BRUXELAS, Bélgica, 15 de fevereiro de 2011 (Notícias Pró-Família)
— O Conselho da Europa já tomou posição e até o Parlamento da UE, mas
os ministros das Relações Exteriores da UE estão hesitando para atender
ao apelo de condenar por nome a intensa violência e discriminação contra
os cristãos no Oriente Médio. Numa reunião em 31 de janeiro, 27
ministros das Relações Exteriores da UE rejeitaram, por temores de serem
politicamente incorretos, a versão preliminar de uma resolução que
condena as atrocidades contra as minorias cristãs no Egito e Iraque.
A
Alta Representante da União Europeia para Assuntos Exteriores, a
Baronesa Catherine Ashton, disse que os 27 ministros tiveram de “recuar e
refletir” em como, no curso de apoiar a tolerância e as liberdades
religiosas, eles poderiam “garantir que reconheçamos comunidades
individuais de qualquer religião que se encontre sendo incomodada ou
pior”.
O
desconforto de mencionar o Cristianismo foi demonstrado também pelos
representantes de alguns países escandinavos pesadamente secularizados
bem como a Inglaterra.
A
incapacidade dos ministros de relações exteriores de apoiar a versão
preliminar da resolução ocorre depois da aprovação rápida de um
documento semelhante por parte do Parlamento da UE em 20 de janeiro de
2011 que condenou ataques “que comprometem a existência de comunidades
cristãs e a existência de outras comunidades religiosas”. A resolução
condenou a perseguição aos cristãos no Egito, Nigéria, Paquistão,
Filipinas, Chipre, Irã, Índia e Iraque.
O
documento também apontou para incidentes de discriminação religiosa
contra cristãos na Europa e exortou o gabinete de Ashton a criar uma
estratégia para fazer valer o direito humano à liberdade religiosa.
O
Conselho da Europa, o maior órgão de 47 países membros, também disse
num relatório intitulado “Violência contra os cristãos no Oriente Médio”
que “a situação ficou mais grave desde o início do século XXI e, se não
for lidada de forma adequada, poderá levar ao desaparecimento, em curto
prazo, de comunidades cristãs no Oriente Médio”.
Os
dois documentos pediram que os países estabelecessem um órgão para
monitorar a perseguição religiosa, o desenvolvimento de abrangentes
políticas de asilo para refugiados religiosos e ajudar a reassentar
refugiados cristãos.
Na
época em que a resolução do Parlamento da UE foi aprovada, Ashton
disse: “A UE não se fará de cega para a perseguição dos cristãos no
mundo inteiro”. Antes, Ashton havia “sem reserva” condenado o ataque
contra uma igreja copta em dezembro no Egito que matou 23 pessoas. Ela
disse: “O direito dos cristãos coptas de se reunir e adorar em liberdade
tem de ser protegido”.
A
relutância dos ministros de relações exteriores foi criticada por
Franco Frattini, ministro das relações exteriores da Itália, que disse
que a versão preliminar da resolução mostrava “excesso de secularismo”.
“O
texto final não incluía nenhuma menção aos cristãos, como se
estivéssemos falando de outro assunto qualquer. Por isso, pedi que o
texto fosse retirado. Daí foi realmente retirado”, disse ele. A medida
de retirar a resolução foi apoiada pelo ministro francês, que queria
mencionar por nome os cristãos bem como os muçulmanos xiitas.
O
parlamentar italiano Luca Volontè expressou seu desapontamento,
dizendo: “A incapacidade de tomar uma posição firme como uma Europa de
uma só voz contra as atrocidades perpetradas recentemente contra os
cristãos em grande parte do mundo é absolutamente incompreensível,
principalmente depois dos dois textos inequívocos adotados pelo
Parlamento e pelo Conselho da Europa”.
David
Casa, parlamentar de Malta, disse: “Como é que é possível condenar de
forma correta essas atrocidades sem fazer nenhuma menção dos alvos
[dessas atrocidades]?”
“Se
temos a intenção de gastar o dinheiro dos que pagam o imposto de renda
para pagar pedaços de papel rascunhado declarando que as pessoas não
deveriam ser mortas à bomba em geral, então deveríamos todos fazer as
malas e ir para casa”.
“Será
que talvez falte à nossa Alta Representante estar mais bem informada
quanto àqueles que ela está representando? Nós nos tornamos incapazes de
condenar os ataques contra nossos irmãos cristãos. Que dia triste para a
Europa!”
A
Comissão das Conferências dos Bispos Católicos da Comunidade Europeia
(CCBCC) disse que “muito lamenta” a “vacilação diplomática” dos
ministros.
“A
vacilação diplomática está ainda mais incompreensível à medida que
vidas inocentes estão sendo ceifadas em ataques atrozes contra os
cristãos e outras minorias em todo mundo”, disse uma declaração da
CCBCC.
“Os
recentes ataques contra os cristãos não são casos isolados. As
estatísticas sobre liberdade religiosa em anos recentes mostram que a
maioria dos ataques de violência religiosa é perpetrada contra os
cristãos”.
Fabio
Bernabei, diretor da organização Centro Culturale Lepanto que tem sede
em Roma, comentou que os ministros “são elites anticristãs patológicas
que fazem conspirações na hora de decidir em Bruxelas em conjunção com
as orientações dos conglomerados dos meios de comunicação”.
O
Pe. Waldemar Cislo, diretor da seção polonesa da agência internacional
de caridade Auxílio para a Igreja em Necessidade, condenou a obsessão
“politicamente correta” de alguns ministros da UE.
“Parece que a Europa está se esquecendo do Cristianismo de novo no nome de alguns estranhos princípios politicamente corretos”.
O
assassinato em massa de cristãos durante cultos religiosos em países
politicamente problemáticos, inclusive o assassinato de 58 católicos
iraquianos em Bagdá em outubro e 23 cristãos coptas no Egito em
dezembro, foram parar nas manchetes internacionais; mas a agência
Auxílio para a Igreja em Necessidade estima que aproximadamente 170.000
cristãos sejam mortos de ódio por suas convicções no mundo inteiro a
cada ano, em grande parte em países dominados por muçulmanos.
Em sua mensagem do Dia Mundial da Paz de 1 de janeiro, o Papa Bento 16 disse
que os políticos têm um dever especial de defender os direitos humanos
dos cristãos que estão sendo perseguidos no mundo inteiro. Tais ataques,
o papa disse, são “uma ameaça à segurança e paz, e um obstáculo para se
alcançar o autêntico e integral desenvolvimento humano”.
“É
doloroso pensar que em algumas regiões do mundo é impossível professar a
própria religião livremente, exceto sob risco de vida e liberdade
pessoal”, disse o papa. Numa referência provável ao oficial sentimento
anticristão da Europa, Bento acrescentou: “Em outras regiões vemos
formas mais sutis e sofisticadas de preconceito e hostilidade para com
os crentes e símbolos religiosos”.
Auxílio
para a Igreja em Necessidade lançou um relatório sobre os incidentes
anticristãos no mundo inteiro durante o período de 2009-2010 que revelou
que “num terço dos países” não existe real liberdade religiosa; casos
de evidente discriminação contra os cristãos foram encontrados em mais
de 70 países.
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