domingo, 27 de fevereiro de 2011

Batalha de Lepanto


Conflitos da Renascença
07-10-1571
Este acontecimento teve inicio em: 07-10-1571 e terminou em 07-10-1571
Vencedor: Reinos cristãos
Forças em presença:

República de Veneza

Reinos Habsburgos espanhóis

Estados do Papa

Genova

Ordem de Malta

Império Otomano

A batalha de Lepanto, entre reinos cristãos e os turcos foi a maior batalha naval no Mediterrâneo depois da batalha de Actium em 31 Antes de Cristo.

A batalha teve como objectivo impedir a progressão dos Turcos Otomanos, depois que estes tomaram possessões da República de Veneza no Mediterrâneo oriental.

Veneza recorreu ao Papa, para que tentasse organizar uma aliança com os países do Mediterrâneo Ocidental, tradicionais rivais de Veneza, com o objectivo de impedir a progressão de um poder otomano que acabaria por ser negativo para todos os países.

O Papa iniciou então uma série de contactos com os países cristãos do ocidente. A França não participou em qualquer iniciativa, aliás até porque tinha praticamente sido expulsa do mediterrâneo pelos países pertencentes ao Sacro Império de Carlos V, que posteriormente passou para Filipe II.

A monarquia dos Habsburgos[1] tinha interesses importantes no Mediterrâneo, porque alguns dos seus reinos mais importantes, dependiam do comércio nesse mar para sobreviver e manter as suas economias baseadas no comércio. A Coroa de Aragão e os seus reinos de Valência e Nápoles, bem como os seus aliados de Génova estavam a favor de uma intervenção do monarca.

Evidentemente que para criar uma força capaz de enfrentar os turcos, seriam necessários navios e homens, e é baseado nesse binómio que se vai criar a Santa Liga.

Mapa do Mediterrâneo: A esquadra cristã reuniu-se em Messina.
A República de Veneza, que era quem se sentia directamente mais ameaçada, construiria uma frota de mais de 100 navios de guerra. A essa frota juntam-se cerca de 40 navios do Papa, de Génova e de outros pequenos estados e mais 36 navios dos reinos espanhóis de Filipe II, juntamente com 11 galeras de Génova, mas subsidiadas pelos cofres do Reino de Castela.

Embora com uma participação relativamente reduzida em termos de navios os Habsburgos participariam com a maior parte da gente de guerra, ou seja os soldados que deveriam combater quando os navios das duas esquadras entrassem em contacto.
Dos cerca de 30.000 homens de armas que deveriam embarcar, dois terços eram pagos pela coroa dos Habsburgos e os restantes por venezianos, genoveses, estados do Papa e cavaleiros da Ordem de Malta.

Depois de várias movimentações e após a esquadra se ter reunido em Messina, no estreito que separa a península itálica da Sicília, a frota dirige-se para oriente para enfrentar os turcos, que julgava serem em menor numero.

As duas frotas enfrentam-se na manhã do dia 7 de Outubro e cada uma delas divide-se em três grupos.

O principal combate ocorre no grupo central, quando as forças turcas sob o comando de Ali Pashá atacam directamente a engalanada Galera Real onde seguia Juan de Áustria.

Na imagem: Galeaça (topo) e Galé de Veneza. A Sereníssima República construiu a maioria dos navios da esquadra cristã.
Ocorre que a disposição da frota cristã, incluía um tipo de navio construído nos arsenais de Veneza, o qual tinha sido mantido secreto.
Em frente da primeira linha central das forças de galeras cristãs, foram colocadas duas grandes Galeaças venezianas. Estes navios, tinham uma mobilidade reduzida, mas ao contrário das galeras, tinham um castelo de proa redondo equipado com nove canhões e ao mesmo tempo dispunham de seis canhões que permitiam disparar bordadas contra as galeras turcas.

Quando a frota turca, segue a grande galera de Ali Pashá, que se atira contra o navio de Juan de Áustria, sofre um intenso ataque de artilharia das enormes galeaças venezianas. Quando os navios turcos e cristãos se engancham, vários ocorrem para ajudar no combate, tendo lugar praticamente um combate terrestre a bordo de vários navios encostados uns aos outros numa enorme confusão de fumo, sangue e pólvora.

Porém, os navios turcos que vão em socorro da galera de Ali Pashá, não conseguem chegar sem antes serem fortemente bombardeados pelos lentas e desajeitadas galeaças de Veneza, que embora desajeitadas contam com 40 canhões de vário tipos.

Nestas condições as forças cristãs conseguem vantagem táctica, porque conseguem fazer chegar navios frescos à refrega, enquanto que os turcos não o conseguem fazer. É assim afundado o navio de Ali Pashá e o destino da batalha começa a tornar-se óbvio.

Entretanto, as galeaças que tinham sido deixadas para trás, voltam lentamente para a refrega, utilizando o poder dos seus 40 canhões, para destruir ou danificar muitos dos navios turcos que entretanto se tinham desviado para norte.

As outras duas batalhas que ocorreram com as restantes divisões, também acabaram por ser favoráveis aos cristãos, mercê da superioridade da artilharia dos navios venezianos e da intervenção de uma pequena esquadra de reserva de cerca de 30 galeras comandadas por Álvaro de Bazan.

A Batalha de Lepanto, foi a mais memorável vitória militar de Veneza, e o dia passou a ser feriado nacional. Ela marcou que também no Mediterrâneo, era o poder dos canhões de navios pesados que decidia o destino dos conflitos.

Para a coroa dos Habsburgos, a batalha também foi um sucesso, mas os comandantes Hispânicos não conseguiram retirar nenhum tipo de lição da batalha, e concluíram que a batalha se ganhou por causa da capacidade dos seus navios transportarem homens em quantidade para vencer a refrega no mar, com infantaria e não por causa da artilharia.

Esse tremendo erro de análise, viria a assombrar o império dos Áustrias, e acabaria por influenciar o resultado da batalha que haveria de ocorrer 17 anos depois, com aquela que ficou conhecida pelos britânicos como Armada Invencível.

Ao ter tirado conclusões erradas, os comandantes militares hispânicos não entenderam que a realidade da guerra naval tinha efectivamente mudado. Essa falha e o erro nas conclusões tiradas permitem afirmar que embora com uma vitória, é em Lepanto, que começa o longo declínio naval do império dos Habsburgos espanhóis.




[1] Muitas vezes incorrectamente chamados de «Espanha» o que é naturalmente um absurdo dado tal país não existir na altura, não tendo existência efectiva e jurídica, o que apenas viria a ocorrer no século XVIII.

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