Nos séculos XV e XVI se desenvolveu na Europa um movimento artístico, cultural e científico, chamado Renascimento. Grandes nomes como Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael Sanzio, Nicolau Copérnico, Luís de Camões, Miguel de Cervantes, Willian Shakespeare e tantos outros se destacaram nas artes, ciências e letras. O movimento teve maior desenvolvimento na Itália e se espalhou por todo o continente europeu, obtendo apoio e financiamento dos burgueses, nobres e até membros do clero, os chamados mecenas, que patrocinavam as artes. São obras de enorme valor artístico, de grande beleza, descobertas importantes para o progresso da humanidade, no entanto não pode ser omitida a mentalidade que esteve por trás de todo este movimento.
A Renascença se esforçou em recuperar a cultura pagã da Grécia e Roma e conduziu a exaltação exagerada do homem, da natureza e das forças naturais, mesmo usando temas religiosos nas obras de arte. Fez desaparecer no pensamento dos homens a necessidade da Graça, a luz trazida da Revelação. O homem foi colocado como medida e centro de todas as coisas, em oposição ao Teocentrismo medieval, que colocava Deus como o centro das preocupações. A Idade Média foi considerada pelos renascentistas como a “Idade das Trevas”, como uma época de atraso, de mil anos de ignorância e obscurantismo. Tudo de bom, belo e de desenvolvimento do período medieval foi omitido, não valorizado. A época das Catedrais, das universidades, do surgimento dos hospitais, de grandes inovações técnicas, foi relegada a um segundo plano.
Surgiu assim a civilização sensual, colocando como valores supremos a beleza, a força e a busca dos prazeres terrenos. E este humanismo conquistou as universidades, os palácios reais e até os claustros. Vale lembrar que o início da Idade Moderna foi um momento de crise religiosa, de decadência de muitos membros da Igreja e de crise moral que se alastrava pela sociedade, do crescimento do capitalismo burguês, do lucro como fundamento das atividades econômicas. Na política surgiram as Cortes luxuosas e licenciosas da Monarquia Absolutista, de reis absolutos que em diversos países fizeram de tudo para submeter a religião aos seus poderes e caprichos, fundamentados na teoria política de Maquiavel, que legitimava a utilização de quaisquer meios pelos governos para se manterem no poder, num claro rompimento da Política com a moral cristã. Pregadores como São Bernardino falaram constantemente contra o luxo, ostentação, vaidades e licenças dos costumes.
A pornografia foi uma marca do Renascimento, esteve presente na Literatura, na pintura e na escultura. O nudismo, que tanto esteve presente na arte pagã greco-romana, abandonado na arte cristã medieval, foi valorizado pelos artistas do Renascimento, numa verdadeira obsessão pelo nu. Foi uma verdadeira “emancipação da carne”. Adultério, divórcio, homossexualismo e amor livre foram glorificados. Este era o perfil moral de muitos dos humanistas: indiferentismo religioso, depravação dos costumes, rivalidades ferozes na disputa de dinheiro e aplausos.
O Renascimento paganizou a arte. No lugar da fé na divindade, a fé na humanidade. O Cristianismo sempre professara a criação do homem à imagem e semelhança de Deus e a partir da Renascença, a ênfase foi dada muito mais à imagem do que ao próprio original. Os autores antigos foram idolatrados, a sua arte valorizada e, pior ainda, a tentativa estúpida de conciliar Cristianismo e paganismo. No lugar da Virgem Santíssima, O Nascimento de Vênus e no lugar da exaltação da piedade e religiosidade a valorização dos valores pagãos. E foi neste ambiente de paganismo, de críticas à Igreja, de decadência generalizada dos costumes, de menosprezo do sobrenatural que surgiu o Protestantismo, um racha na civilização cristã, arrastando quase a metade da Europa para a heresia e desencadeando uma série de guerras de religião que se estenderam por toda a Idade Moderna.
Professor Faria
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