segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Conforme o previsto, G-20 decide não decidir nada!

13/11/2010

Por Fernando Dantas e Cláudia Trevisan, no Estadão:
A cúpula do G-20 concluída ontem em Seul não afastou a ameaça de guerra cambial e adiou para o fim do próximo ano a conclusão de uma análise sobre os grandes desequilíbrios da economia global, que pode levar à correção no valor de determinadas moedas, em especial o yuan. Os chefes de Estado dos 20 países mais ricos e influentes do mundo chegaram a um acordo vago para conter “os grandes e persistentes desequilíbrios” nas contas externas das nações, e jogaram para 2011 as decisões sobre como resolver o problema.
Diante das baixas expectativas em torno do encontro e do clima de confronto entre os países às vésperas da reunião, o simples fato de se chegar a um acordo, mesmo que superficial, já foi saudado como uma vitória. “A guerra cambial não acabou, mas passou a ser discutida”, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, depois do encerramento da cúpula. “O acordo de Seul é melhor do que desacordo”, disse o presidente francês Nicholas Sarkozy, que assume a presidência do grupo em 2011.
Brasil. Para o Brasil, os principais avanços foram a legitimação do controle de capitais para reduzir o fluxo de dólares que levam à valorização do real, a ampliação da representação dos países emergentes no Fundo Monetário Internacional e o reconhecimento que os países desenvolvidos terão de ser “vigilantes” em relação aos efeitos negativos de suas políticas monetárias sobre o resto do mundo. Os dias que antecederam o encontro, iniciado na quinta-feira, foram marcados por críticas mútuas e ceticismo em relação ao papel do G-20 como fórum de coordenação econômica global.
A situação se agravou com a decisão dos EUA de injetar US$ 600 bilhões na economia em oito meses, o que vai desvalorizar o dólar e aumentar a quantidade de capital especulativo que vai para os países emergentes, valorizando suas moedas.
Guerra cambial
A “guerra cambial” é a resposta à desvalorização do dólar, por governos que intervêm para desvalorizar suas moedas e tentar aumentar suas exportações. O resultado da desvalorização do dólar deveria ser a valorização do yuan, mas isso não ocorre por causa da determinação de Pequim de manter a moeda atrelada à americana.
O comunicado de Seul não faz referência ao yuan nem à expansão monetária americana, o que não seria aceito pelos dois países. Mas fala que os integrantes do G-20 vão “se mover” na direção de taxas de câmbio mais determinadas pelo mercado e que reflitam os fundamentos da economia, além de aumentar a flexibilidade de seus sistemas cambiais e evitar “desvalorizações competitivas” de suas moedas.
Mantega reconheceu que não há sanções previstas no documento para os que não respeitarem os compromissos, mas ressaltou que eles criam constrangimentos “morais” para os que os descumprirem.
Céticos
O exemplo mais citado pelos céticos em relação à eficácia do G-20 é o fato de os EUA terem lançado seu plano de injeção de US$ 600 bilhões logo depois de assinar o comunicado no qual os ministros de Finanças do grupo diziam que os países emissores de moedas de reserva (o dólar é a principal) ficariam “vigilantes” em relação a movimentos cambiais desordenados.
O secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, tem sido questionado sobre os efeitos de desvalorização cambial da injeção de dólares, não só pelos colegas do G-20, mas também por analistas de prestígio, como o ex-presidente do Fed (BC americano), Alan Greenspan. Aqui
Por Reinaldo Azevedo

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