segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Grandes Pecadores, Grandes Catedrais


 
O livro Grandes Pecadores, Grandes Catedrais foi promovido pelo governo da Itália como uma obra que contribui ao conhecimento cultural de um dos maiores marcos de uma cidade, a maior das igrejas da mesma: a catedral. Não é a respeito do Vaticano, mas de quais caminhos a Igreja de cada povoado tomou para ir fortalecendo-se, até financeiramente, para que esta imagem gloriosa pudesse sair do papel do arquiteto para tornar-se grandes catedrais através dos séculos. Por trás de cada catedral, uma série de esforços descomunais, conhecidos apenas pelos autores e mostrado ao público nesta reveladora obra literária. Ainda que estes segredos estejam tão profusamente descritos, que por vezes é difícil compreender todas as passagens do que há sucedido.Em cada um dos quinze capítulos, descreve a construção da grande catedral de uma famosa cidade da Europa mediterrânea: italianas, francesas e espanholas. O texto desvenda a forte ambição por trás do grande impulso de construirem-se enormes catedrais a fim de magnificar, e mais que isto, estabilizar o poder religioso católico.Somente as guerras (com a coragem de haver transmoldado sinos valiosos em canhões) destruíam as catedrais as quais, no princípio, reuniam a todos, seja com um número extenso de mendigos como na Notre-Dame, ou de turistas, ou até serviam como local para concluírem-se negócios, e casamentos, claro. No entanto, para que continuassem havendo milagres, que não eram casos raros nestas regiões católicas, todos os que estivessem presentes na missa, ainda que fossem representantes do governo ou do exército de outra cidade– como sucedera-se em uma feita -, tinham que mostrar a sua fé ajoelhando-se e rezando, assim poderiam todos ver acontecer os milagres.A fé para o povo um tanto ignaro, que vira as catedrais serem construídas com as suas próprias forças, era tão firme quanto a imensa catedral, o centro de todas as atenções. O autor italiano revela casos inusitadíssimos por trás das construções, vão além de qualquer imaginação. Da época do barroco, os planos e requintes arquitetônicos cresciam, as catedrais tinham muitas agulhas em seus topos e naves diversas em seu interior. E somente após a construção das mesmas é que cidades como Nápolis, Florença, Chartres, que são conhecidas mundialmente nos dias de hoje, é que começaram a receber uma grande quantidade de fiéis para conhecê-las. O projeto grandioso de arrecadar e destinar verbas para uma estrutura religiosa foi o perfil da religião católica, e preservou àqueles chamados santos, os milagreiros que responderam aos fiéis com saúde e curas milagrosas, das quais não se viram os processos, mas se comprovaram os resultados. A fé elevou catedrais, que guardou aos cônegos, que homenagearam os santos, que curaram e levantaram os fiéis.Em Sevilha, queriam fazer a maior de todas as catedrais, diziam uns aos outros: “Irão considerar-nos loucos porque construiremos a maior de todas as catedrais!” Ainda que houvesse a franca competição, foi através da competição com a nobreza, com o poder governamental, que a Igreja abriu seu caminho para servir como protetora do povo que nunca esquece de seus santos. As catedrais era o ponto repleto de beleza, de harmonia que, diferente da natureza desordenada, entrava em comunhão com o homem. E ali, dentro da catedral, humildade, cônegos e D-us são parceiros.A nobreza padece diante da grandiosidade e do poder independente da linhagem hereditária. Diante da Igreja, quem tem poder na terra, pode perdê-lo, o governo terreno tornou-se mais circunstancial, diante da promessa que a catedral havia vindo para abrigar e confortar os humildes. A possibilidade de receber um ex-voto (braços de santas, roupas, arca dos reis magos) fazia com que a catedral pudesse dedicar-se ao santo do ex-voto, provocando milagres e reafirmando padroeiros. Os ex-votos vinham de longe, ou até iam buscá-los aonde estivessem e pagavam bem pelos mesmos. Mas até mesmo santos ou santas que nunca conseguiram chegar de nenhuma forma a estas regiões do Mediterrâneo, também tinham seus devotos. Até mesmo padres fiéis, tinham seus devotos. As catedrais foram capazes de guardar a nobreza dos mártires religiosos, os quais nunca foram corruptíveis.O autor visitara cada uma das catedrais, e em cada uma, conversou com o vigilante, figura que fala alto, e vezes, até fuma diante da catedral. As descrições do autor mostra que teve conhecimento íntimo da localização, e da história ainda quando contada pelo povo também. GRANDES PECADORES, GRANDES CATEDRAIS – de Cesare Marchi 1991 Ed. Martins Fontes 1ª ed. brasileiraGRANDI PECATTORE, GRANDI CATTEDRALI

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