Vaticano, 05 Out. 10 / 02:36 pm (ACI).- Presidente da Pontifícia Academia para a Vida, Dom Ignacio Carrasco de Paula, advertiu ontem que a concessão do prêmio Nobel de medicina a Robert Edwards por suas investigações na fertilização in vitro alenta o "mercado" de embriões humanos que esperam ser colocados em um útero, serem usados em investigações e inclusive "morrerem abandonados e esquecidos por todos".
Em uma declaração com a qual ele respondeu aos jornalistas divulgada pela Rádio Vaticano, o Prelado vaticano comentou que havia outras opções para este Nobel como "McCullock e Till, descobridores das células estaminais, ou inclusive Yamanaka, o primeiro em criar uma célula pluripotente induzida" a partir das células de ratos.
A eleição de Edwards, assinala, "não parece completamente fora de lugar, por uma parte, está dentro da lógica do comitê que atribui o Nobel, e por outra o cientista britânico não é alguém a quem se menospreze: inaugurou um capítulo novo e importante no campo da reprodução humana, cujos resultados estão à vista de todos, começando por Louis Brown, a primeira menina nascida por fertilização in Vitro, que agora tem uns trinta anos e ela mesma é mãe –de modo perfeitamente natural– de um menino".
Entretanto, explica Dom Carrasco, são muitas as razões que geram perplexidade. "Sem Edwards não haveria mercado de óvulos, sem Edwards não haveria congeladores cheios de embriões em espera de ser transferidos a um útero, ou mais provavelmente esperando ser usados em investigações ou talvez esperando morrer abandonados e esquecidos por todos".
"Acredito que Edwards inaugurou uma casa mas abriu a porta equivocada do momento em que pôs tudo na fecundação in vitro e consentiu implicitamente o recurso à doação e a compra-venda que envolve seres humanos", continuou.
Finalmente o Presidente da Pontifícia Academia para a Vida disse que "com isto não se modificou nem o quadro patológico nem o quadro epidemiológico da infertilidade. A solução a este grave problema virá por outro caminho menos custoso e agora já em avançado processo de construção. É necessário ser pacientes e confiar em nossos investigadores e médicos".
A Fertilização In Vitro atenta contra a dignidade humana
Por sua parte a Federação Internacional de Associações de Médicos Católicos (FIAMC) divulgou uma declaração na que expressam sua surpresa pela concessão do Nobel de medicina a Edwards e explicaram que "como católicos acreditam na absoluta dignidade da pessoa humana, criada à imagem e semelhança de Deus. A dignidade existe desde o primeiro momento da concepção de um ser humano e fica com ele até a morte natural".
Os membros da FIAMC assinalam que "apesar de que a fertilização in vitro tenha trazido alegria a muitos casais que conceberam através deste procedimento, isto foi feito com um custo enorme. Esse custo é a debilitação da dignidade da pessoa humana. Muitos milhões de embriões foram criados e descartados nestes procedimentos".
"Não só estes seres humanos foram criados como animais experimentais destinados à destruição, especialmente nas primeiras etapas, senão que este uso levou a uma cultura na que (os embriões) são vistos como bens, em vez do que são: preciosos indivíduos humanos", prosseguem.
Seguidamente expressam que como médicos católicos "reconhecemos a dor que a infertilidade traz para um casal, mas igualmente acreditam que a investigação e os tratamentos necessários para solucionar os problemas da infertilidade devem ser conduzidos dentro de um marco ético que respeite a especial dignidade de cada embrião humano, que não é distinta à de um adulto amadurecido ou uma mente brilhante".
Finalmente a declaração dos médicos católicos assinala que "a história de nossa salvação por Jesus Cristo nos mostra que a humanidade sofre quando esquece ou ignora o fato de que Deus é nosso criador e que nós somos suas criaturas. Só podemos ser plenamente humanos se vivermos de acordo à vontade de Deus respeitando a dignidade especial que todo ser humano tem".
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