Terça-feira, 07/07/2009 - 22:30 |
Dividida em quatro capítulos, além de introdução e conclusão, a carta apostólica traz uma reflexão sobre o aumento da desigualdade social, da extrema pobreza, do drama do trabalho precário e dos riscos à democracia e adverte para as responsabilidades do homem diante dos desafios da nova realidade econômica e social.
Iniciando sua reflexão com uma releitura da encíclica Populorum Progressio, de Paulo VI, publicada em 1967, Bento XVI retoma os temas abordados por seu antecessor -- como a fome, a miséria e as consequências do capitalismo -- e adverte para a necessidade de Deus para o desenvolvimento humano.
"Sem Ele, o desenvolvimento ou é negado ou acaba confiado unicamente às mãos do homem, que cai na presunção da auto-salvação e acaba por fomentar um desenvolvimento desumanizado", diz.
O Pontífice faz também uma crítica à ONU, que se mostra inadequada, assim como outros fóruns internacionais diante das necessidades decorrentes de um mundo globalizado e alerta para "a urgência de uma reforma quer da Organização das Nações Unidas quer da arquitetura econômica e financeira internacional".
Nesse sentido, critica também o binômio mercado-Estado e fala da necessidade de "novas autoridades políticas mundiais", capazes de administrarem os processos globais com "um poder efetivo", respeitando "os princípios de subsidiariedade e solidariedade".
Em outros pontos, Bento XVI confirma a negativa da Igreja Católica ao aborto, à eutanásia e à eugenesia e defende o trabalho estável "para todos", pedindo respeito dos direitos humano dos imigrantes.
Joseph Ratzinger afirma também que "o grande desafio" da era da globalização é agir com transparência, honestidade, responsabilidade e ética nas relações comerciais, partindo do "princípio de gratuidade e a lógica do dom como expressão da fraternidade". "A economia tem necessidade da ética para o seu correto funcionamento; não de uma ética qualquer, mas de uma ética amiga da pessoa", ressalta.
Bento XVI retoma ainda as orientações de João Paulo II, que "destacou a necessidade de um sistema com três sujeitos: o mercado, o Estado e a sociedade civil" e afirma que a globalização "não é boa nem má". "Não devemos ser vítimas dela, mas protagonistas, atuando com razoabilidade, guiados pela caridade e a verdade".
"Caritas in Veritate", "o amor na verdade é um grande desafio para a Igreja num mundo em crescente e incisiva globalização". Segundo Bento XVI, "o risco do nosso tempo é que, à real interdependência dos homens e dos povos, não corresponda a interação ética das consciências e das inteligências, da qual possa resultar um desenvolvimento verdadeiramente humano".
A terceira encíclica (carta solene do Papa aos bispos e fiéis católicos do mundo) de Bento XVI era muito esperada por tratar principalmente da crise econômica mundial e suas consequências à humanidade. Antes, ele publicou "Deus caritas est" (Deus é amor, 2006) e "Spe salvi" (Salvos graças à esperança, 2007).
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