sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A Escola de Frankfurt





Escrito por Ipojuca Pontes   
Terça, 17 de Julho de 2007 00:00
Quando o industrial alemão Hermann Weil, explorador do trigo e da mão-de-obra barata da Argentina, financiou em 1923 a emergente Escola de Frankfurt e sua “Revista de Pesquisa Social” – aglutinadoras de intelectuais de esquerda insatisfeitos com o rumo da Revolução Soviética de 1917 - jamais poderia imaginar que sua grana fértil se tornaria, em meados do século 20, propulsora do movimento da contra-cultura, cujo objetivo final continua sendo o questionamento e a rejeição dos valores erguidos pela civilização ocidental e cristã.


O industrial Weil, judeu de boa cepa, pretendia ajudar a promover o “pluralismo de concepções e interpretações da modernidade” sem nenhum parti pris ideológico ou a predominância de qualquer tipo de doutrina. Em vez disso, o “inocente útil” só fomentou o fenômeno da contestação cultural e suas distintas formas de sub-cultura, tais como, por exemplo, o movimento hippie com o seu permanente apelo ao consumo da maconha, ácido lisérgico, rock, vagabundagem, promiscuidade sexual e, mais tarde, no campo do pensamento e da criação artística, a “desconstrução” dos textos filosóficos e literários caros ao mundo ocidental. Com efeito, desde o início, a Escola de Frankfurt tinha em vista a “desestruturação” de idéias e valores até então estabelecidas.


Na raiz deste vasto somatório desagregador predomina sempre o pensamento revolucionário de Karl Marx e suas nebulosas interpretações econômicas e “filodóxicas”. Como se sabe, o pensador alemão, em O Capital, denuncia a mais-valia (hipotético suplemento do trabalho não remunerado) e o modo de produção capitalista como fontes da alienação humana. Marx considera que a divisão do trabalho no capitalismo produz coisas separadas dos interesses e do alcance de quem as produz, transformando tudo em mercadoria. Tal processo fomenta a alienação e, segundo ele, somente a propriedade coletiva dos bens de produção (comunismo), ao eliminar a propriedade privada, pode “desalienar" o homem. Utopia marxista, quantos genocídios foram cometidos em teu nome!...


(Depois das críticas devastadoras dos economistas da escola austríaca e de Eugen Böhm-Bawerk à teoria de valor-trabalho de Ricardo, na qual se inspirou para criar a sua teoria econômica, Marx, na revisão final de suas “Grundrisse”, refreia a ilusória decantação da mais-valia para dar ênfase ao exame da alienação no modo capitalista de produção).


Nas primeiras décadas do século 20, com a derrota dos movimentos proletários de esquerda e a ascensão de Hitler na Alemanha, em 1933, a Escola de Frankfurt (ou Instituto de Pesquisas Sociais) se transfere para Genebra, depois para Paris e, finalmente, encontra pouso em Nova York. Auferindo contribuições financeiras das universidades burguesas, os seus integrantes, bem remunerados e protegidos, puderam dar continuidade às formulações da Teoria Crítica, de natureza anti-capitalista, originárias das “descobertas” de Marx.


Mas, aqui, um dado novo se apresenta: a Escola de Frankfurt despreza os achados econômicos de Marx (e os planos de desenvolvimento traçados pela burocracia bolchevique) e investe tempo e dinheiro no exame da teoria da alienação, agora expressa na avaliação do fenômeno da “reificação” dos bens de produção da sociedade capitalista, na qual o ser humano se transforma em mercadoria e a sua subjetividade fica reduzida à condição de “mero objeto”. Em cima desse trololó materialista, que despreza a vinculação do homem com a transcendência, Theodor Adorno, o mais ativo dos intelectuais frankfurtianos, ensina que no mundo “reificado” pela supremacia do capitalismo, o “homem perde a consciência de si mesmo e se coisifica”.


O próprio Adorno, na sua obra “Dialética Negativa”, pelos recursos do que chama “noção da ênfase dramática”, reverbera em termos críticos que “o mundo e as consciências vivem alienadas e não têm mais salvação”, apontando “a concentração do capital, o planejamento burocrático e a máquina reificadora da cultura de massa” como forças “destruidoras das liberdades individuais”. No que se refere explicitamente à cultura de massa, Adorno, que estudou composição e escreveu sobre música, acreditava na preservação da arte de vanguarda - subversiva e desestabilizadora - como o único ponto de resistência à homogeneização da indústria cultural.


Neste particular, Hollywood é apontada por Adorno como a própria fonte da alienação: ao fugir da individuação artística e explorar as formas padronizadas de divertimento, a indústria cultural exclui a possibilidade da auto-emancipação pelo pensamento crítico transformador. Para o pessoal da Escola de Frankfurt e seguidores, o lazer de Hollywood apenas “aliena as pessoas das pressões básicas que atuam sobre suas vidas”, produzindo, assim, o “cimento social” para sustentar a ordem existente. (Uma falácia, claro, pois Hollywood concentra hoje o maior número de esquerdistas por metro quadrado da face da terra).


Como já foi dito, o pensamento da Escola de Frankfurt perpetua, no plano cultural, a gororoba revolucionária de Marx, sob a capa do aprofundamento de uma nova visão crítica. Max Horkheimer, Walter Benjamin, Adorno, Eric Fromm, Marcuse, Habermas – alguns filhos de banqueiros, outros de prósperos comerciantes burgueses – laboraram dia e noite contra o que consideram a “estrutura dominante” da sociedade industrial contemporânea, dentro e fora dos Estados Unidos. Com isso, pretendem minar a força do capitalismo e contribuir para forçar as transformações na “irradiação da consciência e ação revolucionárias”.


Hoje, o fenômeno hippie teorizado pela Escola de Frankfurt veste o manto do “politicamente correto”, em especial na difusão e ação do eco-terrorismo, movimento gay, neo-racismo, descriminalização da droga, abortismo e todo um vasto leque de frentes minoritárias cujo objetivo é triturar as instituições criadas pela civilização ocidental - incluindo-se ai Deus, Pátria e Família.

Fonte: MidiaSemMascara.org

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