“Consciência é a voz de Deus na natureza e no coração do
homem... A Consciência é o vigário primitivo de Cristo, um profeta nas
informações, um monarca na peremptoriedade, um padre nas bênçãos e
anátemas... A consciência tem seus direitos porque tem seus deveres...
Aquele que age contra a sua consciência perde a alma”. |
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O teólogo e escritor John Henry Newman
foi o clérigo mais eminente da Inglaterra do século XIX. Nasceu em
Londres no dia 21 de fevereiro de 1801. Sua família era de origem
calvinista, sendo a mãe, Jemina Fourdrinier, uma huguenote e o pai, John
Newman, um cristão com opiniões tolerantes a respeito de religião.
Newman fez os estudos superiores na Universidade de Oxford e foi
ordenado pastor da Igreja Anglicana em 1824. Se converteu ao catolicismo
em 1845, recebendo a ordenação presbiteral, como sacerdote da
Congregação do Oratório de São Felipe Neri, em Roma no dia 30 de maio de
1847. Foi criado cardeal diácono pelo papa Leão XIII em 12 de maio de
1879, antes da hierarquia católica ser reconstituída na Inglaterra.
Faleceu em 11 de agosto de 1890.Ainda como padre anglicano, Newman
passou muito tempo dentro do campus da Universidade de Oxford como
membro do Oriel College e vigário da Igreja universitária de St. Mary.
Durante seu período anglicano apoiou a emancipação católica de 1829 e
foi líder do chamado Movimento de Oxford, promovendo um grande movimento
religioso anti-racionalista e defendendo o rompimento dos laços entre a
Igreja da Inglaterra e a coroa, por acreditar que o controle estatal da
Igreja nunca serviria aos interesses da verdadeira religião.Após sua
conversão ao catolicismo, Newman tomou a defesa dos direitos dos leigos
contra o clericalismo e defendeu as artes liberais contra os membros do
clero que desejavam restringir o acesso dos estudantes aos novos
conhecimentos por medo de que tais idéias acabassem com a fé. Por
intermédio do testemunho de vida, da ação pastoral e dos escritos,
devolveu a fé católica muito do prestígio perdido nas terras inglesas em
conseqüência da Reforma Protestante.Na clássica autobiografia, Apologia
Pro Vita Sua, Newman contrastou o liberalismo teológico fundamentado no
relativismo com a espécie de reforma da Igreja que apoiava, ao chamar
os católicos liberais de “Lacordaire” e os indivíduos que admirava de
“Montalembert”. Newman, ao defender que o catolicismo deveria buscar uma
conciliação com os valores positivos da modernidade sem abandonar o
compromisso com a verdade, foi um precursor do Concílio Vaticano II.No
campo político Newman defendia que o fundamento da paz está em
“reconhecer que a verdade como tal deve guiar quer o comportamento
político quer o privado... e que o zelo, na escala das graças cristãs,
tinha a prioridade sobre a benevolência”. Apesar de nunca ter sido ativo
na política, Newman sustentava e expressava suas opiniões políticas na
esfera privada, tendo ao longo de sua vida apoiado o partido liberal de
William E. Gladstone (1809-1898). Como colaborador próximo de Lorde
Acton (1834-1902) na publicação do The Rambler, indicava sua simpatia
liberal nos assuntos de Igreja e de política. Foi um dos primeiros
opositores do envolvimento da Igreja nos assuntos temporais e
responsável, em grande parte, por convencer o jovem Acton nesta
posição.O apostolado exercido por Newman em prol da inteligência cristã
foi intenso e variado, versando sobre campos distintos como a teologia, a
filosofia, a literatura, a história e a espiritualidade. Suas obras
completas atingem a extensão de 37 tomos e os arquivos da Congregação do
Oratório em Birmingham conservam 70.000 cartas que ele escreveu. As
obras que publicou sobre a Universidade de Dublin tornaram-se clássicas
para a literatura católica e um ponto de referência pedagógico para
educadores de diferentes tradições intelectuais, até mesmo para
pensadores ateus. Os seus Sermões espelham uma sólida piedade e grande
amor pelas almas.No campo pedagógico, Newman defendia que o saber é um
fim em si mesmo, pois toda espécie de saber traz sua própria recompensa,
mesmo que o estudante não faça disso nenhum uso posterior e que o saber
não contribua para nenhum fim imediato. A função da Universidade, nesta
perspectiva, não seria a de formar profissionais específicos, deveria
promover a formação integral da pessoa, pois, para Newman, “a
inteligência em vez de ser formada ou sacrificada a qualquer fim
particular ou acidental, a qualquer estado ou profissão específica, a
qualquer estudo ou ciência particular, é disciplinada por si mesma, pela
percepção de seu objeto próprio e pelo nível mais elevado de sua
própria cultura”.A sabedoria e a ortodoxia do Cardeal Newman foram
louvadas por quase todos os pontífices romanos desde Leão XIII. Newman
foi considerado por Pio XII como uma “Glória da Inglaterra e de toda a
Igreja”. Dentre inúmeros elogios feitos ao Cardeal Newman por João Paulo
II, destaca-se a referência como “um dos campeões mais universais e
ilustres da espiritualidade inglesa”. Já o papa Bento XVI, ainda como
Cardeal Ratzinger na Congregação para a Doutrina da Fé, afirmou que
“Newman pertence deveras aos grandes doutores da Igreja, porque ele toca
ao mesmo tempo o nosso coração e ilumina o nosso pensamento”, além de
ressaltar que “o contributo de Newman ainda não foi completamente
utilizado nas teologias modernas”. |
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Cardeal Newman (1801-1890)
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