Dom Redovino Rizzardo, cs*
Foi no ano de 622 que Maomé teve que deixar às pressas a cidade de Meca e refugiar-se em Medina a fim de fugir da perseguição de quem não acreditava nas revelações que ele asseverava receber diretamente do anjo Gabriel desde o ano de 610, dando origem ao Alcorão, o livro sagrado do Islamismo. O crescimento da nova religião superou qualquer expectativa. Em poucos anos, a Ásia Menor e o Norte da África estavam nas mãos de seus adeptos, que não hesitavam em recorrer à espada quando se tratava de propagar a nova fé.A etapa seguinte deveria ser a conquista da Europa, o continente mais importante da época. O primeiro passo foi dado em 711, com a invasão da Espanha e, pouco depois, de Portugal. A Europa entrou em pânico ante os frequentes ataques perpetrados por sarracenos e turcos. Foram centenas as cidades italianas saqueadas por eles. As Cruzadas, surgidas em 1095, foram o estratagema a que a Idade Média recorreu para se defender do inimigo, atacando-o em sua própria casa. As guerras se prolongaram durante vários séculos. A tomada de Constantinopla pelos muçulmanos, em 1453, só não lhes abriu as portas da Europa porque os cristãos foram vitoriosos em Belgrado (Sérvia), em 1456, em Lepanto (Grécia), em 1571, e em Alba Real (Hungria), em 1601.
De uns anos para cá, porém, de acordo a "profecia" do ditador líbio Kadafi, «há sinais de que Alá garantirá a vitória ao Islã na Europa sem espadas, sem armas, sem conquistas. Não precisamos de terroristas ou de bombas homicidas. Os mais de 50 milhões de muçulmanos da Europa a transformarão num continente islâmico em poucas décadas».
É o que está se verificando de uma forma pacífica e tranquila através do controle da natalidade dos europeus e da explosão demográfica dos migrantes muçulmanos que se dirigem ao continente em busca de melhores condições de vida. Enquanto que nos países que formam a União Europeia a média da taxa de fertilidade é de 1.38, a dos muçulmanos é de 8.1.
Assim, em poucos anos, a Europa – como a conhecemos hoje – não passará de lembrança do passado. Foi o que percebeu e declarou o governo alemão: «A queda da população alemã já não pode ser detida. Sua espiral descendente é irreversível. Em 2050, a Alemanha será um estado muçulmano». No Reino Unido, o nome mais comum dado a meninos nascidos em 2009, foi Maomé. No momento, há mais de 50 milhões de muçulmanos na Europa, número que poderá dobrar nos próximos vinte anos. Tudo indica que, dentro de, no máximo, dez anos, o Islamismo ocupará o primeiro lugar em número de adeptos num continente que, por ter renegado o seu passado cristão, não sabe que rumo tomar.
A pergunta que políticos, sociólogos e religiosos se fazem é se isso resultará num avanço ou num recuo para a humanidade... Para o Islamismo, talvez signifique um bem pela conversão em massa de outros povos, tão almejada por seus fiéis.
A meu ver, porém, o bem que poderá advir será diferente, e atingirá tanto os muçulmanos quanto os europeus. Os primeiros porque, em contacto com outras culturas, passarão por uma crise benéfica, que os levará a transformar a radicalidade que os distingue – e que pode virar fanatismo, intolerância e terrorismo – em diálogo e respeito por quem pensa diferente. Os segundos, porque aprenderão dos muçulmanos a não fazer da ciência, da técnica e do bem-estar material um ídolo, mas a reassumir uma identidade construída durante séculos de história cristã.
De fato, diferentemente do que acontece em muitos países ditos cristãos, para a maior parte dos muçulmanos, fé e cultura, religião e política, se integram de tal forma, que renegar a fé é trair o povo e a nação. É por isso que alguns deles não vêem nenhum mal em transformar a sharia em lei nacional ou em declarar guerra santa a quem teima em permanecer no caminho do mal...
A expansão do islamismo na Europa e no mundo poderá dar vida a um novo Islã, tolerante, democrático e aberto ao diálogo – de acordo, aliás, com o espírito propugnado por algumas "suras" do Alcorão.
*Bispo de Dourados.
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