Vaticano abre arquivos de julgamento dos Templários
Arquivado em: Historia da Igreja — Prof. Felipe Aquino at 7:17 pm on quinta-feira, outubro 4, 2007
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O Vaticano mantém um arquivo secreto que é disponível apenas aos estudiosos da história tendo em vista a preciosidade dos documentos e seu difícil manuseio; os documentos não são divulgados amplamente também para que haja primeiro o entendimento correto dos mesmos. Aos poucos o Vaticano está disponibilizando essa riqueza histórica aos pesquisdores.Desta vez abriu seus arquivos e publicará um inédito e exclusivo volume que reúne todos os documentos de um dos grandes julgamentos da história, o que representou o fim da “Ordem dos Templários”.
No dia 25 de outubro, o Arquivo do Vaticano apresentará a 799 fiéis reproduções do “Processus contra Templarios”, as atas do processo da Inquisição contra os Cavaleiros do Templo no início do século XIV.
A publicação da obra faz parte da iniciativa “Exemplaria Praetiosa”, que consiste na produção de exemplares com tiragem limitada de obras exclusivas conservadas nos Arquivos Vaticanos. O projeto prevê a publicação de reproduções fiéis, com todos os detalhes, desde o uso do pergaminho aos selos dourados, de documentos de grande importância histórica.
Participarão da apresentação o Arquivista e Bibliotecário da Santa Igreja Romana, Raffaele Farina, o prefeito regional do Arquivo Secreto Vaticano, Sergio Pagano, e especialistas como o historiador Franco Cardini e o arqueólogo e escritor Valerio Massimo Manfredi.Fonte: http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,,OI1960477-EI312,00.html
A ordem religiosa dos Templários teve sua origem em Jerusalém, por volta de 1119, e foi suprimida por Clemente V em 1314 após um longo julgamento. Quem foram os Templários? Com base no texto de D. Estevão Bettencourt sobre o assunto, do seu volume de História da Igreja, vamos responder esta pergunta.
Os Templários (Milites ou Equites Templi) constituíam uma Ordem de Cavaleiros militantes, sendo a mais antiga de todas. Foi fundada em 1119 por Hugo de Payens e oito cavaleiros franceses, que se uniram numa família religiosa, ligada pelos votos habituais de pobreza, castidade e obediência, além do voto especial de defender com as armas e proteger os peregrinos que se dirigissem a Jerusalém.
O seu nome se deve ao fato de que o rei Balduíno II de Jerusalém colocou à disposição dos cavaleiros uma habitação no palácio real, que se achava na esplanada do Templo de Salomão. A Ordem dos Templários foi inicialmente muito pobre, mas cresceu rapidamente, especialmente depois que S. Bernardo, doutor da Igreja, a apoiou escreveu a sua Regra. Isto mostra sem dúvida a usa dignidade. Um dos grandes ideais dos jovens da Idade Média era ser Cavaleiro; S. Francisco de Assis a isto aspirava.
Os Cavaleiros foram favorecidos pelo Papa Inocêncio II, e altamente beneficiados por doações, que tornaram a Ordem rica. O seu hábito era um manto branco sobre o qual estava traçada uma cruz vermelha. Juntamente com os Joanitas ou Cavaleiros Hospitaleiros (porque tinham um hospital em Jerusalém dedicado a S. João Batista), os Templários se dedicaram com suma abnegação coragem a defesa da Terra Santa; mais tarde, porém, foram vítimas de discórdias entre si.
Filipe IV o Belo, da França, movido pela cobiça do poder e dos bens dos Templários, queria provocar a extinção dos mesmos. Em vista disto, desde 1305 começou a propagar terríveis acusações falsas contra eles. Em 1307, Clemente V, instado por Filipe, prometeu fazer um inquérito a respeito dos pretensos crimes dos Templários. O rei, porém, não esperou o procedimento papal, e mandou prender aos 13/10/1307 todos os Templários da França, inclusive o seu grão-mestre Jaime ou Tiago de Molay (cerca de 2000 homens), confiscando todos os seus bens (fora da França ficavam uns 1000 ou 2000 Templários ainda).
Filipe IV exortou outros reis a seguir o seu exemplo, e mandou aplicar a tortura aos irmãos para extorquir deles todas as confissões de interesse do rei. O próprio grão-mestre, alquebrado, e talvez sob a pressão da tortura, exortava por carta os seus súditos a confessar logo. Filipe dava a crer que essas medidas eram tomadas de acordo com o Papa, quando na verdade eram todas de iniciativa e responsabilidade do rei.
A princípio, Clemente V protestou e exigiu a libertação dos encarcerados. O próprio Papa em Poitiers (1308) ouviu o depoimento de 72 Templários, que Filipe IV Ihe mandara. A decisão última foi confiada a um Concílio Ecumênico, que se reuniu em Viena (França) de outubro 1311 a maio 1312 (15º Concílio Ecumênico). O Papa Clemente, houve por bem abolir a Ordem mediante a Bula “Vox in excelso” de 22/03/1312, “não em sentença judiciária, mas como medida de prudência administrativa baseada nas faculdades da Sé Apostólica”.
O Papa não quis julgar os Templários do ponto de vista ético ou disciplinar; julgou, porém, que a existência dos Templários era um foco de distúrbios no mundo cristão da época. Esta distinção obteve o consentimento da maioria dos conciliares. Os bens dos Templários foram, em parte, atribuídos a outras Ordens Religiosas, em parte caíram nas mãos dos príncipes.
Embora tenha havido historiadores desfavoráveis à dignidade dos Templários, hoje em dia entende-se que foram vitimas de graves calúnias. Certas sociedades em nossos tempos dizem-se herdeiras dos Templários medievais, com os quais teriam uma vinculação secreta; teriam uma gnose ou conhecimentos esotéricos reservados aos iniciados, mas estas afirmações são fantasiosas e alheias à verdade.
Prof. Felipe Aquino – www.cleofas.com.br
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