tem visto um aumento nos casos de ansiedade, de autolesão e de tentativa de suicídio"
"Para Carolina, embora impedir totalmente o acesso de adolescentes às redes sociais seja difícil, os pais não podem abrir mão de acompanhar de perto o que os jovens estão fazendo no ambiente virtual. 'Hoje em dia já existem vários aplicativos em que os pais podem acompanhar os adolescentes no uso das redes sociais, na internet e nos jogos. A internet é uma rua virtual. Assim como ele precisa de supervisão no mundo real, ele precisa no mundo virtual', diz".