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Apresentado em Roma livro sobre começo do seu pontificado
ROMA, sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011 (ZENIT.org)
- "Que coragem tiveram esses cardeais para eleger um Papa de um país
que está o outro lado da Cortina de Ferro!": esta foi a primeira reação
do então secretário de Estado da Santa Sé, Dom Agostino Casaroli,
durante o anúncio, na Praça de São Pedro, da eleição de Karol Wojtyla.
Esta foi uma das recordações comentadas pelo cardeal Giovanni Battista Re, prefeito da Congregação para os Bispos, por ocasião da apresentação, em 16 de fevereiro, em Roma, do livro "Choque Wojtyla - O começo do pontificado" (Shock Wojtyla - L'inizio del pontificato), publicado na Itália pela editora San Paolo, com a coordenação de Marco Impagliazzo, professor de História Contemporânea na Universidade para Estrangeiros de Perúgia.
O livro, através de 15 ensaios de vários autores, analisa as reações, em diferentes níveis - mundo católico, opinião pública, meios de comunicação, diplomacias, relações internacionais -, encontradas em todo o mundo, após o anúncio de 16 de outubro de 1978.
Este volume é o primeiro de uma série que, com o apoio do Serviço Nacional para o Projeto Cultural, da Conferência Episcopal Italiana, pretende reconstruir historicamente o pontificado de João Paulo II.
Choque histórico
"Chegou a hora - disse, na apresentação do livro, Andrea Riccardi, fundador da Comunidade de Sant'Egidio e autor da ideia deste projeto - de passar do patrimônio dos sentimentos despertados em todos nós pelo pontificado de Wojtyla à investigação histórica."
João Paulo II, de acordo com Riccardi, "não foi apenas um choque, mas também a terapia diante de duas crises fundamentais do cristianismo em 1978". Uma na Europa Oriental, onde "o medo inspirado pelo comunismo fazia pensar que a Igreja já não poderia fazer nada, e onde Wojtyla representou, no entanto, uma esperança".
E outra no Ocidente, "onde se havia afirmado a ideia de uma crise incontrolável do cristianismo frente ao secularismo, com relação à qual a eleição do Papa polonês demonstrou como a instituição milenar da Igreja ainda era capaz de juventude".
Choque diplomático
O acontecimento de 16 de outubro de 1978 foi capaz de mudar as relações internacionais. "Certamente - disse Lucio Caracciolo, diretor da revista geoestratégia italiana Limes -, isso marcou o fim da ostpolitik ["Política do Leste" em alemão, N. do T.] da Santa Sé", que, diante dos países do Leste atrás da Cortina de Ferro, "tornou-se muito mais incisiva e focada na figura do Papa, quem não aceitava o status quo, e teve um impacto único e talvez exclusivo na história. Enquanto nas chancelarias da Europa "prevalecia a prudência, na certeza de que a União Soviética duraria muito tempo, Wojtyla via com outros olhos uma outra época".
"As diplomacias, diante de uma mudança, reagiram com uma atitude conservadora, negando que coisas novas poderiam acontecer", constatou Caracciolo, concluindo: "A lição de João Paulo II nos diz, no entanto, que coisas novas podem acontecer".
Choque para a Polônia
Poucos podem afirmar isso com tanta certeza quanto o povo polonês. "O primeiro choque - lembrou Hanna Suchocka, primeira-ministra polonesa sob a presidência de Lech Walesa e hoje embaixadora no Vaticano - foi a imagem de Wojtyla no dia da sua eleição, que surgia da escuridão, levantando os braços para saudar a multidão na Praça de São Pedro."
"Foi um choque ainda maior para as autoridades comunistas - acrescentou Suchocka. Hoje sabemos disso devido aos documentos que estavam sendo preparados para estabelecer contato com o Papa que fosse eleito no conclave, ignorando a mediação da Igreja polonesa e, ‘acima de tudo', do arcebispo de Cracóvia, Wojtyla..."
Quando se anunciou a eleição de João Paulo II, procuraram encontrar elementos positivos, dizendo: "Melhor um papa distante que um primaz próximo", mas sabiam "quão perigoso era para o sistema, pois ele conhecia seus pontos fracos e não era influenciável". A eleição de Wojtyla "mostrou as duas faces da sociedade polonesa: o temor dos comunistas e a incontrolável festa popular que lotou as ruas".
E, no dia da eleição, "João Paulo II, ignorando o protocolo, convidou a ‘não ter medo'. Ninguém conseguia compreender a profunda influência destas primeiras palavras: tudo isto foi o choque inicial, que se tornou uma constante em um pontificado que mudou a Igreja e o mundo".
Choque surgido da fé
O cardeal Giovanni Battista Re tem a mesma opinião: "'Não tenham medo', 'abram as portas a Cristo': Nessas frases se resume a linha de todo o pontificado de João Paulo II", bem como na frase que ele pronunciou em Varsóvia, em sua primeira viagem à Polônia: "Não se pode excluir Cristo da história".
"Tudo o que motivou João Paulo II - enfatizou Re - influenciou a política e a história, mas nascia da fé."
"Nele, impressionava o perfil humano, a capacidade de falar às multidões, a profundidade do seu pensamento, o conhecimento do mundo graças à escuta de tantas pessoas, o fascínio dos jovens por ele."
