sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Justiça distributiva e crise econômica (2)

ZP10102201 - 22-10-2010
Permalink: http://www.zenit.org/article-26344?l=portuguese 
Entrevista com John Medaille sobre como criar um verdadeiro mercado livre
IRVING, sexta-feira, 22 de outubro de 2010 (ZENIT.org) – No atual momento de incertezas e crise econômica, que não mostra sinais de diminuição, buscam-se alternativas para os conhecimentos econômicos tradicionais. Uma das novas teorias chama-se “distributismo”, baseada na tradicional Doutrina Social da Igreja sobre justiça distributiva.
Confirma a segunda parte da entrevista com John Medaille, um destacado “neo-distributista”, que discute o tema no (Toward a Truly Free Market:  A Distributist Perspective on the Role of Government, Taxes, Health Care, Deficits, and More).
A primeira parte desta entrevista consta neste link: http://www.zenit.org/article
ZENIT: Como seria uma sociedade “distributiva”? Há exemplos no mundo?
Medaille: Boa pergunta! Quando se trata de sistemas econômicos, é melhor não deixar totalmente na teoria abstrata, mas confiar apenas nos sistemas que estão sobre o terreno e que funcionam.
Por exemplo, o capitalismo puro e o comunismo puro (à margem dos entornos monásticos) nunca funcionaram, e não há exemplos atuais que funcionam. O capitalismo sempre foi imposto e sustentado pelo poder governamental, enquanto que o socialismo teve de permitir uma certa liberdade do mercado para poder funcionar.
O “distributismo”, por outro lado, pode mostrar um certo número de modelos que funcionam, tanto em grande como pequena escala. Por exemplo, a Cooperativa Mondragón, na Espanha, propriedade dos trabalhadores, que tem cem mil trabalhadores-proprietários e vendas de cerca de 25 bilhões de dólares. Também a economia cooperativa da Emilia-Romagna, na Itália, na qual 40% do produto interno bruto provêm das cooperativas. Há milhares de companhias que reservam um certo número de ações para os empregados, ou lhes dão participação na escolha dos conselhos de administração, cooperativas, uniões de crédito, etc.
A verdade é que o “distributismo” só obtém êxito, enquanto que o capitalismo caminha para a falência.
O interessante é que uma empresa “distributista” como Mondragón foi capaz de construir suas próprias redes de segurança, sistemas escolares, institutos de formação, centros de pesquisa e desenvolvimento, e uma Universidade, tudo de seus próprios fundos e sem ajudas governamentais.
Está mais próximo do ideal libertário que qualquer outro sistema que existiu baseado no laissez-faire.
ZENIT: Quais são os princípios básicos ou os fundamentos que o “distributismo” usa para comparar e construir políticas alternativas?
Medaille: Os princípios mais importantes do “distributismo” são a subsidiariedade e a solidariedade.
Entendemos por subsidiariedade que os primeiros níveis da sociedade, começando pela família, são os mais importantes, e a maior parte das decisões e a autoridade deveriam residir ali. Os níveis superiores justificam sua existência apenas pela ajuda que podem dar aos que estão abaixo.
A solidariedade diz que toda decisão política deve levar em conta os membros mais pobres e mais vulneráveis da sociedade.
É difícil que haja subsidiariedade numa situação na qual o poder está concentrado; apenas mediante a difusão do poder econômico e político (que na realidade são dois aspectos do mesmo poder) podem prosperar comunidades locais e as famílias.
ZENIT: O “distributismo” tem alguma base na Doutrina Social da Igreja ou nas encíclicas papais, como a recente Caritas in Veritate?
Medaille: A subsidiariedade e a solidariedade são princípios, logicamente, extraídos das encíclicas sociais, e o “distributismo” deve muito a seus fundadores católicos: G. K. Chesterton e Hilaire Belloc.
Dito isto, uma ordem social “distributista” não depende de que se estabeleça antes uma ordem social católica. Contudo, acreditamos que tal ordem social prosperará num sistema “distributista”.
[Por Annamarie Adkins]

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