Acabo de ver a lamentavel proposta curricular para o 
programa de sociologia para o nível médio do Rio de Janeiro. É um 
conjunto  desastroso de idéias gerais, palavras de ordem e ideologias 
mal disfarçadas que confirmam as piores apreensões dos que, como eu, 
sempre temeram esta inclusão obrigatória da sociologia no curriculo 
escolar.
É difícil saber por onde começar a crítica.   Faltam 
coisas essenciais como familia e parentesco, educação, socialização, 
estratificação social, mobilidade, criminalidade, religião, burocracias,
 modernidade, opinião pública, instituições. Na parte de “sociedade 
democrática”, nao há nada sobre instituições políticas,  sistemas 
políticos comparados, participação politica, sistemas eleitorais, 
partidos políticos, populismo, fascismo.  Nao há nada mais conceitual 
sobre teoria sociológica, suas correntes, etc.  Nao há sequer algo sobre
 direitos civis, sociais e humanos.
Por outro lado, sobram bobagens como “compreender e 
valorizar as diferentes manifestações culturais de etnias, raças (negra,
 indígena, branca) e segmentos sociais, agindo de modo a preservar o 
direito à diversidade, enquantoprincípio estético(sic) que 
pode incentivar a tolerância, mas que em alguns casos pode gerar 
conflitos”, ou “compreender que a dominação européia expressa pelo 
colonialismo e pelo imperialismo é a causa fundamental das desigualdades
 sociais”  ou ainda “construir a identidade social e política atuante e 
dinâmica para a constante luta pelo exercício da cidadania plena”, e 
trivialidades como “perceber a importância do trabalho para a 
sociedade”. Quem quiser ver o texto completo da proposta pode baixá-la da Internet aqui.
A sociologia, quando bem dada, mostra para as pessoas 
que existem muitas maneiras diferentes de entender o mundo. Este 
programa visa o contrário, ou seja, inculcar nos jovens uma visão de 
mundo particular e empobrecida.
Temo que os programas que estão sendo feitos para outros
 estados poderão parecidos, ou piores. Penso que a Sociedade Brasileira 
de Sociologia, ou os sociólogos mais ativos que a compõem, deveriam 
tomar uma posição pública sobre isto, inclusive sugerindo um programa 
minimo mais razoável. Não seria difícil, existem muitos bons exemplos na
 internet, inclusive o sumário da Wikipedia
em português, que podem servir de referência.
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