Artigo para dia 7 de abril de 2010, quarta-feira
Dom Fernando Arêas Rifan*
A gloriosa Ressurreição de Jesus Cristo foi a sua vitória sobre o pecado, a morte e a aparente derrota da Cruz. Choramos a sua Paixão e nos alegramos com a sua Ressurreição.
A Igreja, fundada por Jesus, é o seu corpo místico. Assim como Jesus, é divina e humana. Divina na sua doutrina, na graça que possui e na assistência contínua do seu Divino Fundador. Humana nos seus membros, nós, fracos e pecadores. Por isso dizemos que a Igreja é santa e penitente. Como bem se expressou o Papa Pio XII: “Sem mancha alguma, brilha a Santa Madre Igreja nos sacramentos com que gera e sustenta os filhos; na fé que sempre conservou e conserva incontaminada; nas leis santíssimas que a todos impõe, nos conselhos evangélicos que dá; nos dons e graças celestes, pelos quais com inexaurível fecundidade produz legiões de mártires, virgens e confessores. Nem é sua culpa se alguns de seus membros sofrem de chagas ou doenças; por eles ora a Deus todos os dias: "Perdoai-nos as nossas dívidas" e incessantemente com fortaleza e ternura materna trabalha pela sua cura espiritual.” (Encíclica Mystici Corporis, 65). Como Jesus, a Igreja tem momentos de Tabor e momentos de Calvário.
Na Paixão de Jesus, aparece a figura de Judas Iscariotes, o traidor, figura e precursor de todos os traidores da história. Judas foi um Apóstolo escolhido por Jesus, tendo vivido três anos em sua companhia e dos outros discípulos, incumbido por Jesus da missão de evangelizar. Mas foi infiel e, por dinheiro, entregou Jesus aos seus inimigos. E ninguém pode acusar Jesus misericordioso de conivente e omisso por ter tolerado Judas por tanto tempo em sua companhia.
“Judas” são todos aqueles que traem sua missão. Foi assim que o Santo Padre, o Papa Bento XVI escreveu, em sua carta pastoral ao povo da Irlanda, referindo-se aos sacerdotes e aos religiosos que abusaram dos jovens: “Traístes a confiança que os jovens inocentes e os seus pais tinham em vós. Por isto deveis responder diante de Deus onipotente, assim como diante de tribunais devidamente constituídos. Perdestes a estima do povo da Irlanda e lançastes vergonha e desonra sobre os vossos irmãos. Quantos de vós sois sacerdotes violastes a santidade do sacramento da Ordem Sagrada, no qual Cristo se torna presente em nós e nas nossas ações. Juntamente com o enorme dano causado às vítimas, foi perpetrado um grande dano à Igreja e à percepção pública do sacerdócio e da vida religiosa. Exorto-vos a examinar a vossa consciência, a assumir a vossa responsabilidade dos pecados que cometestes e a expressar com humildade o vosso pesar. O arrependimento sincero abre a porta ao perdão de Deus e à graça da verdadeira emenda. Oferecendo orações e penitências por quantos ofendestes, deveis procurar reparar pessoalmente as vossas ações. O sacrifício redentor de Cristo tem o poder de perdoar até o pecado mais grave e de obter o bem até do mais terrível dos males. Ao mesmo tempo, a justiça de Deus exige que prestemos contas das nossas ações sem nada esconder. Reconhecei abertamente a vossa culpa, submetei-vos às exigências da justiça, mas não desespereis da misericórdia de Deus” .
*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
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