11 de dezembro de 2009
Fides.org
Em sua intervenção o papa recordou que “enquanto as estatísticas testemunham o dramático crescimento do número de quem sofre a fome”, é confirmada o dado que a terra “pode nutrir suficientemente todos os seus habitantes”, o que indica a ausência de uma relação de causa-efeito entre o crescimento da população e a fome”. Referindo-se à encíclica Caritas in veritate, Bento XVI também recordou a “o problema da insegurança alimentar deve ser enfrentado numa perspectiva de longo período, eliminando as causas estruturais que a provocam e promovendo o desenvolvimento agrícola dos países pobres” contrastando também “o recurso a certas formas de medidas que perturbam gravemente o setor agrícola, a persistência de modelos alimentares orientados ao consumo e sem uma ampla perspectiva e sobretudo o egoísmo, que permite a especulação entrar até mesmo nos mercados de cereais, por isso o alimento, como os cereais, é considerado igual às demais mercadorias”.
O papa falou ainda sobre a “fraqueza dos atuais mecanismos de segurança alimentar e a necessidade de um repensá-los”, sublinhando que o conceito de cooperação deve ser coerente com o princípio de subsidiariedade. “Diante dos países que manifestam necessidade de ajuda externa – disse o pontífice – a comunidade internacional tem o dever de participar com instrumentos de cooperação, sentindo-se co-responsável pelo seu desenvolvimento... Numa tal perspectiva, a cooperação deve se tornar um instrumento eficaz, livre de vínculos e de interesse que podem absorver uma parte que não considerada dos recursos destinados ao desenvolvimento”.
Na segunda parte de seu discurso, o Santo Padre indicou alguns passos necessários para combater a fome promovendo um desenvolvimento humano integral: não considerar o mundo rural como uma realidade secundária; favorecer o acesso ao mercado internacional dos produtos provenientes de áreas mais pobres; resgatar as regras do comércio internacional da lógica do proveito como um fim em si mesmo. Não devem ser esquecidos “os direitos fundamentais das pessoas, entre os quais se destaca o direito a uma alimentação suficiente, saudável e nutritiva, e o direito à água; elas têm uma função importante para conseguir outros direitos, iniciando pelo primário, a vida”.
“Não bastam “normativas, legislações, planos de desenvolvimento e investimentos”, mas “uma transformação nos estilos de vida pessoais e comunitários, no consumo e nas necessidades concretas”; e, sobretudo, “ter presente esse dever moral de distinguir nas ações humanas o bem do mal, para redescobrir assim o vínculo de comunhão que une a pessoa e o criado”.
Concluindo seu discurso, Bento XVI reiterou o compromisso da Igreja, sem interferir nas escolhas políticas: “ela, respeitando o saber e os resultados das ciências, como também as escolhas determinadas pela razão quando são responsavelmente iluminadas por valores autenticamente humanos, se une ao esforço para eliminar a fome. É este o sinal mais imediato e concreto da solidariedade animada pela caridade, sinal que não deixa espaço a atrasos”.
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