GRAMSCI,
TRABALHO E EDUCAÇÃO.
No Brasil dos anos 1970, emerge uma moda gramsciana, pois esta teoria
remeteria a uma guerra de posição, já que os movimentos comunistas tradicionais
(PCB) e radicais (Luta Armada) – guerra de movimento – haviam fracassado.
Gramsci aparece como um revolucionário moderado, mas adequado à situação de
“abertura gradual” e conservadora no Brasil (cf. Nosella, 1992). Ele emerge em conjunto
com o movimento de luta democratizante, sendo o ícone da guerra de posição, a
luta anti-hegemônica, da disputas pelos pequenos espaços na sociedade civil.
Gramsci torna-se paradigmático na pedagogia brasileira através do
surgimento da pedagogia histórico-crítica, que tem como principal teórico e
fundador o Professor Demerval Saviani, que lança suas bases nos artigos que
depois foram reunidos no livro Escola e Democracia (2008). Esta corrente
pedagógica influencia a maioria dos trabalhos teóricos de orientação marxista,
atualmente, no Brasil.
Nosella, em um artigo recente, relembra as discussões do período de
formação da corrente pedagógica aqui referida:
Teoricamente, o debate dos educadores encontrou nos escritos
de Antonio Gramsci um grande alento. Presenciamos a uma verdadeira
“gramscimania”, isto é, a uma excepcional difusão dos escritos desse
intelectual marxista italiano. Calcula-se que mais de 40% das dissertações e
teses de pós-graduação em educação, produzidas na década, citavam Gramsci como
principal referência teórica. Suas frases eram citadas, em epígrafe, nos
projetos ou nas propostas de política educacional de várias secretarias de
Educação, estaduais e municipais. O nome de Gramsci era citado com grande
freqüência nos congressos e nas reuniões das várias associações científicas e
sindicais dos educadores. A literatura sobre ele e dele era sempre bem-vinda e
até mesmo bem vendida.
Excertos de um artigo escrito por um professor marxista,2010.
Comento:
Engana-se quem pensa que a crise do bloco socialista e o fim
deste sistema no Leste europeu e em diversos países, o fim da URSS e da Guerra
Fria nos anos 1980 e 1990 fizeram desaparecer as ideologias marxistas. A falta
de liberdade e as crises econômicas provocaram manifestações populares e a
derrocada dos regimes socialistas, a transição nestes países para a democracia
e a economia de mercado, mas os textos acima deixam bem claro que as ideologias
marxistas continuam hegemônicas como critério de análises das ciências sociais
nas universidades.
Com a baixa do marxismo-leninismo, as vertentes do chamado
marxismo cultural, construído por teóricos como Gramsci, Lukács e pelos membros
da Escola de Frankfurt (Herbert Marcuse, Walter Benjamin, Adorno e outros) a
partir das décadas de 1920 ganharam força após os anos 1970 e passaram a ter
grande influência nas universidades. Vale dizer que continuam fiéis aos
princípios marxistas como o materialismo histórico e a luta de classes, mas
apregoam uma revolução cultural, não armada, definida como "guerra de posição" pelo próprio Gramsci, através da conquista de espaços
nas universidades e na mídia para transformar a mentalidade ocidental, acusada
de alienação pelos seus três pilares fundamentais: Cristianismo, Direito Romano e
cultura clássica.
No caso do texto citado fica bem claro esta influência na
Pedagogia, mostrando a hegemonia da esquerda também nos que pensam a educação
no Brasil. Esta é a Pedagogia que orienta a formação de professores no país, a
elaboração de livros didáticos, as questões de vestibulares e os Parâmetros
Curriculares Nacionais, que se baseiam no relativismo cultural, multiculturalismo,
laicismo e materialismo. É aí que se fundamentam as hostilidades contra a
Igreja e seus valores, pois que são contrários a tal mentalidade. Por isso é que
a Igreja é ridicularizada e a tal pedagogia tradicional, muito influenciada
pelos princípios cristãos, citada como retrógrada, ultrapassada e até
prejudicial para a aprendizagem.
Professor Faria
Professor Faria
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