Mas, sobretudo, "impressionava a intensidade da sua oração. (...) Como ele disse no santuário da Mentorella - concluiu o cardeal Re -, a primeira tarefa do Papa consiste em orar. Esta afirmação correspondia à sua mais profunda convicção".
(Chiara Santomiero)
Esta foi uma das recordações comentadas pelo cardeal Giovanni Battista Re, prefeito da Congregação para os Bispos, por ocasião da apresentação, em 16 de fevereiro, em Roma, do livro "Choque Wojtyla - O começo do pontificado" (Shock Wojtyla - L'inizio del pontificato), publicado na Itália pela editora San Paolo, com a coordenação de Marco Impagliazzo, professor de História Contemporânea na Universidade para Estrangeiros de Perúgia.
O livro, através de 15 ensaios de vários autores, analisa as reações, em diferentes níveis - mundo católico, opinião pública, meios de comunicação, diplomacias, relações internacionais -, encontradas em todo o mundo, após o anúncio de 16 de outubro de 1978.
Este volume é o primeiro de uma série que, com o apoio do Serviço Nacional para o Projeto Cultural, da Conferência Episcopal Italiana, pretende reconstruir historicamente o pontificado de João Paulo II.
Choque histórico
"Chegou a hora - disse, na apresentação do livro, Andrea Riccardi, fundador da Comunidade de Sant'Egidio e autor da ideia deste projeto - de passar do patrimônio dos sentimentos despertados em todos nós pelo pontificado de Wojtyla à investigação histórica."
João Paulo II, de acordo com Riccardi, "não foi apenas um choque, mas também a terapia diante de duas crises fundamentais do cristianismo em 1978". Uma na Europa Oriental, onde "o medo inspirado pelo comunismo fazia pensar que a Igreja já não poderia fazer nada, e onde Wojtyla representou, no entanto, uma esperança".
E outra no Ocidente, "onde se havia afirmado a ideia de uma crise incontrolável do cristianismo frente ao secularismo, com relação à qual a eleição do Papa polonês demonstrou como a instituição milenar da Igreja ainda era capaz de juventude".
Choque diplomático
O acontecimento de 16 de outubro de 1978 foi capaz de mudar as relações internacionais. "Certamente - disse Lucio Caracciolo, diretor da revista geoestratégia italiana Limes -, isso marcou o fim da ostpolitik ["Política do Leste" em alemão, N. do T.] da Santa Sé", que, diante dos países do Leste atrás da Cortina de Ferro, "tornou-se muito mais incisiva e focada na figura do Papa, quem não aceitava o status quo, e teve um impacto único e talvez exclusivo na história. Enquanto nas chancelarias da Europa "prevalecia a prudência, na certeza de que a União Soviética duraria muito tempo, Wojtyla via com outros olhos uma outra época".
"As diplomacias, diante de uma mudança, reagiram com uma atitude conservadora, negando que coisas novas poderiam acontecer", constatou Caracciolo, concluindo: "A lição de João Paulo II nos diz, no entanto, que coisas novas podem acontecer".
Choque para a Polônia
Poucos podem afirmar isso com tanta certeza quanto o povo polonês. "O primeiro choque - lembrou Hanna Suchocka, primeira-ministra polonesa sob a presidência de Lech Walesa e hoje embaixadora no Vaticano - foi a imagem de Wojtyla no dia da sua eleição, que surgia da escuridão, levantando os braços para saudar a multidão na Praça de São Pedro."
"Foi um choque ainda maior para as autoridades comunistas - acrescentou Suchocka. Hoje sabemos disso devido aos documentos que estavam sendo preparados para estabelecer contato com o Papa que fosse eleito no conclave, ignorando a mediação da Igreja polonesa e, ‘acima de tudo', do arcebispo de Cracóvia, Wojtyla..."
Quando se anunciou a eleição de João Paulo II, procuraram encontrar elementos positivos, dizendo: "Melhor um papa distante que um primaz próximo", mas sabiam "quão perigoso era para o sistema, pois ele conhecia seus pontos fracos e não era influenciável". A eleição de Wojtyla "mostrou as duas faces da sociedade polonesa: o temor dos comunistas e a incontrolável festa popular que lotou as ruas".
E, no dia da eleição, "João Paulo II, ignorando o protocolo, convidou a ‘não ter medo'. Ninguém conseguia compreender a profunda influência destas primeiras palavras: tudo isto foi o choque inicial, que se tornou uma constante em um pontificado que mudou a Igreja e o mundo".
Choque surgido da fé
O cardeal Giovanni Battista Re tem a mesma opinião: "'Não tenham medo', 'abram as portas a Cristo': Nessas frases se resume a linha de todo o pontificado de João Paulo II", bem como na frase que ele pronunciou em Varsóvia, em sua primeira viagem à Polônia: "Não se pode excluir Cristo da história".
"Tudo o que motivou João Paulo II - enfatizou Re - influenciou a política e a história, mas nascia da fé."
"Nele, impressionava o perfil humano, a capacidade de falar às multidões, a profundidade do seu pensamento, o conhecimento do mundo graças à escuta de tantas pessoas, o fascínio dos jovens por ele."
Mas, sobretudo, "impressionava a intensidade da sua oração. (...) Como ele disse no santuário da Mentorella - concluiu o cardeal Re -, a primeira tarefa do Papa consiste em orar. Esta afirmação correspondia à sua mais profunda convicção".
(Chiara Santomiero)
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