Texto do IL sobre o grande historiador britânico
Fonte -OHumanista
O século XX foi generoso para a Inglaterra em termos intelectuais. Além de Winston Churchill - para muitos o maior líder político do século passado -, aquele país contou com significativo número de liberais da maior expressão. Para lá acorreram o economista Friedrich Hayek e o filósofo Karl Popper. O primeiro "think tank" liberal do ocidente surgiu a poucos quarteirões do Parlamento inglês, graças ao espírito empreendedor de Sir Anthony Fisher e ao trabalho infatigável de Arthur Seldom. No campo da História, Paul Johnson emerge como a grande figura das três últimas décadas, ocupando com justiça um espaço que pertencera a Churchill.
A produção intelectual de Paul Johnson não tem paralelo recente. Nascido em 1928 na Inglaterra, ele até hoje utiliza a máquina de escrever. Assim mesmo, produz alentados volumes de História, numa velocidade alucinante que já o levou a publicar mais de 35 livros, sem contar milhares de artigos e ensaios em revistas e jornais do Reino Unido e dos Estados Unidos. Ainda hoje, com mais de 70 anos, publica semanalmente um artigo no The Spectator e colabora regularmente com o jornal The Daily Mail.
- A marca de Paul Johnson
Católico e conservador, não teme nenhuma polêmica. Seus livros, lidos quase compulsivamente por quem se interessa minimamente por História, vêm carregados com as impressões e opiniões do autor. Personagens e fatos ganham contornos especiais e novas interpretações. Em sua obra monumental A History of American People, por exemplo, ele não se preocupa em diminuir a estatura de um Franklin Roosevelt ou de "perdoar" um Richard Nixon. O que talvez incomode mais os críticos de Paul Johnson seja a seriedade e a profundidade da pesquisa que ele invariavelmente conduz antes de escrever. Se suas opiniões são polêmicas, elas vêm muito bem sustentadas por documentos, dados e testemunhos. As notas e referências não comprometem nem a fluidez nem o humor de seus textos. Apenas tornam ainda mais difíceis de contradizer suas teses. Essa fórmula o consagrou nos Estados Unidos, onde a história dos norte-americanos já vendeu mais de 200 mil exemplares.
- A conversão
Mas Paul Johnson não foi a vida toda um historiador e jornalista identificado com o conservadorismo. Na verdade, até 1977 ele esteve vinculado ao trabalhismo e se considerava um socialista (na linha do socialismo fabiano) – o que é bastante previsível para alguém educado dentro da tradição jesuítica e que fora aluno do Magdalen College, em Oxford (tendo como tutor o famoso historiador britânico A. J. P. Taylor). Nesse ano, escreveu um famoso artigo sob o título ‘Adeus ao Partido Trabalhista’. Não mediu palavras para descrever a intolerância dos trabalhistas com o individualismo que, no seu modo de ver, seguia o caminho que levou aos horrores dos campos de concentração nazistas e soviéticos. Rompeu com um passado como editor de publicações "progressistas" e tornou-se conselheiro de Margaret Thatcher. Passou um ano (1980) nos Estados Unidos, onde tornou-se amigo de Michael Novak (escritor igualmente católico e conservador) e Ronald Reagan.
- A produção intelectual
A partir de sua "conversão" é que Paul Johnson passou a publicar os livros que já o consagram como o maior historiador da atualidade. Entre eles podemos destacar Tempos Modernos1, surgido em 1983. Trata-se de uma história do século XX, entre os anos 20 e a queda do Muro de Berlim, onde Johnson destaca o papel central do relativismo no verdadeiro "banho de sangue" que foi o século há pouco terminado.
Em 1988 Johnson produziu outra obra de enorme repercussão: Intellectuals. Nessa obra, ele se volta para personalidades, traçando implacáveis perfis biográficos de "intelectuais malcomportados", desde Rousseau, passando por Marx, até Edmund Wilson. Na linha de biografias, destaca-se igualmente Napoleão, recentemente traduzido para o português. O regime de violência e intromissão que marcou o período do corso, representou para Paul Johnson uma advertência mas também uma herança para o século XX. A importância e o destaque que Paul Johnson empresta aos personagens históricos, aliás, é explicada pelo próprio: ‘quanto mais estudo História, mais me convenço de que os acontecimentos sofrem muito mais influência da força de vontade de pessoas-chaves do que da presença sutil de forças coletivas’.
Como bom católico, Johnson não deixou de traçar uma detalhada história da cristandade (A History of Christianity), desde o Novo Testamento até o século XX. Mas sua confissão não o impede de reconhecer e esmiuçar os períodos mais tenebrosos do catolicismo, pois o objetivo de Johnson é sempre muito claro: a verdade. Os judeus também renderam outro trabalho extraordinário (A History of the Jews), que se estende desde Noé até Israel na década de 80. Nada escapa ao espírito analítico de Johnson, muito menos temas espinhosos, como o envolvendo os palestinos na Terra Santa.
A historiografia de Paul Johnson é verdadeiramente impossível de ser resumida em um simples perfil. Basta mencionar que ele ainda escreveu diversas outras obras extremamente recomendáveis, entre as quais vale citar A History of the British People, The Birth of the Modern e The Renaissance: a Short History (Johnson é um importante colecionador da pintura do período pré-Rafael).
Paul Johnson vive numa bela casa inglesa, evidentemente rodeada por um jardim, milhares de livros, obras de arte e os cuidados da esposa Marigold.
- Principais livros de Paul Johnson publicados em português
História dos Judeus2. Rio de Janeiro: IMAGO. 1989. 653p;
Tempos Modernos: o mundo dos anos 20 aos 801. Rio de Janeiro: Instituto Liberal, 1990. 667p.
Renascença
Napoleão
Intelectuais
- Principais livros de Paul Johnson publicados em inglês
A history of modern world: from 1917 to the 1980s2. London: Weidenfeld and Nicolson, 1984. 817p.
Intellectuals2. New York: Harper & Row, 1988. 385p.
Modern times: the world from twenties to the eighties2. New York: Harper & Row, 1985. 817p.
A History of American People
A History of the English People
The Birth of the Modern
A History of Christianity
A History of the Jews
[1] À venda no IL; integra o acervo da biblioteca Ludwig von Mises, do Instituto Liberal
[2] Acervo da biblioteca Ludwig von Mises, do Instituto Liberal
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