Os cristãos no Egito se encontram em alerta diante da possibilidade de que extremistas muçulmanos assumam o poder depois das multitudinárias protestas que se deram no país nas últimas duas semanas exigindo a saída doe presidente Hosni Mubarak que agora iniciou o diálogo com a oposição.
Em declarações ao grupo ACI através da Catholic Near East Welfare Association, o Vice presidente para as Missões Pontifícias no Egito, Issam Bishara, detalhou algumas das principais preocupações dos cristãos no país.
"Embora alguns dos principais líderes de oposição nesta revolta parecem ser reformadores seculares modernos, os líderes eclesiásticos acreditam que a principal organização atrás de tudo são os da Irmandade Muçulmanos (Muslim Brotherhood). Eles temem que esta organização busque chegar ao poder nas próximas eleições, comprometendo todas as partes patrióticas e ideológicas que participam dos protestos".
Os Irmãos Muçulmanos se descrevem oficialmente como um grupo não violento, comprometido com a democracia. Entretanto alguns analistas consideram que suas conexões com o mundo árabe põem em dúvida esta posição por seu papel histórico, claramente estabelecido, como fonte de inspiração para virtualmente todos os movimentos políticos radicais islâmicos que existem.
Além disso, o grupo considera que o Islã é "o único ponto de referência no Egito".
Para Issam Bishara "os cristãos coptos, assim como os armênios, os ortodoxos gregos, os latinos, os maronitas e os melquitas Greco-católicos, temem todos um destino similar ao dos cristãos no Iraque" onde Al Qaeda os classificou como "alvos aonde quer que se encontrem".
Bishara disse além que o vazio de poder no Iraque "deixou suas minorias, especialmente os cristãos, marginados e expostos ao terror dos extremistas e criminosos islâmicos".
Por outro lado, Nina Shea, uma defensora dos direitos humanos à frente do Hudson Institute's Center for Religious Freedom em Washington, D.C. (Estados Unidos) pediu ao Ocidente olhar com muita precaução a entidade Muslim Brotherhood.
"Eles começaram no Egito, durante a década de 20, com tendências e táticas violentas. Mudaram-nas para ser moderados, mas em lugares como Gaza ou Sudão, foram tudo menos isso".
Em caso de que os Irmãos Muçulmanos cheguem ao poder, disse, os cristãos poderiam terminar vivendo como "dhimmis", uma categoria islâmica que faz que os não muçulmanos não gozem de muitos amparos legais.
Se acontecer assim, explicou a perita, o governo não precisa perseguir os cristãos em nenhuma instância. Ao contrário, para seus fins bastaria ignorar ou permitir de maneira tácita a violência religiosa e a repressão por outros segmentos da sociedade.
Quase dois terços dos cristãos no Meio Oriente vivem agora no Egito. Por isso, disse Shea, a ascensão ao poder dos Irmãos Muçulmanos poderia ter conseqüências trágicas para os cristãos em toda a região.
"Poderíamos assistir virtualmente o fim da presença nativa dos cristãos no Meio Oriente, mais rápido do que se pensa".
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