quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Comunicações do site Wikileaks sobre o Vaticano não revelam nenhuma novidade, afirmam analistas




.- Uma série de importantes peritos italianos explicaram que os 852 cabos do site Wikileaks sobre o Vaticano "não revelam nada novo". O anúncio foi feito diante das tentativas de alguns setores da imprensa por demonstrar o contrário.

O diretor do jornal L’Osservatore Romano, Giovanni Maria Vian, declarou em uma entrevista concedida ao jornal italiano La Stampa, que os documentos "roubados não revelam absolutamente nada".

"Se algo demonstram as comunicações é a escassa iniciativa de parte de quem os tenha redigido e mostram, por outro lado, um zelo excessivo para dar opiniões que circulam em distintos ambientes, especialmente de jornalistas italianos".

Por sua parte, o vaticanista Andrea Tornielli toma emprestadas umas declarações daquele que fora Secretário de estado Vaticano durante o pontificado de Juan XXIII, o Cardeal italiano Domenico Tardini, para descrever o estado do ambiente diplomático.

Quando lhe disseram que o corpo diplomático da Santa Sé era o melhor do mundo, respondeu ironicamente: "O nosso é o melhor? Imagine o resto".

Tornielli assinala no seu blog do diário italiano Il Giornale que devido ao "realismo" desta afirmação do falecido Cardeal esta "parece mais verdadeira nestes dias de total imersão nas comunicações do Wikileaks".

Para este vaticanista os documentos filtrados dão pouca luz sobre a diplomacia vaticana, mas sim dizem muito sobre a estupidez diplomática dos Estados Unidos, que "fracassou sensacionalmente" ao permitir que estas comunicações privadas se fizessem públicas.

Tornielli reitera, como Vian, que não há "revelações" nos documentos já que a informação divulgada já era sabida "nos jornais e blogs do mundo inteiro".

Um destes documentos descreve ao atual Secretário de estado Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, como um "homem que diz sim", que não contradiz o Papa nem questiona as políticas da Igreja.

Diante desta afirmação, o Cardeal disse à agência italiana Adkronos que "estou orgulhoso de ser descrito como um ‘homem que diz sim’, dado que esta colorida descrição reflete verdadeiramente meu apoio ao trabalho pastoral do Papa".

Por sua parte o vaticanista e escritor italiano Vittorio Messori, assinala no site labussolaquotidiana.it que muito dos conteúdos dos documentos mostram "diálogos, conversas com alguns jornalistas para falar sem relevância particular, um pouco de intriga".

Messori, que entrevistou o Papa João Paulo II e ao então Cardeal Ratzinger para logo publicar os conhecidos livros "Cruzando o limiar da esperança" e "Relatório sobre a Fé" respectivamente, comenta ademais que nestes documentos se pode apreciar "uma pérola".

Em uma mensagem antes da viagem do Papa à Terra Santa em 2009, um diplomata escreve: "O Papa às vezes irrita políticos e jornalistas fazendo o que acha que é melhor para a Igreja, como acolher os lefebvristas ou considerar a canonização de Pio XII".

Messori assinala que quem escreveu esse documento "não poderia imaginar melhor elogio ou alento para um Bispo de Roma que ressaltar que faz o que considera ser o seu dever pelo bem da Igreja".

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